O filme da Wonder Woman não desilude
Gal Gadot foi a escolha perfeita para o papel.
Era impossível não estar receoso para o filme de Wonder Woman, afinal, as duas últimas apostas do DC Extended Universe - estou a referir-me a Batman vs Superman e a Suicide Squad - deixaram um sabor amargo. A DC Comics quis colocar a carroça à frente dos bois e não gastou tempo suficiente a estabelecer as personagens do seu universo e a esculpir a narrativa. O resultado deu para o torto, mas este filme da Wonder Woman é um passo positivo para endireitar o DC Extended Universe, que teve um mau início.
Por outro lado, também estava entusiasmado. Confesso que a Wonder Woman foi o que mais gostei no desastroso Batman vs Superman. No meio da disputa mal elaborada entre o morcego e o kriptoniano, que depois ficam amigos porque as suas mães têm o mesmo primeiro nome, a Wonder Woman apareceu e deu espectáculo sem lamurias. O filme da não é uma continuação de Batman vs Superman, é uma história de origem que mostra de onde veio a personagem bem como as suas motivações.
O filme vai beber muito às bandas desenhadas de Wonder Woman, e embora não seja uma adaptação completamente fiel, não desrespeita a personagem. Existem basicamente duas partes: uma que explica de onde vem a Wonder Woman e a outra que é o clímax. É a fórmula tradicional dos filmes de super-heróis, mas que nem sempre resulta resulta devido a falhas de enredo e a personagens mal construídas. Felizmente, a realizadora Patty Jenkins mostrou perícia e criou um filme competente e equilibrado, não exagerando nas sequências de acção nem nos clichés.
No entanto, apesar da realizadora merecer mérito, há que salientar a importância de Gal Gadot, a actriz israelita escolhida para desempenhar o papel de Wonder Woman. Gal Gadot é perfeita para o papel e demonstra-o ao longo do filme, com nuances que revelam as diferentes facetas desta super-heróina. É corajosa, forte, engraçada, encantadora, ingénua e romântica. Sim, o filme tem uma pitada de romance, que podemos considerar cliché, mas realisticamente, Diana cresceu numa ilha rodeada de mulheres, portanto, era de esperar que quando saísse ficasse curiosa com o sexto oposto, certo?
Gal Gadot brilha no papel de Wonder Woman, mas os restantes actores também deixaram impressões positivas, em particular Chris Pine como Steve Trevor, Robin Wright como Antiope e Connie Nielsen como Hippolyta. Existe uma simbiose agradável entre as escolhas do casting e isso faz-se notar no filme. Wonder Woman é um filme que "escorrega" bem, preenchendo os momentos parados com cenas agradáveis e ligeiramente cómicas que ajudam a tornar as personagens mais robustas.
"Se os próximos filmes da DC Comics forem semelhantes, então os fãs podem respirar de alívio"
Claro que num filme de super-heróis não podiam faltar as sequências épicas e cheias de efeitos especiais. Ultimamente, este tipo de cenas não define se um filme é bom ou mau, mas todos sabemos que os fãs deste género adoram uma boa cena de combate. Mais uma vez, Wonder Woman não desilude. Quando Diana entra em acção ficámos colados ao ecrã e sentimos que se trata realmente de uma personagem poderosa e majestosa. Ao longo do filme vamos tendo vários destes momentos, e à medida que Diana vai ganhando experiência e confiança, fica mais capas, culminando numa cena final fantástica.
Se o objectivo do filme de Wonder Woman era apresentar a história de origem e introduzir melhor a personagem ao DC Extended Universe, então parece-nos justo dizer que o trabalho está cumprido. Por vezes, entre os fãs, é fácil exagerar nos elogios e elevar um filme à estratosfera, portanto, convém manter as expectativas em ordem. Sim, o filme de Wonder Woman é melhor do que os outros dois (não era propriamente difícil), mas não é o melhor filme de sempre nem algo parecido. É um filme que faz bem o seu trabalho e que vale a pena se gostas de super-heróis. Se os próximos filmes da DC Comics forem semelhantes, então os fãs podem respirar de alívio.