Ultimate NES Remix - Análise
Os clássicos Nintendo de sempre como nunca os viu na portátil.
Confesso que foi para mim uma surpresa muito agradável quando numa Nintendo Direct no final do ano passado, a gigante de Quioto anunciou o jogo NES Remix para a Nintendo Wii U. Uma espécie de clássicos imperdíveis da Nintendo para antiga e saudosa consola 8-bit, redesenhados (e muitas vezes reinventados) sob a forma de pequenos, rápidos e desafiantes mini jogos perfilava-se como uma alternativa sólida ao registo previsível dos clássicos. Quase como nalguns níveis de Super Mario Galaxy ou Super Mario 3D World, que nos invadem pela nostalgia da mecânica e conceito mas com um design moderno. Lançado o primeiro tomo de NES Remix no princípio do ano - uma criação dos pupilos de Yoshiaki Koizume durante as horas livres - para a Wii U, não tardou até ser anunciada e editada a sequela, que veio proporcionar mais jogos e desafios.
O conceito NES Remix é uma fórmula virtuosa, capaz de reacender o interesse dos jogadores pelos clássicos, redefinindo-os como desafios curtos e rápidos. A Nintendo soube apelar aos jogadores. Com as tabelas de liderança para todos os mini jogos e com um tempo muito limitado para cada desafio, ao invés das "speed runs" dos clássicos ou daquelas tardes gastas a acabar um jogo clássico mas sem possibilidade de partilha dos resultados, ver como um dos nossos amigos ou um dos melhores no ranking passou o nível, alarga a competição. Ao contrário dos clássicos, estes mini jogos tanto funcionam em períodos de tempo longos, porque passamos mais tempo a superar um recorde ou a conseguir o máximo de estrelas naquele desafio mais complexo, como também funcionam em pequenos períodos de tempo, podendo mudar de nível ou jogo como quem possui uma dezena de canais televisivos e muda de canal à distancia de um clique, para encontrar um novo desafio. E sempre geram mais alguma nostalgia, convidando o utilizador a experimentar alguns a partir da eShop.
Depois de dois jogos para a Wii U e quando já todas as atenções dos fãs desta iniciativa se concentram numa nova remistura de clássicos para a SNES, a Nintendo edita uma versão para a 3DS denominada Ultimate NES Remix que não acrescenta novidades aos conteúdos anteriores e mais funciona como uma revisão de conteúdos previamente editados, reunindo alguns dos melhores jogos que funcionaram anteriormente, assim como os seus desafios. Na transição para a plataforma portátil perderam-se algumas ferramentas de interacção do jogo, especialmente no âmbito do Miiverse, com o desaparecimento dos selos que permitiam a criação de posts originais.
O jogo é todo igual às versões anteriores e funciona perfeitamente na 3DS, o que é revelador do bom trabalho da equipa que converteu o jogo e que pode seduzir os jogadores que ainda não puderam jogar NES Remix na Wii U.
Quanto ao conteúdo, Ultimate NES Ramix oferece 16 jogos, valendo a pena mencionar que nem todos se encontram disponíveis na fase inicial. Os jogos são desbloqueados à medida que reúnem estrelas depois de completados os mini jogos. O número de mini jogos disponíveis num jogo é variável e aqueles são compostos por um pequeno conjunto de desafios escalonados numa ordem de dificuldade gradual, devendo o jogador lutar contra o tempo e resolver os objectivos designados assim que soar a sineta. Sendo lesto e certeiro nos objectivos, a pontuação dada será a máxima, três estrelas. Se forem mesmo rápidos podem até obter um arco-íris à volta de cada uma, sinal de um resultado perfeito.
A consulta das "leaderbords" é um óptimo meio para manter o interesse no jogo. Desde logo porque nos deixa ver como os peritos conseguem a melhor pontuação (o vídeo é mostrado na íntegra, do primeiro ao último desafio), como ajuda a desbloquear aquela especial dificuldade nalgum desafio. Com uma lista dos dez melhores em termos regionais, assim como os tempos e prémios dos amigos, há um ganho na partilha dos "scores" e um incentivo para melhorar os nossos resultados. Falta porém uma tabela de classificação mundial.
Todos os mini jogos prendem-se aos momentos e contextos específicos dos originais, mas também incorporam muitas alterações, especialmente na secção Remix, composta por mais de vinte mini jogos, como o nível em Super Mario Bros sem iluminação frontal e percorrido e com a claridade em fundo a revelar somente os contornos, ou o ataque a um dos filhos de Bowser em Super Mario Bros 3 com os holofotes num rodopio a dificultar o acompanhamento do adversário. Entre os jogos clássicos, os desafios também são diferenciados. Derrotar Gombas em estado de invencibilidade, destronar um oponente em Punch-Out, obter as chaves em The Legend of Zelda. A lista de clássicos prossegue e recupera Metroid, Kid Icarus, Dr. Mario e muitos outros. A oferta de jogos é boa e desbloquear todos os desafios e terminá-los na pontuação máxima é um desafio constante, mas infelizmente não há grandes novidades nesta incursão.
As únicas excepções são o Speed Mario Bros e o Championship Mode. No primeiro modo vão jogar o clássico da NES a um ritmo acelerado, como se estivessem em "fast forward". É uma diferente interpretação do mesmo clássico disputado em Nes Remix 2 com Luigi, em modo espelho, e que se projecta como um desafio particular, pois o movimento da personagem também se encontra acelerado causando assim mais dificuldades. Vale pelos efeitos distintos provocados numa mecânica clássica. O modo Championship também regressa, com novos jogos e desafios, levando o jogador a ultrapassar três degraus de dificuldade crescente, na tentativa de obter uma grande pontuação. Também aqui terão uma tabela de liderança à disposição.
A boa conversão de um título que começou como exclusivo Wii U poderá despertar interesse naqueles jogadores que por alguma razão não puderam jogar alguma das versões anteriores e cuja ideia de revisitação dos clássicos, sob forma de múltiplos e cirúrgicos desafios se oferece como ponto aliciante. De outro modo, Ultimate NES Remix entra nesta estratégia de convergência entre Wii U e 3DS como uma revisão mínima, com ausência de novos conteúdos que dariam a esta edição Ultimate o relevo de uma edição definitiva. O conceito apelativo continua e nalguns desafios revela subtilezas e elegâncias que elevam os clássicos a um patamar único, mas a margem para surpresa neste acervo de clássicos da NES remisturados já não é tão grande.