Watch Dogs 2 - Antevisão
A sequela aposta na diversão.
O primeiro Watch Dogs tinha uma grande responsabilidade em cima dos ombros. Com um lançamento poucos meses depois da chegada das consolas da geração actual, caiu-lhe o cargo de mostrar o potencial da PlayStation 4 e Xbox One. Alimentados pelo hype gerado pelas demonstrações e trailers mostradas nos eventos de videojogos como a E3 e a Gamescom, os jogadores colocaram grandes esperanças neste título. Embora Watch Dogs esteja longe de ser um mau jogo, a realidade é que falhou em corresponder às elevadas expectativas que foram geradas nos meses antes do lançamento. O conceito do jogo, a possibilidade de hackear tudo à nossa volta e controlar a cidade, era inovador, mas ultimamente foi mal aproveitado. A Ubisoft está ciente dos problemas do primeiro Watch Dogs, e com a sequela espera finalmente corresponder às expectativas e mostrar o potencial da série.
Watch Dogs 2 está inserido no mesmo universo e aproveita o conceito estabelecido anteriormente, mas é um jogo muito diferente do primeiro. A atmosfera é muito mais alegre e juvenil, não é à toa que a Ubisoft escolheu a cidade de São Francisco, situada no solarengo estado da Califórnia, afastando-se da cinzenta e sombria cidade de Chicago. É uma escolha muito melhor. Embora Chicago seja uma cidade pouco habitual nos videojogos, São Francisco tem locais mais icónicos e é capaz de oferecer belas paisagens e locais interessantes para visitar, o que num videojogo em mundo aberto é crucial. O protagonista do primeiro Watch Dogs, Aiden Pearce, foi descartado. Na sequela o seu substituto é Marcus Holloway, um jovem hacker que se juntou ao grupo DedSec, que esteve envolvido na narrativa original.
O início de Watch Dogs 2 estabelece de imediato o tom que a sequela assume. Depois de hackear um dos terminais do CTOS de São Francisco, Marcus Holloway entra formalmente para os DedSec. Para celebrar vão todos embebedar-se para praia. De manhã Marcus Holloway acorda na cama de uma rapariga desconhecida, não sabe das suas calças, e a primeira missão do jogo é visitar uma loja para não andar de roupa interior na rua. O primeiro Watch Dogs era mais trágico. Aiden Pearce tornou-se num justiceiro e estava à procura de vingança. Watch Dogs 2 é mais juvenil, ainda que preserve a faceta de justiceiro e a luta dos hackers contra empresas corruptas que se aproveitem os dados de milhões de pessoas para as influenciar e controlar.
O smartphone é mais uma vez uma ferramenta central em Watch Dogs 2. É através do telemóvel que acedemos às várias missões, ao mapa e também à árvore de habilidades. Inicialmente estamos muito limitados em termos de possibilidade de hacking. Conseguimos alterar a cor dos sinais e causar acidentes de trânsito, explodir canos de gás, aceder a câmeras espalhadas pela cidade, e pouco mais. Mas mais adiante as possibilidades começam a ganhar amplitude. Conforme concluímos mais missões e ganhámos pontos para evoluir as nossas habilidades, mais controlo temos sobre o que está à nossa volta. Uma das habilidades que mais adorei foi poder manipular a direcção dos carros, isto é, um carro que esteja parado no trânsito, se quiserem, podem comandá-lo para acelerar em frente, para os lados, ou para trás. Esta habilidade é especialmente útil em perseguições.
Em todos os aspectos, Watch Dogs 2 parece um salto à frente comparativamente ao primeiro jogo. A única excepção, pelo que pude experimentar, é a condução. Os veículos não dão a sensação de terem peso, o que causa estranheza. A física de algumas colisões também é igualmente estranha. A condução não é horrível, aliás, eventualmente torna-se tolerável, mas num jogo em que a condução é uma parte integral, seria benéfico que a versão final transmitisse uma melhor sensação. De resto, o combate, a fluidez dos movimentos, a cidade, as missões e as actividades deixam-nos mais confiantes nesta sequela. Acima de tudo, parece que a Ubisoft quis dar uma injecção de diversão em Watch Dogs 2. A primeira impressão é que missão foi cumprida.
