Watch Dogs Legion: Bloodline review - O regresso de Aiden Pearce
Melhor em história, igual no resto.
Uma das vantagens actuais dos videojogos é que já não precisam de ficar parados no tempo. Antes, assim que o jogo estava gravado num disco e era enviado para as lojas, dificilmente podia ser alterado. Hoje o panorama é bem diferente. Os videojogos são pedaços de software em constante evolução. Um jogo que no lançamento não era bom pode tornar-se em algo melhor nos meses seguintes através de updates ou de conteúdos adicionais. Por essa razão, estava curioso para revisitar Watch Dogs Legion. Na review de Novembro, disse que foi um jogo com potencial desperdiçado e que não me consegui envolver na narrativa e nas suas personagens. Oito meses depois, a Ubisoft lança hoje Bloodline, a primeira grande expansão para a história do jogo.
O que é interessante de Bloodline é que parece uma resposta às críticas relativas à história e personagens de Legion. Bloodline, em vez de continuar com a mecânica de que podes jogar com qualquer pessoa através do sistema de recrutamento do DeadSec, tem duas personagens centrais: Aiden Pearce, o protagonista do primeiro Watch Dogs; e Wrench, uma das personagens mais carismáticas de Watch Dogs 2. O palco para o novo arco narrativo é novamente a cidade de Londres, mas antes dos eventos de Legion. Aquilo que deveria ter sido um simples trabalho de infiltração para Aiden Pearce, transforma-se em algo mais complicado que o obriga a aproximar-se novamente do seu sobrinho Jackson (agora já crescido e a estudar em Londres) e a colaborar com o imprevisível, mas divertido, Wrench.
A história é muito melhor do que a do jogo base
Seja uma resposta às críticas ou não, a realidade é que a história de Bloodline fica a milhas de distância daquilo que Watch Dogs Legion nos ofereceu originalmente. As personagens têm "peso" na história e um desenvolvimento ao longo da narrativa, o que contribui para criar uma envolvência no jogador. O regresso de Aiden Pearce vai muito além do efeito nostalgia e do seu estatuto de hacker lendário no lore do jogo, a Ubisoft conseguiu criar drama familiar e emocional neste capítulo que serve para desfecho da sua história - e para isto precisas de ter conhecimento dos eventos do primeiro Watch Dogs. Pelo meio deste drama, Wrench vai introduzindo o humor parvo pelo qual é conhecido. A combinação resulta, criando uma história que serve para contar os eventos que antecederam Legion e que cria uma ponte entre personagens de jogos diferentes.
Nesta expansão podes jogar com Aiden Pearce e eventualmente com Wrench. Cada um tem habilidades e estilos de combate diferentes. Aiden Pearce tem a espectacular habilidade de "apagão", o que deixa todos os dispositivos electrónicos inutilizáveis durante um curto período de tempo, e luta com a ajuda do seu bastão extensível (mas também pode utilizar armas de fogo ou de choques eléctricos). O leque de habilidades de Wrench inclui a possibilidade de invocar um drone de carga modificado e uma enorme chave inglesa modificada que manda uma onde de choques quando bate no chão. As animações de Wrench em combate são hilariantes, mas poderosas. A sua forma de abordar um inimigo por detrás inclui acertar no meio das pernas com a chave inglesa - OUCH!
A interactividade com a cidade continua a ser pouca
Tal como no jogo original, Bloodline tem missões principais - que avançam a narrativa - e missões secundárias. As missões secundárias estão ligadas directamente às habilidades e armas que podes desbloquear. Algumas destas habilidades que podes desbloquear são as mesmas do jogo base, mas outras são novas. Existe um importante sentimento de individualidade quando jogas com Aiden ou com Wrench, mas no que toca à jogabilidade, não esperes nada radicalmente diferente daquilo que já conheces. Embora haja alguma diversão para ser extraída, Bloodline não corrige muitos dos problemas apontados a Legion, nomeadamente as poucas possibilidades de hacking e de interacção com a cidade de Londres - novamente, a recriação virtual da cidade é minuciosa, mas não sentes que é um parque de diversões.
"Embora haja alguma diversão para ser extraída, Bloodline não corrige muitos dos problemas apontados a Legion"
Oito meses depois do lançamento, é desapontante testemunhar que ainda continuam a existir problemas relacionados com imersividade (sobretudo de lógica). Entro num bar e reparo que existe um bombeiro de capacete completo (ou seja, com a cara tapada) a beber uma cerveja. Uns segundos depois enfia a garrafa pelo capacete. A inteligência artificial continua horrível e um dos principais culpados pela quebra de imersividade. Recordo-me de estar numa zona dominada por criminosos (com pessoas presas em jaulas) com um drone policial a sobrevoar a zona. Começo a lutar com um capanga e o drone vem atrás de mim (que se lixem as pessoas enjauladas!). Depois, o stealth continua praticamente inconsequente. É verdade que podes completar quase todas as missões sorrateiramente, mas se não o fizeres, não existe um aumento da dificuldade que seja notável.
Por um lado melhor, por outro é o mesmo jogo
O problema de Bloodline é que se trata de uma expansão com uma história que vale a pena para quem joga Watch Dogs desde o primeiro, mas está agarrada a um jogo que continua a sofrer muitos dos problemas apontados em Novembro. Continuo a pensar que o conceito de Watch Dogs é um daqueles que mais potencial tem no panorama actual dos videojogos - as possibilidades de hacking e interacção precisam de ser mais aprofundadas, neste momento são superficiais. Bloodline é um passo em frente em termos de narrativa, ficou a faltar o resto. Como nota final, em relação à longevidade, as missões principais demoram cerca 7 horas, mas depois ainda existem algumas missões secundárias.
Prós: | Contras: |
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