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World of Warplanes - Antevisão

Wargaming à conquista dos ares.

Por esta altura todos conhecerão o sucesso meteórico da Wargaming, a companhia Russa que desde 1998 tem crescido a um ritmo impressionante, sendo hoje uma referência do mercado de videojogos free to play. Os lucros obtidos têm sido canalizados para "atacar" em força o mercado ocidental, mercado esse que a própria Wargaming admitir ainda não conhecer suficientemente bem. Apesar da estrondosa rentabilidade do World of Tanks, o seu sucesso continua algo localizado no mercado Russo, onde a certa altura a plataforma que sustenta o jogo conheceu um número recorde de 500 mil jogadores ligados ao mesmo tempo.

A companhia tem realizado várias aquisições de estúdios conhecidos, caso da Gas Powered Games e Day 1, e tem inaugurado novos estúdios também, com especial foco no mercado Norte-americano. Esta direção faz todo sentido para a Wargaming enquanto companhia, primeiro porque a própria natureza do mercado dos free to play é global, longe vão os dias da distribuição localizada, e segundo porque os consumidores ocidentais já provaram aceitar os métodos de monetização destes jogos, desde que eles sejam justos.

Já quanto ao tema, há algo cultural que torna um simulador cooperativo de combates entre tanques mais apelativo para determinados mercados, e por consequência menos concorrido noutros. É um bom jogo, com um excelente modelo de monetização, mas que tem passado relativamente despercebido por cá. Este World of Warplanes é uma espécie de continuação da série de “wargames”, é assente nas mesmas bases do seu “irmão mais novo”, ficando apenas a questão se conseguirá o mesmo sucesso global deste, e se conquistará o mercado Português em particular.

“os consumidores ocidentais já provaram aceitar os métodos de monetização destes jogos, desde que eles sejam justos.”

Mais explícito não poderia ser, o próprio nome aponta exatamente para o que encontrarão em World of Warplanes, combates entre aviões de guerra retirados diretamente da história. Não sou nenhum especialista neste campo, mas existem aeronaves retiradas de vários períodos, anteriores mesmo à segunda guerra mundial, abrangendo toda a história até à guerra da Coreia. Poderão escolher veículos de quatro países diferentes, União Soviética, Estados Unidos da América, Alemanha e Japão, sendo que tal como no World of Tanks, cada país tem direito a uma árvore tecnológica onde realizamos a pesquisa (research) para obter acesso a veículos de tiers (qualidades/camadas) superiores.

A estrutura dos níveis e menus é em tudo semelhante a que vemos no World of Tanks, com a diferença que no lugar da garagem temos um hangar, onde acedemos à nossa coleção de aeronaves. O factor colecionismo é importante, e tem muito peso no jogo, termos representações exactas em 3D dos aviões a descansar na nossa garagem alimenta a vontade de comprar novos veículos e apreciar as diferenças, apreciar o desenvolvimento histórico da aeronáutica militar. De momento na beta podemos escolher livremente um de quatro veículos correspondentes a cada país, o Americano Boeing P-12, o Nipónico Nakajima Type-91, o Soviético Polikarpov I-5 e finalmente o Germânico Arado Ar 65. Cada avião tem as suas características técnicas e de combate visíveis numa pequena “tooltip”, mas também oferece uma breve descrição do período em que foi utilizado assim como pequenas curiosidades históricas sobre o avião, algo que fará as delícias dos aficionados pela história de guerra.

As unidades monetárias continuam as mesmas, experiência, créditos e ouro, que servem para a pesquisa de novas aeronaves, para módulos e modificações dos veículos e finalmente para consumíveis e reparações. Podemos trocar ouro por experiência, e antes de conseguir comprar seja o que for, precisámos completar a pesquisa primeiro. É nesta dança que entram as microtransações, vendendo a opção premium que significa maior conveniência e alguns aviões especiais, mas que não representam uma vantagem funcional sobre os outros, são mais como estatuto digamos assim. O sistema de matchmaking pareceu-me um caos, provavelmente por se tratar da versão beta, umas vezes joguei contra equipas que não davam hipótese e se comportavam como um verdadeiro esquadrão, outras em que fiquei sozinho contra dois, que enquanto me perseguiam conseguiram chocar um com o outro… “You are the last hope of your team”… “You win”. Hein? O ritmo é mais rápido do que o do World of Tanks, principalmente porque estamos em navegação permanente e porque chocar contra um obstáculo não tem o mesmo resultado como deverão imaginar.

O lado estratégico continua a ser importante, mas o jogo pareceu-me um pouco mais tolerante ao erro, podemos arriscar mais, até porque também é mais fácil fugir se necessário. Os controlos exigem alguma habituação, porque é praticamente impossível acertar nos adversários antes de estabilizar o avião, ao mesmo tempo que sempre que mudamos de direção o avião se move imediatamente mas demora a acertar a rota indicada. Inicialmente andava meio perdido, até porque não é fácil distinguir os objetivos no mapa, e a deteção dos inimigos também é meia aleatória. O mini mapa é uma boa ajuda, e está dividido numa gralha estilo batalha naval, as secções do eixo vertical são denominadas por letras, e as do eixo horizontal por números. Assim, logo que um parceiro deteta um inimigo, avisa o sector onde este se encontra. Por exemplo, “aproxima-se um esquadrão pela D4”.

Uma das vantagens de jogar a beta com uma conta de imprensa, é que as unidades monetárias são praticamente infinitas, e por isso pude comprar o avião que quis, melhorá-lo ao máximo e espalhar o terror pelos céus. Com uma fuselagem de topo, um motor capaz de grandes acelerações e uma metralhadora que “já dói” é mais simples, e foi assim que me diverti, quase sempre a jogar de “fighter” nos vários tiers.

“É um estilo mais livre, no sentido em que nos podemos armar em Tom Cruise sozinhos, sem ter que ser imediatamente julgado pelos colegas de equipa.”

Não me pareceu tão estratégico como o World of Tanks, é um estilo mais livre, no sentido em que nos podemos armar em Tom Cruise sozinhos, sem ter que ser imediatamente julgado pelos colegas de equipa. Algo terrível para os novos jogadores, particularmente se com um mau sistema de matchmaking. A opção Tom Cruise é tentadora, mas o jogo de equipa continua a ser fundamental. Tem um peso decisivo na probabilidade de ganhar, talvez não o mesmo que no World of Tanks, mas na mesma direção.

Passei a antevisão a trata-lo como uma sequela, porque ele é ligado por natureza ao World of Tanks, a “currency é a mesma, a comunidade é a mesma, só não percebo porque o cliente do jogo não pode ser o mesmo. Uma das maiores curiosidades que fica com esta suposta trilogia que acabará com o World of Warships, é o que fará a Wargaming para de alguma forma oferecer mais sinergias entre os jogos. Não tem necessariamente que ser gameplay cruzado, mas em termos de incentivo para a comunidade se manter ativa nos dois jogos em simultâneo.

Sinceramente pareceu-me que tem tudo para ter pelo menos o mesmo sucesso do antecessor, continua a não ser um título “para todos”, mas tanto em relação às mecânicas como à temática é mais abrangente, capaz de apelar a mais pessoas para pelo menos experimentar. O longo período de beta prova a preocupação da Wargaming em disponibilizar o jogo o mais afinado possível, cá estaremos quando decidirem que está pronto.

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