Watch Dogs 2 tenta passar uma imagem diferente dos hackers. Enquanto antes um hacker era visto como alguém introvertido que ficava agarrado ao computador e não saía de casa, aqui os hackers são retratados pessoas populares, dentro da moda, e cheios de recursos. O jogo está longe de retratar fielmente os hackers e o próprio acto de hackear seja o que for, mas isto é ficção e o propósito de Watch Dogs 2 é entreter. O hacks de Watch Dogs 2 estão à distância de um botão e fazem com que o jogador se sinta poderoso. Além das suas capacidades como hacker, Marcus Holloway é também um perito em combate corpo-a-corpo. É possível usar armas de fogo, mas pessoalmente preferi a abordagem não-letal e usar a arma improvisada, uma bola de bilhar presa a uma corda.
Uma mais valia nas missões de Watch Dogs 2 em que não existe um percurso fixo. Sim, existem objectivos definidos, mas podem escolher o método de abordagem. É a velha questão: querem completar a missão sem serem detectados ou preferem dar logo nas vistas? A escolha é a vossa. Se preferem a abordagem sorrateira, o carro telecomandado e o drone são as ferramentas mais úteis. Ambos podem entrar por pequenas entradas nos edifícios e aceder a terminais para desbloquear as portas. Mais tarde, o drone até pode largar bombas electromagnéticas, tornando-se num veículo armado em miniatura. O jogo nunca chega a cometer os exageros de Saint's Row, mas não há dúvidas, o tom de seriedade do primeiro Watch Dogs desapareceu para dar lugar a um jogo em mundo aberto onde a diversão reina.
"Watch Dogs 2 parece um salto à frente comparativamente ao primeiro jogo"
Embora as primeiras missões sejam simples, mais adiante é introduzida complexidade. Numa missão temos que resolver um puzzle para encaminhar electricidade de uma sala para a outra rodando vários botões, o que requereu vários minutos e diversas tentativas. Numa outra missão tinha que chegar ao topo de um edifício. Andei minutos à volta a ver se encontrava alguma escada, até que me apercebi que tinha que hackear uma grua do outro lado da rua e usar a sua plataforma para subir até lá cima. Portanto, do que pudemos experimentar, as missões de Watch Dogs 2 estão mais elaboradas, e mais importante, encorajam o jogador a encontrar diferentes soluções e a aproveitar as habilidades que vão desbloqueando.
No Online a Ubisoft quis torná-lo uma parte integral da componente a solo. Basicamente, o modo online não está separado, ou seja, não precisam de passar um por ecrã de loading. Quando existe alguma actividade online nas proximidades, recebemos o aviso através do nosso smartphone. Podem escolher participar ou simplesmente ignorar. Não experimentei extensivamente o online, mas parece-me que segue as linhas do primeiro jogo, em que o objectivo é invadir outro jogador ou impedir que sejamos hackeados. Também existe uma actividade de Bounty Hunter, em que temos de perseguir um jogador com a cabeça a prémio. O online não tem apenas uma natureza competitiva, visto que também podem cooperar com outros jogadores para completar actividades secundárias pensadas para o modo cooperativo (as missões da história terão que completar sozinhos).
Falta menos de mês para a chegada de Watch Dogs 2, cuja data data de lançamento é 15 de Novembro. Neste evento da Ubisoft em Paris tivemos a oportunidade de passar quatro horas com o jogo, experimentando as primeira missões e depois uma secção mais avançada com grande parte das habilidades desbloqueadas. Ainda é cedo para tecer julgamentos, mas gostámos e trouxemos impressões positivas. Ainda existem aspectos a limar, como a condução e alguns erros, mas no geral Watch Dogs 2 promete ser uma boa aposta para os adeptos de jogos em mundo aberto e tem a vantagem de ter um conceito diferente, o hacking, que desta vez transforma por completo a forma como olhamos e interagimos para a cidade.
A Ubisoft tratou dos custos da viagem a Paris para experimentarmos Watch Dogs 2.