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Wolfenstein: New Order - Análise

E se os Nazis tivessem ganho a guerra?

Há quase sempre duas formas de abordar as missões em Wolfenstein: New Order: entrar a matar ou caminhar sorrateiramente aninhado e eliminar os soldados Nazis um por um com o infalível corte no pescoço. Ambas as formas de jogar são recompensadoras, uma porque é extremamente divertido usar as armas disponíveis e a outra porque cumprir a missão sem ser detectado é mais difícil do que a primeira opção. Depois de detectados é soado o alarme e não há volta à dar, tem que recorrer às armas de fogo. O jogo tem perks que foram incluídos precisamente para ganharem vantagem na nossa forma preferida de jogar. Por exemplo, se preferem o modo stealth e facas para lidar com os inimigos, rapidamente vão desbloquear mais espaço para carregar facas adicionais.

O Dual Wielding nunca soube tão bem.

Os perks são desbloqueados pelas vossas ações a jogar. Não são obrigatórios para completar a campanha (aliás, cheguei ao final da campanha sem ter acesso a todos os perks), mas podem ser uma ajuda, principalmente se considerarem enfrentar depois as dificuldades "Hard" e "Uber". Na dificuldade "Normal" o jogo tem momentos que podem ser desafiantes pela quantidade de adversários contra nós, mas os confrontos individuais ou mesmo de um contra dois ou três são uma brisa.

Na jogabilidade estamos perante o habitual shooter mas aperfeiçoado ao máximo, com liberdade para correr e de seguida deslizar (dando mais estilo aos tiroteios) e espreitar ligeiramente quando estamos aninhados e protegidos em algum sítio. Mas o ponto de maior diferença está no "Dual Wielding". Desde que encontrem um segundo exemplar de uma arma (o que não é difícil), podem optar por segurar uma em cada braço, sejam pistolas, metralhadoras ou caçadeiras. A única arma sem esta opção é o laser, que tem dois modos: serve como arma e serve para "cortar" vedações e outros obstáculos metálicos que possam aparecer. É a arma do jogo com mais upgrades, estando constantemente a evoluir e a ficar mais poderosa. Também se revela a mais essencial para derrotar os bosses e os grandes robôs. Com esta arma laser, as outras acabam por ficar obsoletas. Com ela, derrotar os inimigos é uma questão de dois tiros, que os desfazem em pedaços de carne fumegantes. O uso desta arma é controlado pelas estações especiais onde pode ser carregada, mas se acamparem num destes sítios, podem usá-la infinitamente.

O clássico Wolfenstein 3D representou uma grande evolução e cimentação para os géneros dos FPS. Se por um lado Wolfenstein: New Order tenta não imitar à descarada os sucessos mais recentes neste género tão competitivo e adorado hoje, por outro falha em apresentar algo de novo para o panorama actual. Wolfenstein: New Order quer ser um jogo adulto, e por vezes consegue, outra vezes não faz sentido nenhum. A ligação entre os eventos do enredo é feita de forma curta e sem explicação. Obviamente que isto mantém o ritmo de jogo elevado, mas causa falhas na história. Não é preciso escrutinar a história para encontrá-las, basta utilizar o senso comum.

Wolfenstein: New Order acaba por contar a história familiar de um homem só contra um exército inteiro. O jogo mostrado durante as cinemáticas, que expressam o lado humano das personagens e mostram um pouco deste mundo Nazis, é bem mais interessado do jogo jogado, onde temos que abater centenas de soldados Nazis. A jogabilidade polida e fluída, que responde muitíssimo bem aos nossos comandos, assim como o Dual Wielding e outras armas, tornam Wolfenstein: New Order muito divertido. A história é razoável se houver disposição da vossa parte para fechar os olhos a algumas falhas.

A campanha oferece o que se pede num jogo de ação: missões de elevado risco, onde é colocado tudo em jogo, que têm como cenário várias localizações do mundo. Este mundo alternativo, tal como os locais presentes no jogo, são tão fenomenais que apetece implorar à MachineGames e Bethesda que façam um hibrido entre um Open World e RPG neste universo para que seja possível explorar livremente as cidades e conhecer mais personagens, tanto do lado da resistência como do lado das forças Nazis. Wolfenstein: New Order satisfaz como um FPS mas deixa apetite para mais, para algo melhor, maior e mais ambicioso.

"Wolfenstein: New Order satisfaz como um FPS mas deixa apetite para mais, para algo melhor, maior e mais ambicioso."

Esta geração de consolas ainda agora começou e está longe de atingir o seu auge, mas Wolfenstein: New Order exibe pormenores interessantes que não podem deixar de ser aqui referidos. O detalhe incutido nas armas merece que percam no mínimo alguns segundos a apreciar cada centímetro. Mais impressionante é o nível de destruição que as armas podem causar. Utilizar pilar, secretária ou outras proteções destruíveis não é totalmente seguro, as balas rebentam com tudo. Com a arma laser, nem uma placa de metal pode dar proteção. As caras das personagens estão a atingir um realismo nunca antes visto tanto a nível de expressão como de pormenores, mas ainda faltam alguns passos para que possamos olhar para elas e não as distinguir de um humano real.

Sem multijogador depois da campanha, devem estar curiosos sobre a longevidade. Depois da primeira playthrough, podem regressar ao primeiro nível, o prólogo, e optar por uma decisão diferente, que influenciará ligeiramente o resto da campanha. Não são duas campanhas diferentes, a campanha é a mesma mas com pequenas diferenças. Podem também dar uma oportunidade às dificuldades mais elevadas e desbloquear os perks que faltam. Por último restam os colecionáveis, que são a parte mais aborrecida.

Como já devem ter percebido, Wolfenstein: New Order deixa sensações mistas. Há coisas que faz bem, outras que faz mal. Não é um jogo perfeito, mas dependendo do que procuram, poderá ser agradável ou até se revelar uma surpresa. Tenho que admitir que na minha experiência foi a segunda hipótese. Estava à espera de um FPS genérico, mas encontrei um diamante em bruto que prova que o universo de Wolfenstein pode ser prolífero. Wolfenstein: New Order vale a pena pela história alternativa que conta. É a sua maior qualidade.

7 / 10

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