White Knight Chronicles: Origins
Heróis esquecidos de outrora.
Depois de dois jogos para a PlayStation 3, a série White Knight Chronicles da Sony volta a crescer chegando agora à PSP e se antes havia ficado uma ideia específica quanto às origens deste produto, Origins vem reforçar ainda mais. Mais precisamente que esta é a resposta da Sony à perda de Monster Hunter nas consolas caseiras e neste caso é a tentativa da companhia em lucrar com o fenómeno que reina no Japão e fez com que a maioria das companhias de alto perfil tentasse lucrar com propostas idênticas. De certa forma este jogo parece assim naturalmente livre de alguns dos problemas que afectaram o original, principalmente a nível de personalidade, estrutura e da mensagem que quer passar ao jogador.
White Knight Chronicles: Origins decorre 10.000 anos antes do original e dá-nos a conhecer eventos que ficaram conhecidos como as Dogma Wars. A Sony já havia tentado em forma de banda desenhada abordar este período e agora temos uma perspectiva em forma de videojogo sobre esse período desta série. Tal como no original, vamos criar uma personagem através de um editor com um limitado leque de opções mas que cobre variadíssimos parâmetros para entrar nos Mobile Corps., um grupo de mercenários que varre as zonas entre dois reinos em guerra para cumprir missões.
O nome não é ao acaso, a nossa base é um comboio que se move pelas várias localizações se bem que não existe um mapa mundo por assim dizer. Dentro do comboio aceitamos as missões, falamos com personagens, compramos novas armas ou armaduras, melhoramos as que temos e vamos tendo informação adicional sobre este mundo. Quando aceitamos uma missão, um ecrã de carregamento separa-nos de um novo cenário no qual a missão em si tem início.
A estrutura é altamente similar à do jogo original e bem dentro do que temos na maioria dos jogos do género na PSP. Como em todos os casos, todos eles têm algo único que os distingue dos demais e está no cerne da sua jogabilidade. Em Origins é a possibilidade de nos transformarmos em cavaleiros de porte maior, tal como no original para a PlayStation 3 e na sua sequela. Se a estrutura é de certa forma a série adaptada às limitações desta plataforma, já o esquema de combate é todo ele igual ao que vimos nos dois jogos PlayStation 3.
Assim sendo temos um sistema de combate em tempo real no qual os combates se iniciam automaticamente quando os inimigos estão dentro de uma certa distância. As personagens colocam-se em posição de combate e temos em baixo uma pequena barra azul através da qual escolhemos os golpes que queremos aplicar. A navegação é completamente idêntica ao que temos nos jogos caseiros e tal como aí, podemos atribuir golpes e magias em específico aos vários quadros do barra de comandos, assim como podemos fazer o mesmo para os personagens controlados pela inteligência artificial.
O maior problema de Origins é provavelmente a forma como parece pouco fazer para cativar o jogador, não se afastando da sensação de mais um que quer num mercado que vai tendo sucesso. Por vezes a falta de ambição é tal que o jogo mais nos consegue irritar do que outra coisa, principalmente na forma como os níveis onde decorrem as missões estão estruturados. Divididos por zonas, pequenos quadrados se preferirem, em cada uma temos inimigos e podemos procurar itens até chegar ao final onde está o boss.
Até aqui não temos nada de anormal, tudo dentro dos moldes tradicionais. O problema está no tempo que demora a passar de uma zona, quadrado entenda-se, para outra. Os tempos de carregamento são enormes e o jogo rapidamente perde toda e qualquer oportunidade para conquistar para si quaisquer aspiração de fluidez e ritmo. Foi mesmo o maior problema que senti com o jogo e um que a instalação de dados apenas parece resolver parcialmente. Estranho ainda mais é quando temos outros exemplos dentro do género na plataforma que contornam esta problemática com grande qualidade.
Como referido, Origins é um RPG de acção em tempo real no qual os combates com equipas têm destaque. A possibilidade de jogar em modo cooperativo com mais três jogadores é bem-vinda e vão precisar de o fazer para reunir alguns itens. Como em qualquer jogo do género, Origins aposta no incutir no jogador de uma vontade de cumprir missões para ganhar dinheiro e itens para poder melhorar o seu personagem, obter melhores armas e também melhorar a sua base. É algo que funciona muito bem em alguns exemplos mas que aqui pode não conseguir devido a um esquema repetitivo e com fraco ritmo.
Visualmente temos aqui um produto que face à sua essência desde logo se saberia ser limitado mas isso não é desculpa para uma enorme falta de apelo visual. O jogo parece ter esquecido completamente o que é o estilo e nem tenta dar vislumbres de tal. Enquanto algumas cidades podem incutir em nós emoção e desejos de pertencer a um outro mundo, a maioria deste conto é feito sem fascinar quem por ele passa. Isto sem considerar o aspecto técnico, que como referi seria de esperar frágil, mas não a este ponto. Vamos simplesmente ficar pelo tolerável.
White Knight Chronicles: Origins parece ter aspirações similares às do produto original aquando do lançamento na PlayStation 3, oferecer uma experiência dentro do que o sucesso Capcom tem oferecido. A esse respeito sucede mas nada mais do que isso. Numa outra plataforma, como a do original, poderia tentar distinguir-se por ser algo, por enquanto único, mas numa plataforma que actualmente abunda em ofertas dentro do mesmo enquadramento, os fãs não recebem grande apelo.
A ideia que ficam com Origins é que tudo foi feito para tentar capitalizar num género que está actualmente rodeado de sucesso na PSP e nada foi realmente feito para levar o género mais longe, ou até a própria série. Sendo o segundo jogo White Knight Chronicles a que tive acesso, novamente senti enorme falta de apelo e não senti qualquer ligação por estes personagens, por esta história ou por este mundo mas fica novamente a sensação que a estrutura base pode vir a dar algo bom, caso bem aproveitada e complementada.