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When Vikings Attack! - Análise

És chamado para lutar.

Quando os Vikings atacam só existe uma coisa a fazer, responder na mesma moeda e provar que a melhor defesa é o ataque. Pelo menos é o que os cidadãos de Inglaterra pensaram quando viram a sua brava nação ser invadida por uma estranha horda de inimigos. Não chamaram o exército nem pediram ajuda externa, não, aqui nesta luta os meninos da escola juntaram-se ao senhor que entrega os jornais que por sua vez se juntou à velhinha e todos decidiram fazer frente a estes terríveis invasores. Assim o é em When Vikings Attack!, o novo e curioso jogo do estúdio Clever Beans, que na verdade é mais uma dupla de talentosos programadores que fugiram das garras corporativas para apostarem em suas visões, centradas na mais pura das intenções: diversão pura.

Este é um estranho jogo para descrever e também o é de jogar. WVA! centra-se unicamente na diversão e na forma como a resposta a uma invasão poderia divertir o jogador. Tudo é muito simples e até repetitivo, mas se uma estranha e quase inexplicável forma, vamos ficar agarrados ao jogo. Se são dos que aclamam que estamos numa era em que nem são precisos livros de instruções então este é um jogo que vos vai dar razão, aqui não precisamos que nos ensinem a jogar, basta usar dois botões e tudo fica sabido. Mas tendo em conta que vamos passar muito tempo a repetir o mesmo sobre o mesmo será que o jogo consegue divertir assim tanto quanto pretende a longo prazo?

Antes de mais quero só referir um elemento de verdadeira importância neste jogo. Quando compram uma das versões têm acesso à outra, tendo assim acesso às versões PlayStation 3 e PlayStation Vita de uma só vez e por um único preço. Isto dá-vos ainda a oportunidade de jogar em qualquer sistema com um único save e continuar o jogo onde quiserem. Mas mais do que isso, WVA permite que joguem contra e com jogador PS3 ou Vita seja qual for o sistema que estão a usar, o aclamado Cross-Play da Sony.

Estas são pequenas funcionalidades que dentro deste jogo vão ter uma extrema importância e vital pois abrem portas para todo um novo leque de opções e possibilidades. Ao mesmo tempo são um perfeito exemplo da sintonia e conectividade que a Sony pode incutir nos seus produtos futuros, algo que tem vindo a prometer há já muito tempo. Mas estou aqui para vos falar do ataque dos Vikings e o que posso dizer é que neste jogo são mais do que bem-vindas e são na verdade duas das mais importantes funções que o jogo vos vai oferecer.

Convém ainda referir que caso decidam jogar na PlayStation Vita o jogo de forma alguma toma proveito das suas funcionalidades específicas. Não contém com controlos táteis, com recurso ao painel traseiro ou qualquer interatividade com o giroscópio. Aqui a intenção não foi oferecer um jogo que explorasse a Vita mas sim a sua conectividade com a PlayStation 3 e o reforçar do seu catálogo de jogos com um produto que à primeira vista encaixa na perfeição na filosofia que a Sony vem apregoando para o sistema. Diversão, diversidade e conectividade.

When Vikings Attack! é então assim um jogo bem estranho mas muito divertido. Num mundo colorido, em jeito cartoon, temos então um grupo de cidadãos Britânicos que decide fazer frente aos vikings. Essas criaturas maléficas que invadiam outras nações à procura de pilhar e destruir tudo pela sua frente. Mas os cidadãos das aldeias, parques, cidades, zoológicos, centros comerciais e ruas de Inglaterra não precisam do exército. Nesta hora de defender o que é seu até os meninos de escola saem à rua para lutar ao lados dos pais porque o senhor da polícia não consegue estar em todo o lado ao mesmo tempo.

Aqui temos o que podem ser descritas como salas de desafio, um espaço restrito do qual não podemos sair, o nível é composto por várias, e nas quais temos que derrotar todas as sucessivas vagas de inimigos. O nosso grupo de cidadãos é também a nossa vitalidade, quanto maior a equipa mais dano pode sofrer, e a sua tarefa é fácil, mandar embora quem aqui não pertence. Tal é fácil, ao aproximar de praticamente tudo o que é objeto espalhado pelo cenário, o grupo automaticamente pega nele e temos a possibilidade de o atirar para o grupo de vikings que se está a formar e a preparar para fazer o mesmo.

