Wargame: AirLand Battle - Antevisão
Do teatro global de guerra, até ao coração das batalhas.
Existe todo um universo de videojogos que passam mais ou menos despercebidos de grande parte do público, mas que apaixonam um determinado grupo de jogadores, um nicho se quiserem. Isto acontece mais frequentemente em géneros específicos e/ou complexos, e mais no caso dos jogos no PC, uma plataforma segregada por natureza. Os RTS são um bom exemplo, é certo que existem aqueles que toda gente conhece, mas ainda hoje descubro novos títulos dos quais nunca tinha ouvido falar, como é o caso deste AirLand Battle, a segunda entrada na série Wargame.
Como se tratava de uma novidade, o primeiro contacto foi tudo menos suave, rapidamente percebi que teria muito que ralar até que me sentisse confiante para o período da análise. Mas antes de entrar nos detalhes da experiência, importa perceber o que faz da série Wargame distinta o suficiente para continuar a agarrar a respeitável comunidade de jogadores, que transitará naturalmente do primeiro jogo da série, o European Escalation. Em primeiro lugar o facto de retratar fielmente várias unidades de guerra da história, desde infantaria, tanques, veículos, helicópteros e agora até aviões de guerra. Continua a concentrar-se no período da guerra fria entre 1975 e 1985, e a opor as forças da Nato, ou a Organização do Tratado do Atlântico Norte, aos países do tratado de Varsóvia, também conhecido por PACT.
Esta última organização é-nos mais estranha devido ao facto de ter desaparecido em 1991, foi uma aliança militar entre a União Soviética e os países socialistas do Leste Europeu, que se uniram em resposta à entrada da Alemanha Ocidental (RFA) na Nato. História à parte, o jogo focar-se-á num cenário fantasioso de guerra a Norte da Europa, em particular na zona da Escandinávia, tendo para isso a introdução de quatro novas forças nesta sequela, as nações da Dinamarca, Canadá, Suécia e Noruega.
Outro facto que o torna distinto é o seu ritmo e estrutura, num modelo de estratégia que não é comum neste género de jogos. A gestão vai desde o nível “macro” onde podemos selecionar grupos de unidades e movê-los para outra área do mapa, até ao nível “micro”, fazendo “zoom” até ao terreno, controlando cada unidade individualmente e aproveitando os elementos do cenário para cobertura ou esconderijo.
Esta versão beta ainda não tem a campanha disponível, mas pior que isso, ainda não tem o tutorial. A razão por que digo isto deve-se ao facto de o jogo ter um nível de entrada exigente e uma interface muito pouco clara. Temos que preparar o exército inicial antes de iniciar a batalha, e para isso é muito importante conhecer bem as unidades e ter um plano definido antes de começar. Algo complicado para a primeira vez, e ainda pior se vos colocarem contra outros jogadores.
A implementação inicial de tropas está limitada a um roster, uma lista de unidades de vários tipos, e onde se requer que exista um equilíbrio funcional de acordo com a estratégia que escolhemos e o adversário que enfrentamos. No jogo esse roster é conhecido por Deck e é a primeira coisa a determinar antes de iniciar as batalhas. Existem Decks pré-determinados para cada nação da Nato ou Pact, mas podem modificar e adicionar unidades de qualquer país (desde que sejam da mesma fação), assim como gravar vários decks diferentes.
A escolha de unidades garante um bónus especifico para determinado deck. Por exemplo, utilizar um deck nacional, ou seja, com unidades do mesmo país, garante mais pontos de ativação do que uma mistura de unidades de várias regiões. Podemos formar um deck especializado no combate aéreo, ou em veículos pesados, ou até um deck formado apenas por infantaria.
"Rapidamente percebi que teria muito que ralar até que me sentisse confiante para o período da análise."
Vão existir mais de 30 novos mapas baseados no espaço escandinavo, vistos de cima são algo pobres em detalhe, mas depois quando fazemos “zoom” até ao chão ficamos impressionados com o detalhe das unidades, dos edifícios, das árvores e das montanhas. Os mapas são maiores do que acontecia no European Escalation, principalmente porque é agora possível organizar batalhas de 10 v 10, com vinte exércitos no mesmo mapa, algo impressionante sem dúvida. Só comecei a retirar alguma diversão de AirLand Battle assim que comecei a perceber que a paciência é chave, o ritmo é muito mais lento (real?) do que ao estou habituado de outros jogos do género. E principalmente depois de começar a conhecer as minhas próprias unidades mais profundamente. Selecionar o vosso exército inteiro e movê-lo na direção da área inimiga é suicídio e completamente idiota, temos antes que procurar o controlo dos setores cuidadosamente tomando vários pontos-chave, seja uma pequena vila onde os nossos tanques se escondem, ou uma floresta que serve de abrigo à infantaria.
Claro cada país tem pontos fortes e fracos, por exemplo os Alemães não possuem rockets anti aéreos, mas têm tanques poderosos e uma infantaria superior. O enormíssimo tempo de viagem entre pontos torna as unidades de logística fundamentais, seja para reparações, munições, mas principalmente para reabastecer o combustível. Os scouts permitem perceber a posição dos inimigos, que depois de detetados, podem ser bombardeados pelos nossos esquadrões aéreos. O verdadeiro desafio está na micro gestão de todas as unidades, estamos a falar de cerca de 750 unidades militares diferentes, e que precisam de conhecer para ser competentes pelo menos. E então quando temos duas ou três áreas com atividade torna-se muito complicado gerir tudo de forma ótima. Os mapas estão divididos por setores, com os nomes de código que estamos habituados a ver os militares utilizarem para designar o alfabeto, estilo alpha, bravo, charlie, delta, echo, foxtroit, golf e hotel. Dependendo do número de jogadores, ganha a equipa que chegar primeiro a X pontos, que são obtidos pelo controlo de zonas ou eliminação de unidades inimigas.
Existe a possibilidade de gravar replays de partidas, assim como apoio para a transmissão das mesmas, algo a apontar claramente para a vertente e-sports. Era porreiro aproveitar as fundações do jogo para batalhas urbanas em cidades maiores, estilo Londres ou Berlim, talvez no futuro isto seja algo considerado pela Eugen. O final do European Escalation gerou alguma controvérsia, mas como não temos ainda a campanha disponível, não sei dizer se continuará os eventos dramáticos do anterior ou se será desligado deste, teremos que esperar até à versão definitiva.
Quotes: “estamos a falar de cerca de 750 unidades militares diferentes, e que precisam de conhecer para ser competentes pelo menos.”