Uncharted 4 com mais liberdade e exploração
A Naughty Dog mostrou-nos uma área diferente dos jogos anteriores.
Quando se fala em Uncharted, a primeira coisa que me vem à cabeça é um jogo linear mas altamente cinematográfico e coreografado. Afinal, foi com esta fórmula que a Naughty Dog conquistou milhões de fãs na geração da PlayStation 3 com as aventuras de Nathan Drake. Seria de esperar que a mesma fórmula fosse replicada na PlayStation 4, sendo a principal diferença uma qualidade gráfica superior. Todavia, não foi isto o que o estúdio mostrou num evento que decorreu recentemente em Madrid, em que os convidados tiveram a oportunidade de jogar uma pequena parte da história.
A parte à qual tivemos acesso era mesmo curta. Era possível chegar ao fim em cerca de 10 minutos, no entanto, foi o suficiente para ficarmos surpreendidos com o que a Naughty Dog criou. Esta parte da história decorria em Madagascar e à primeira vista assemelha-se a um jogo em mundo aberto. Na realidade, o termo mais apropriado para esta secção é semi-mundo aberto, já que não podemos propriamente ir para onde queremos e há um caminho definido que temos de percorrer para progredir. Ainda assim, é completamente diferente do que já vimos em Uncharted's anteriores. Aqui temos um Jeep todo o terreno ao nosso dispor e existem algumas áreas secundárias que podemos visitar para encontrar tesouros.
Nathan Drake está acompanhado pelo seu velho amigo Sully e o seu irmão Sam. Antes que se entusiasmem erradamente, que fique desde já esclarecido que não há modo cooperativo para a história. As duas personagens que acompanham Nathan Drake são controladas pela inteligência artificial. Embora em Uncharted 3 houvesse secções em modo cooperativo, Ricky Cambier, lead designer da Naughty Dog, disse-me que desta vez preferiram concentrar-se numa experiência tradicional a solo, e para aqueles que querem jogar com outras pessoas, existe o multijogador. Quanto ao comportamento de Sully e Sam, estes não se metem no nosso caminho, mas pouco nos ajudam a despachar os inimigos.
Na primeira parte desta demonstração, que está muito próxima da versão final, podíamos percorrer as paisagens selvagens de Madagáscar. A primeira coisa que salta logo à vista são os gráficos luxuosos. A vegetação verdejante em contraste com a terra avermelhada dão ao jogo uma palete de cores viva, enquanto os efeitos da lama e da água ajudam ao realismo. Em adição também temos alguns pormenores das animações. O Jeep conta com um bidão a baloiçar de um lado para outro na parte de trás, bem como uma grande antena que não para quieta devido aos solavancos causados pelo terreno acidentado. Temos que destacar ainda o avançado sistema de iluminação, que dá origem a imensas sobras quando embate nas árvores e torna a lama reluzente.
A área inicial não nos deixava ir para onde queríamos, já que existiam barreiras naturais devidamente colocadas, mas é muito maior qualquer outra área vista nos jogos anteriores da série. Também não existia qualquer objectivo assinalado nem ajudas, cabendo-nos descobrir o caminho para progredir. Esta liberdade e exploração casam muito bem com o nome da série, mas ainda assim, não largou os seus velhos truques. Ao atravessar uma antiga ponte de madeira, esta começa a cair a meio, por mais cuidado que tenham. Os momentos "scriptados" sempre foram comuns nos jogos anteriores, às vezes até em demasia, mas nesta sequência, este foi o único ao qual assistimos.
Depois desta secção inicial de exploração, as surpresas de Uncharted 4 não terminaram. Um pouco mais à frente encontramos um grupo de soldados a guardar uma ponte pela qual temos de passar para progredir. Esta parte serviu para mostrar as novidades que existem no combate. A liberdade é a palavra-chave, já que a Naughty Dog permite-nos escolher como queremos abordar os inimigos. Podemos ser sorrateiros e eliminar os soldados um a um, ou entrar a matar. Algo que não existia nos jogos anteriores era a opção de marcar os inimigos. Agora, apontando a arma e carregando no R3, os inimigos ficam marcados, sendo assim mais fácil saber o seu posicionamento.
"O que jogamos de Uncharted 4 soube a pouco, mas deu para ver que a Naughty Dog não se limitou a fazer mais do mesmo."
Excluindo estes pormenores, como a marcação de inimigos e a possibilidade de nos escondermos na vegetação, Uncharted 4 continua muito semelhante aos seus antecessores no combate. Nathan Drake é extremamente hábil, conseguindo trepar muros e torres numa questão de segundos. No combate também verificamos que continuam a existir várias animações de situação, que acrescentam realismo mas por vezes causam que a personagem se comporte de forma estranha. A maior adição de peso é um chicote ao estilo de Indiana Jones que permite a Nathan Drake amarrar-se a locais específicos do cenário e baloiçar. Esta é uma boa forma de escapar ao tiros dos adversários, mas também podem recorrer ao chicote para derrubar inimigos com grande estilo.
O que jogamos de Uncharted 4 soube a pouco, mas deu para ver que a Naughty Dog não se limitou a fazer mais do mesmo. Claro que existem muitas semelhanças com os anteriores e obviamente que a fórmula continua em grande parte a mesma, mas esta secção de exploração apanhou-nos de surpresa. É curioso que a Naughty Dog tenha escolhido esta parte para demonstrar aos convidados, invés de optar por uma secção mais tradicional, tal como já vimos em alguns trailers. Seja como for, em termos de dimensão, a Naughty Dog garantiu-nos que este será o maior jogo da série até agora, ultrapassando o que foi feito na PlayStation 3. Agora resta aguardar pacientemente até que a versão final nos chegue às mãos.