World of Tanks - Análise
Guerra dos monstros terrestres.
Mas como funcionam as batalhas exatamente? Depois de escolhermos o tanque que queremos na nossa garagem, entramos no sistema de "queue" que nos coloca numa batalha de 15 tanques contra 15 num mapa escolhido aleatoriamente, cujo terreno inclui alguns elementos destrutíveis, afinal não faria sentido nenhum ficar preso contra um pinheiro quando conduzimos um tanque. Estes mapas oferecem também alguma variedade de ambientes, cidades, florestas, planícies e até uma área costeira.
Cada tipo de tanque tem os seus pontos fortes e as suas fraquezas, atribuindo um teor estratégico às batalhas. Não é exatamente tão linear como o pedra-papel-tesoura, mas todas as unidades têm maior ou menor dificuldade contra determinado tipo de tanque/munição ou mesmo estratégia inimigas. Claro que isto é mais notório em confrontos entre equipas pré feitas (pre-made), na maioria das vezes vão deambular sozinhos pelo mapa, em partidas aleatórias, acompanhados por 14 desconhecidos sem qualquer preocupação com o vosso destino.
Confesso que a minha prestação foi péssima inicialmente. Claro que o facto de ser um tipo de jogo relativamente novo juntamente com o facto de ser a primeira vez que o jogava, indiciava que fosse "levar porrada" durante algumas partidas. Ainda assim, o nível de entrada é algo duro, e a completa ausência de um tutorial faz com que sejamos obrigados a adotar a estratégia do aprender fazendo. Existe um manual enorme para aqueles que ainda se lembram do tempo em que se lia os manuais dos jogos, afinal como qualquer mmo, existe muita informação para digerir ao mesmo tempo.
Foi só depois de várias sessões de jogo que comecei a conseguir sobreviver mais tempo e a obter umas "kills". Uma sugestão, se escolherem uma unidade com baixa mobilidade (a maioria) tentem procurar um bom sítio logo de início, escondido num arbusto ou num terreno mais alto, e estacionar por aí até os vossos companheiros com maior mobilidade conseguirem detetar um inimigo. Claro que o facto de termos uma conta especial para a imprensa, que oferece uma quantidade absurda de experiência, gold e créditos para gastar em upgrades ajudou a melhorar as minhas prestações (mas isso não interessa nada).
A experiência é utilizada para fazer investigação a novas partes para os tanques, e assim torná-las acessíveis na loja. Depois os créditos (silver credits) são utilizados para comprar e montar essas partes no tanque que quisermos. Cada tanque possui um conjunto de cinco ranhuras (slots) para equipar uma determinada peça, o motor, rádio, suspensão, arma e torre. A tripulação também tem direito ao seu próprio sistema de progressão, também ganham experiência e depois podemos escolher especializá-los em coisas como camuflagem ou reparação de tanques.
A música passa em grande parte despercebida, uns temas para criar o tom adequado antes das batalhas e uns sons metálicos quando estamos na garagem. A melhor parte deste capítulo são os sons que os tanques fazem durante o jogo, a rodar a torre, a disparar, a acelerar ou apenas a andar normalmente sobre os vários tipos de terreno. Adicionalmente cada tipo de tanque tem um conjunto de sons característicos e diferentes dos demais, o que é sempre um detalhe digno de sublinhar.
Fazendo um exercício de adivinhação, depois de algumas horas com World of Tanks vão adorá-lo ou detestá-lo. É um título demasiado característico e que ao mesmo tempo exige um elevado nível de compromisso. A minha aposta é que é um jogo para nos dedicarmos, ou ignorarmos completamente. A informação é extremamente detalhada e técnica para uma utilização absolutamente casual, conhecer todas as peças, todas as munições e respetivos calibres, todos os tanques e suas forças/fraquezas requer alguma dedicação.
Continuando com a adivinhação, no caso de criarem algum compromisso com o jogo, vai chegar a altura em que terão que escolher entre duas opções. E não se enganem, estes modelos são criados com esse propósito. Vai chegar o momento em que vão querer comprar aquele tanque em particular, aquele que decidiram, vai ser a vossa unidade principal. Nessa altura vão ter que escolher entre dedicar as madrugadas da semana a um grind de batalhas rápidas, até terem pontos suficientes para o comprar. Ou investir os tais euros e comprar o raio do tanque logo de uma vez, afinal os tipos da Wargaming até me conquistaram todo este tempo, com certeza que também merecem um pouco do meu dinheiro.
De um modo geral a ação é lenta e se morrerem são obrigados a esperar pelo fim da batalha para receber os créditos e voltar à garagem. Mesmo os tanques com mais mobilidade são lentos e forçam-nos a escolher cuidadosamente as nossas movimentações. O comportamento físico dos veículos aproxima este jogo da simulação, mas as batalhas não têm qualquer ligação histórica com os eventos da segunda grande guerra. Vai com certeza deliciar os aficionados por este tipo de unidades e eu sei que existe uma grande parte da cultura "geek" absolutamente apaixonada por esses monstros terrestres.
Sendo um mmo o jogo nunca está terminado. Mais tanques estão prometidos em atualizações futuras, e uma versão ocidental do modo Clan Wars foi introduzida recentemente. Este modo funciona ao estilo do jogo de tabuleiro Risco, corre no browser, mas depois as batalhas são realizadas dentro do cliente normal de World of Tanks. Tal como o nome indica este modo apenas está disponível para clãs.
Grande parte do sucesso de World of Tanks advém da sua originalidade e simplicidade, mas que ao mesmo tempo oferece alguma profundidade dentro da sua própria estrutura. Existem imensas possibilidades de escolha e combates sempre diferentes. O jogo foi crescendo aos poucos por direito próprio. Confesso que não sou grande fã deste tipo de batalhas, mas acabei por me divertir depois de algumas sessões de jogo. Fundamentalmente é um jogo bem desenhado dentro da sua própria especificidade, e que me deixou na expectativa em relação ao próximo título da Wargaming a ser lançado num futuro próximo, o World of Warplanes.