Weapon Shop de Omasse - Análise
Armas que escutam conversas.
O que seria dos heróis das aventuras de role play se alguma vez enfrentassem os temíveis adversários sem o equipamento adequado, mais precisamente, sem uma espada afiada, de belo corte técnico, forjada a partir dos melhores materiais e de grandes proporções? Este assunto assume particular destaque no filme Kill Bill, quando a personagem central envereda esforços para obter uma katana samurai de Hattori Hanzo. Nos jogos de role play é normal a menor relevância dada ao trabalho desenvolvido pelos forjadores de armas, conhecidos sobretudo por se encontrarem atrás de um balcão e prontos a fornecer o equipamento solicitado pelo herói a troco de uma boa soma financeira. Uma espada mais resistente torna-se mais útil e decisiva dentro das grandes batalhas.
Ora, Weapon Shop de Omasse é um jogo produzido por Yoshiyuki Hirai, com o apoio da Level-5, lançado no Japão entre Novembro e Dezembro de 2012, que faz parte da primeira Guild disponibilizada para a Nintendo 3DS, e que põe o jogador na pele de um forjador-aprendiz de instrumentos cortantes de combate; espadas, katanas, lanças, punhais, etc.
O mais curioso destas guilds para a Nintendo 3DS da Level-5 é que encontramos nelas jogos com diferentes conceitos e quase impensáveis dentro de um mercado por vezes demasiado formatado e pouco solícito a ir ao encontro de ideias destrambelhadas mas perfeitamente exequíveis, que é o que Yoshiyuki Hirai quer passar.
Quem viu a apresentação do jogo durante a última Nintendo Direct, não ficou indiferente ao fluxo de sequências gráficas, nas quais um aprendiz de forjador batia com o martelo sobre peças metálicas em brasa ao som do ritmo musical. Neste jogo, é como se pudéssemos entrar numa loja de acessórios de combate e visualizar ao detalhe todo o trabalho que está por detrás daquelas relíquias. O conceito do jogo pode definir-se como uma fábrica de produção de armas destinadas aos aventureiros. O objectivo consiste em fornecer as armas mais adequadas ao tipo de missão apresentada pelos aventureiros, mas também ter continuamente em stock outras armas para alugar. No final do dia, o que separa a boa da má pontuação é a quantidade de armas fabricadas, mas também se verifica um sentimento de satisfação pelas conquistas dos aventureiros, constantemente relatadas através de uma funcionalidade que (quase em forma de um twitter) nos relata a demanda.
Os aventureiros não podiam ser mais diferentes. Desde o convencido espadachim com sotaque francês, às duas gémeas chinesas acrobatas que mais parecem sair de uma série de animação, a conversa que Yuhan, o protagonista, e o seu pai, vão mantendo com eles é quase uma paródia e um circuito de bom humor, daquele jeito de contar tipicamente nipónico. A atmosfera sonora, ainda que repetitiva, é interessante e bem moldada ao humor que brota desses diálogos.
À partida podemos pensar que em termos de jogo e interactividade não haverá muito a fazer e que os objectivos se repetem constantemente. Isso é verdade. Quanto à interacção, não estamos perante um jogo de ritmo com a profundidade de um Ouendan, e além disso, a evolução diária tende a assentar sobre os mesmos pressupostos, pelo que durante esta campanha, que também conta com elementos de role play, a evolução tende a ser pouco gradual. No entanto, vale a pena investir, nem que seja pela originalidade do conceito e do tratamento que lhe é dado, sobretudo pelas constantes chegadas de novos aventureiros, cuja nota de entrada é o som emitido pelo chocalheiro montado na porta da loja.
Entrando um cliente e depois da inevitável apresentação, seguida de uma explicação da campanha, a envolver uma quest nunca menos que surpreendente, cabe ao pequeno forjador fabricar uma nova arma dentro de um tempo limite ou apresentar alguma que tenha nas suas reservas de modo a permitir ao aventureiro partir de imediato para a sua quest. Antes de entregar a arma é imperativo consultar as necessidades da personagem e apurar se a arma escolhida é a que melhor se adapta à tarefa, pois alguns aventureiros podem ter preferência por uma espada em vez de uma lança.