Ubisoft sob pressão: Direção de Yves Guillemot sob ameaça e investidores exigem mudanças
Queda nas ações e desempenho abaixo do esperado.
A recente queda das ações da Ubisoft voltou a levantar questões sobre a saúde da gigante dos videojogos. Um artigo de opinião de Rob Fahey, publicado no Gamesindustry.biz, levanta importantes questões sobre o estado da empresa e as causas dos seus problemas financeiros. De acordo com Fahey, a Ubisoft parece estar à deriva, enfrentando não só concorrentes mais fortes, mas também dificuldades internas na gestão dos seus produtos e da sua produção.
Desde a sua estreia na bolsa, há quase três décadas, a Ubisoft esteve sempre sob ameaça de aquisição, com a Electronic Arts em 2004 e mais tarde com a Vivendi, numa tentativa de aquisição que durou três anos. Apesar de ter conseguido afastar estas tentativas, sobretudo com a intervenção de gigantes como a Tencent, a Ubisoft ficou com uma herança de valorização das ações. O fim desta batalha com a Vivendi resultou numa inevitável regressão do valor das ações, que têm vindo a cair acentuadamente desde 2021.
Um ponto-chave destacado por Fahey é o fraco desempenho comercial da Ubisoft em comparação com outros grandes atores do sector. Apesar de possuir franquias de renome como Assassin's Creed e Tom Clancy, a empresa não conseguiu criar um “gigante financeiro” comparável a títulos como Call of Duty da Activision ou os jogos de desporto da EA. Esta lacuna estratégica tem sido um problema evidente, com sucessivos fracassos nas tentativas de lançamento de novas propriedades intelectuais, como o célebre caso de Skull and Bones e o lançamento comercialmente dececionante de Star Wars: Outlaws.
Fahey também menciona a pressão dos investidores ativos, que recentemente sugeriram uma aquisição privada como solução para os problemas da Ubisoft. No entanto, adverte que esta proposta, centrada na venda de ativos e no corte de pessoal, seria desastrosa para a empresa a médio prazo. Embora a carta aberta do investidor tenha pouco valor estratégico, Fahey reconhece que o diagnóstico principal - de que a Ubisoft está a enfrentar grandes dificuldades - não é totalmente incorreto.
A falta de uma liderança editorial eficaz é outro problema apontado, com a Ubisoft a tomar decisões que parecem mais reativas do que planeadas. A empresa é acusada de investir em demasiados projetos sem uma direção clara, o que se reflete nos números, com a empresa a ter um desempenho inferior em métricas como as receitas por trabalhador e por título lançado. Para Fahey, este é um problema que aponta diretamente para o topo da empresa: O CEO Yves Guillemot, que lidera a Ubisoft há mais de 30 anos e continua a ser uma figura central no controlo da empresa.
Fahey argumenta que, embora Guillemot tenha sido um estratega hábil na proteção da Ubisoft contra aquisições, a sua capacidade de orientar a empresa em termos de decisões sobre produtos e estratégias comerciais está a ser questionada. Confrontados com um mercado cada vez mais competitivo, os investidores e as partes interessadas têm motivos para exigir uma demonstração clara de que a atual liderança é capaz de superar os problemas que a Ubisoft enfrenta.