Virtual Console - Wii U
Os clássicos de sempre numa nova plataforma.
A Nintendo prometeu que ia disponibilizar o serviço de jogos clássicos Virtual Console da Wii para a Wii U. No último Nintendo Direct foi anunciado que o último update à consola iria trazer o serviço em pleno, abrindo portas aos clássicos, agora no conforto do ecrã do GamePad como alternativa ao televisor. Cumprida a promessa, é verdade que não é por esta ocasião uma novidade tão sonante como foi o lançamento da mesma plataforma para a Nintendo Wii, mas mesmo alguns anos depois, a validade desta linha de jogos clássicos mantém os seus argumentos e procura convencer os fãs e os jogadores que desconhecem um passado relevante desta indústria.
Quando em 2005 a Nintendo apresentou a VC como plataforma integrada na Wii capaz de correr não só os clássicos da Nintendo mas também jogos clássicos lançados para outras plataformas, nomeadamente da SNK e da SEGA, entre outras, abriu uma oportunidade de revitalização dos jogos retro, totalmente licenciada. Como quem entra numa biblioteca e pretende pesquisar pelos livros clássicos ou como quem pesquisa numa discoteca por discos de outras gerações, a ideia da Nintendo passava precisamente por facultar um acesso imediato às gerações 8 e 16 bit.
Ao passar para uma nova consola, a Nintendo Wii U não podia deixar de receber parte dessa estrutura, nem sequer interromper um ciclo merecedor de significado que passou por uma reposição muito grande de jogos retro lançados para várias plataformas. Além disso, a Virtual Console serve de introdução à origem da indústria, onde está o começo de muitas séries e géneros com influência nas recentes produções. Mas antes da Nintendo Wii U dar sequência à plataforma criada para a sua antecessora, a Nintendo 3DS foi a primeira portátil da Nintendo a beneficiar de uma estrutura de reposição de jogos clássicos.
Mas enquanto que a Virtual Console da Wiirecebeu sobretudo os jogos de consolas do mesmo formato, a Virtual Console da 3DS começou por receber muitos dos clássicos do Game Boy e posteriormente da GameGear, GameBoy Color, estando previstos jogos do GameBoy Advance, alguns disponibilizados pela Nintendo aos embaixadores da 3DS, os primeiros compradores da consola. A Nintendo desenvolveu até uma linha paralela de alguns títulos da Nintendo Entertainment System moldados ao efeito 3D, como Xevius ou Excite Bike. Na E3 de 2011 Reggie Fils-Aime dizia a respeito do último jogo: "still a blast". E com razão. Estas gemas do passado proporcionavam desafios árduos, como que talhados para satisfazer jogadores exigentes.
"Para os amantes do retro e coleccionadores de clássicos, a ausência dos cartuchos, caixas e manuais pode limitar o interesse, até porque há quem prefira jogar os clássicos nos respectivos sistemas ligados a televisores da época."
Para os amantes do retro e coleccionadores de clássicos, a ausência dos cartuchos, caixas e manuais pode limitar o interesse, até porque há quem prefira jogar os clássicos nos respectivos sistemas ligados a televisores da época. Porém, os jogos editados para a Virtual Console que a Nintendo disponibiliza agora para a Nintendo Wii U não são meros roms. Cada jogo possui integração imediata ao Miiverse, permitindo que os jogadores coloquem dúvidas sobre a passagem nalgum ponto e ainda comentem a progressão, nos exactos moldes com que o podem fazer para outros jogos. Além disso, há uma importante função exclusiva da Wii U, e esta consiste consiste em parar o jogo a qualquer altura através do botão home, para regressar mais tardee. Enquanto que para os jogos de cartucho essa opção não é possível, pelo menos nestas versões para a VC existe um argumento que lhes confere mais alguma exclusividade. Em jogos de plataformas, cuja progressão pode ser mais perniciosa, esta função prova toda a sua utilidade.
Para já a Nintendo está a disponibilizar alguns clássicos da Famicom e Super Famicom. Jogos como F-Zero, Super Mario World, Kirby's Adventure, Excite Bike, Punch Out, Ice Climber e Donkey Kong Kunior, oferecem géneros distintos e várias personagens icónicas. Resta saber se a Nintendo irá recuperar jogos de outras plataformas, como sejam os jogos lançados para a Neo Geo AES e para a Mega Drive.
Por cada jogo da Nintendo Famicom a Nintendo está a cobrar 4.99 euros, enquanto que por um jogo da Super Famicom o valor sobe para 7.99 euros. Pressupondo que brevemente serão lançados jogos da N64, o preço destes tenderá a ser significativamente maior, assim como os jogos do GBA. Todavia, e como já acontece com Kirby's Adventure, cuja promoção reflectida nos 0,30 (trinta cêntimos) se estende até meados de Maio, nada impede a Nintendo de lançar mais jogos com idêntica promoção, sendo conveniente observar todas as novidades semanais da eShop e respectivos descontos. Se compraram estes jogos para a VC da Wii, a Nintendo está a oferecer um desconto pela renovação da licença que permite usufruir das funcionalidades exclusivas dos jogos, designadamente a função "off-tv". Neste caso o preço de cada jogo Nintendo Famicom é de 0.99, enquanto que para a Super Famicom o custo sobe para 1.49.
Ainda que se veja esvaziada de novidade, a chegada da VC à Wii U vem reforçar a tendêcia inaugurada em 2005. O fascínio dos jogos retro e um certo revivalismo que lhes está associado actualmente, atestam a sua viabilidade e validade, mesmo num contexto de mudança geracional. Talvez por isso, e por ganharem relevância na mais inovadora consola do mercado é que os mesmos motivos que estiveram na origem do serviço voltam a assumir preponderância, e talvez o mais importante seja mesmo constatar que o divertimento e o desafio colocado em cada um destes jogos não saiu minimamente beliscado na passagem do tempo, o que diz bem dos elevados padrões de produção de há duas décadas. Afinal, não era por acaso que se colocava um símbolo de qualidade nas antigas caixas de cartão dos jogos Nintendo.