Urge renovar o design da eShop da Switch
O grande número de jogos disponíveis justifica uma montra melhor organizada.
Todas as semanas, normalmente às quintas-feiras, chegam novos jogos em formato digital à eShop da Nintendo Switch. A eShop é a loja online a partir da qual podemos comprar não só os jogos exclusivos do digital como as versões em formato digital dos lançamentos "third" e "first party". Desde o lançamento da Switch, quase há um ano, que a cadência e volume de lançamentos se mantém. Por esta altura, com menos de um ano de existência, a Switch ultrapassou já as vendas da Wii U e terá no mesmo período suplantado em número de jogos a consola predecessora.
É um registo que vem confirmar o bom momento da consola híbrida da Nintendo, invertendo o ciclo do anterior sistema. Mas será que a Nintendo está a gerir da melhor forma o ritmo vertiginoso de lançamentos na sua loja online? Muita quantidade ou abundância nem sempre é sinónimo de qualidade. Alguns títulos fazem a viagem de outros sistemas e plataformas, sobretudo dos ecrãs tácteis dos smartphones e tablets. Há jogos cujo lançamento noutros sistemas ocorreu há um ou mais anos e que agora se revitalizam, mas também há muitos "indies" e produções menos conhecidas que procuram o seu espaço.
Não deixa de ser perceptível, no entanto, um certo afunilamento, um acumulado de jogos numa eShop cujo design genérico talvez já não seja o mais indicado para escoar tão grande oferta, pelo menos para a publicitar convenientemente. Já aqui aludimos a jogos que se enquadram em diversos segmentos. Do retro, passando pela linha ACA Neo Geo cujo sucesso leva a companhia japonesa Hamster a lançar semanalmente um novo jogo (de forma ininterrupta desde o lançamento da Switch), até aos recentes lançamentos da Zerodiv (quase todos jogos da Psikyo), há uma concentração de jogos que beneficiariam em seguir um melhor acondicionamento.
Ao percorrermos os jogos disponíveis na eShop parece que estamos a verificar uma lista com destaque para as imagens, das mais recentes para as mais antigas. A interface é rápida e o acesso ao jogo que pretendemos não é muito demorado se soubermos o título no quadro da procura imediata. Claro que existe um motor de pesquisa que nos deixa pesquisar por categorias e conhecer melhor as propostas disponíveis, mas a vantagem num sistema com melhor design em enquadrar produções como arcade, indie ou retro, através de botões com toda uma artwork, seria uma melhor forma de os promover.
Parece faltar uma montra tentadora, capaz de persuadir o utilizador a adquirir este ou aquele jogo. De certo modo, a eShop da Nintendo Wii U era bem diferente. Bastava um "scroll" vertical para descobrirmos categorias, botões grandes para um género específico de jogo, vídeos e outras coisas atractivas que despertavam o nosso interesse só num acto de pesquisa. Até mesmo na Virtual Console da Wii U existia um alinhamento de consolas retro.
A Nintendo teria muito a ganhar em renovar rapidamente a sua montra de jogos. Actualmente, a eShop parece uma extensa e quase infindável lista, na qual de forma indiscriminada, proliferam retro e moderno, um clássico da Neo Geo e um clássico da Psikyo separados por um "retro indie". Este sistema cria uma certa dificuldade de escolha no utilizador, em distinguir a oferta que tem perante si e sobretudo em compreender o que pode comprar caso seja um utilizador recente. Uma loja organizada por segmentos daria uma melhor visibilidade e tornaria mais atractivas algumas ofertas. Suponhamos um segmento para a linha de jogos ACA Neo Geo, dotado de um design e arte característico da consola da SNK que marcou a década de 1990.
O mesmo para os jogos lançados pela Zerodiv, ligados à temática "shmup" e correspondente segmento das arcadas japonesas, na qual os flyers (colocados nas cabines - as candy cab) eram autênticas obras de arte. Um espaço organizado dessa forma, com mais vídeos e frases sobre os jogos, produziria mais impacto junto dos utilizadores, levando-os a experimentar experiências que porventura desconheçam.
Até hoje ainda não encontrei uma "dashboard" tão referencial como a da Microsoft para a consola Xbox 360. À custa da larga experiência na produção do Windows, a equipa que desenhou a loja online da 360 alcançou um resultado fantástico. Percorrer as produções disponíveis para o Xbox Live Arcade, por exemplo, deixa claro como uma boa montra torna o produto mais apetecível. Há arte, imagens, fotografias e vídeo na apresentação dos jogos da eShop, mas falta um design mais robusto e sobretudo a criação de segmentos específicos. Claramente, a Nintendo necessita de rever urgentemente o design da sua eShop perante um número tão grande de jogos disponíveis. Com quase um ano de existência, a Switch tornou-se num sucesso, mas os jogos não podem continuar a chegar e a formar uma pilha na qual todos os géneros se misturam.