WVA é tão simples quanto isto, é esta a nossa única tarefa, pegar em objeto, atirar objeto aos vikings até não existirem mais na respetiva fase do nível. Pelo meio vamos ter que evitar investidas similares do inimigo e está explicado o jogo. É tudo assim tão simples e como poderiam esperar, altamente repetitivo. No entanto, após algum tempo passado com o jogo a questão que ficou comigo foi, "Mas porque raios isto não se sente tão repetitivo quanto pensava e porque raios não consigo parar de jogar?"

A resposta a essas duas questões é também ela bem simples mas divide-se em duas respostas diferentes. Primeiro, o jogo é repetitivo nas suas ações mas todo o tom forte em humor imprime um tom relaxado à experiência e sentimos aquela sensação 'só mais um pouco' e quando dá-mos por ela estamos noutro nível ou a tentar melhorar a performance noutro para obter melhor pontuação. A isto adicionem ainda uma pequena dose de manobra à jogabilidade que permite ao jogador executar uma espécie de dash, movimento curto mas mais rápido em frente, para nos desviar-mos das investidas inimigas que tem ainda a possibilidade de apanhar no ar objetos que nos são atirados. Potencialmente um jogador pode passar todo um nível sem ser atingido se dominar esta movimento, não é difícil. Em recompensa, a pontuação sai reforçada e o vício premiado.

"WVA é tão simples quanto isto, é esta a nossa única tarefa, pegar em objeto, atirar objeto aos vikings até não existirem mais na respetiva fase do nível."

Segundo, o já referido tom relaxado e a jogabilidade bem simples não significam algo sem sabor, pelo contrário, significam um jogo com vida e rico em diversão. Especialmente porque a dificuldade é crescente mas em tom agradável e pelo caminho vamos tendo itens diferentes, com consequências diferentes, vários grupos de inimigos a atacar ao mesmo tempo e até vamos ter bosses de final de nível. Não falta aqui nada. Alguns itens podem até ter um efeito ricochete e dão ao jogador novas pequenas nuances na sua abordagem à jogabilidade.

Tudo isto se combina de bela maneira para criar um jogo que tanto pode ser jogado no sofá como fora de casa e que pode ser intercalado sem quaisquer contra-tempos. Muito acima disso está a forma como os modos multijogador cria uma ponta entre os dois sistemas. Se quiserem podem enfrentar os 15 níveis do modo Aventura em modo cooperativo e assim a diversão sobe a novos escalões. Quando colocamos na balança outros jogadores a nosso lado, podem ser até quatro no máximo, a sensação de repetição continua lá mas deixa de ser tão acentuada pois quando nos estamos a divertir é mais fácil perdoar os erros.

É divertido e descomprometido como poucos.

Este caos de diversão e bom humor tem ainda um modo competitivo e aqui temos a perfeita forma de testar rivalidades geradas pela tentativa de amealhar melhor pontuação no modo principal. A inteligência artificial vai dar uma volta e temos a possibilidade de mostrar ao mundo como somos lendários a responder aos objetos arremesados. Não hesitem em testar este modo pois é bem divertido e apesar de não ser imperativo para o vosso desfrutar da experiência, é uma inclusão mais do que necessária para tornar tudo melhor e mais apetitoso.

Falta ainda uma palavra para os controlos do jogo mas tal já devem estar a adivinhar: simples e altamente intuitivos. Sem o recurso a funcionalidades Vita, temos um jogo que se comporta e controla exatamente igual nas duas consolas e a versão portátil pode ser encarada como se tivesse um Dualshock 3 com ecrã para jogarem em qualquer lado. Apenas usamos dois botões e todo o esquema de controlo é tão simples que pode ser jogado por todos lá em casa, desde pequenos a mais graúdos.

When Vikings Attack! foi um caso estranho de jogar, aquela expressão 'primeiro estranha-se e depois entranha-se' há muito que não fazia tanto sentido. A curiosidade inicial dá lugar a uma enorme vontade de jogar e quando a sensação de repetição se instala, estamos demasiado preocupados com a diversão para lhe dar o peso que até tem. É um jogo divertido, ligeiro e sem quaisquer presunção senão a de divertir quem nele investir o seu dinheiro. Convém ter em conta que uma lista de amigos igualmente dedicada é importante senão não vai ter o apelo devido a médio-longo prazo.

7 / 10

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