Virtua Tennis 2009
Diversão com a estagnação do outro lado do campo.
O modo Arcade é certamente familiar e leva-nos a enfrentar uma série de adversários em vários pontos do mundo sendo que no final vamos enfrentar a já tradicional personagem secreta que caso vencida, é desbloqueada. Um modo mais directo, rápido e propício para os que nada querem com a necessidade de criar uma personagem no editor para treinar e competir, mas sim utilizar os atletas de renome e licenciados que agraciam o jogo. Nomes como Rafael Nadal, Roger Federer, Andy Murray, Maria Sharapova, Venus Williams ou Ana Ivanovic, entre outros, marcam presença em forma virtual e mesmo que a lista esteja bem composta, existem ainda alguns nomes importantes que ficaram de fora.
Com a crescente importância da componente online, também Virtua Tennis apresenta modos online que tal como na anterior edição, prometem tornar-se no principal atractivo a médio-longo prazo. Virtua Tennis sempre teve um sabor especial, melhor quando desfrutado na presença de amigos, e agora com a componente online vão poder manter esse gosto sempre presente. Jogos simples ou a pares, quatro amigos ou então contra completos desconhecidos, somos nós que ditamos como queremos que seja a experiência online e para os mais dedicados, as tabelas de pontuação mostram quem é quem no mundo do ténis virtual. Confesso que esta foi a maior fonte de divertimento e quando os modos para um jogador perderem a piada, algo que vai variar de pessoa para pessoa, o modo online assegura que a experiência continue divertida ou que pelo menos dê motivos para regressar.
Mesmo com tudo aquilo que de bom fez ao longo dos anos, Virtua Tennis nunca esteve imune a falhas e se elas eram suportadas muito é devido à sua jogabilidade. No entanto, apesar de continuar agradavelmente divertida e de certa forma recomendável, a jogabilidade de Virtua Tennis arrisca-se a caminhar para a zona de estagnação colocando-se num limiar perigoso entre arcade e simulação sem a nenhum agradar totalmente. Os que têm um primeiro contacto com o jogo ou os que à pouco começaram, não vão ter quaisquer dificuldades em tirar proveito da jogabilidade e divertirem-se, sendo precisamente assim que começamos a ficar cativados e aliciados. Com o decorrer vamos aprendendo e assimilando melhores formas de actuar, os tempos de resposta aumentam, a agilidade mental para reforçar comportamentos nos jogos melhora, aprendemos a contornar jogadas do adversário e aprendemos a montar armadilhas e a alterar a tendência do jogo. Um grande nível de profundidade que facilmente poderia ser ferramenta de um jogo de simulação mas a facilidade e naturalidade com que tudo é feito, a velocidade a que as coisas decorrem e os movimentos à disposição são os próprios de um jogo arcade e esta mistura, se bem que agradável e recomendável, acaba por não ser nova. Muitos vão mesmo sentir uma estranheza em verificar porque não acompanham certos elementos quando outros estão a apontar para a simulação. Outros podem mesmo estranhar que num jogo que se poderia ter como arcade é possível determinado nível de profundidade que no entanto não é levado mais longe ou mais abrangente.
A jogabilidade da série sempre assim o foi e apenas temos aqui um refinamento e algumas melhorias na jogabilidade base do jogo e se estão habituados ao anterior, o mais provável é que se sintam confortados. No entanto com o evoluir de alguns elementos torna-se mais difícil perceber porque é que outros não acompanham e porque é que tudo se apresenta demasiadamente familiar, ou talvez teimosamente por corrigir.
Graficamente conseguimos assistir a claras melhorias, mas se por um lado parece óbvio que existem, por outro não conseguimos deixar de perguntar se não estamos enganados. Algumas sequências e aspectos indicam claramente que sim enquanto que outras nos deixam a pensar que nada evoluiu. Os atletas apresentam-se mais detalhados, com novos movimentos a conferir maior realismo, mas o público pouco evoluiu e a sua interactividade continua altamente fraca. Apenas se levantam ou aplaudem em momentos pré-definidos e não conseguem aumentar a sensação de estarmos numa competição do mais alto nível. Cores e efeitos de iluminação não deixam enganar, estamos perante um jogo Sega e isso é parte do carisma da companhia. Os cenários, tal como todo o visual no seu geral, também partilham de um contraste. Algumas secções mostram um jogo melhorado e mais apurado mas outras estão tão simples e menos bem conseguidas quanto há 2 anos atrás. A inclusão de uma nova câmara é bem-vinda especialmente porque ao situar-se numa espécie de meio termo, entre as duas previamente existentes, se torna uma opção válida.
Fãs da essência arcade vão-se sentir pouco incomodados até porque as músicas continuam ao bom estilo Sega, mas outros vão começar a questionar se estão a jogar um jogo de ténis ou um OutRun, por exemplo. A resposta será que estão a jogar um jogo Sega que quer acima de tudo manter-se fiel às suas origens e padrões que tanto cativaram os fãs ao longo dos anos, mas se algumas escolhas podem ser justificadas com isso mesmo, outras já não. Os temas continuam do mais arcade que vão encontrar, sendo naturalmente uma questão de gostos, se bem que passado algum tempo nem vão notar nas músicas. A reacção do público é fraca. Apenas ouvimos o público quando alguém faz ponto ou ganha um jogo e é pena que não correspondam mais à realidade e não revelem emoção durante o decorrer das jogadas mais espectaculares. A única diferença é na intensidade dos festejos que variam consoante a categoria dos jogos.
Tudo se vai resumir ao que procuram no jogo. Se não estão preocupados com as características técnicas, se a falta de inovação não vos incomoda, se pretendem um jogo divertido e acessível fonte de grande entretenimento, especialmente em versus local ou online, então talvez Virtua Tennis 2009 seja o actualizar da série que não vão querer deixar escapar. Os que procuram algo melhor ou novidades substanciais, então devem encarar com algumas reservas esta nova edição do franchise da Sega que por enquanto ainda é de sucesso mas que vai depender muito do que faz de agora em diante para que assim permaneça.
Virtua Tennis 2009 é uma actualização da série e à excepção de pequenas melhorias e refinamentos, poucas novidades foram implementadas para que o tornem no que se poderia considerar uma verdadeira sequela. Fãs mais dedicados podem ficar desapontados com a falta de novidades e com a familiaridade em relação ao anterior, mesmo que continue tão divertido como sempre.