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WRC 2 World Rally Championship - Análise

No quintal de Loeb.

O "gameplay" foi alvo de alterações e não correu pelo melhor. Usando os carros das categorias inferiores, os da categoria R2, S2000 e produção, chega a ser possível fazer especiais quase sempre de acelerador a fundo, ou doseando o acelerador e travão, que o carro praticamente segue por uma trajetória de grande acessibilidade desde que tenhamos o cuidado necessário. No ano passado, pelo menos existia uma sensação de peso no automóvel que se refletia especialmente nos pisos de terra. Velocidade a mais à entrada de uma curva significava despiste pela certa e as reações do veículo, especialmente na parte traseira promoviam bastante "feedback" em termos de deslize.

A sensação de peso do automóvel, naquilo que representa sentir o carro, é pouco compatível com o que já vimos das melhores propostas do género. Isto para dizer que falta-lhe "grip", isto é, sentir a tração das rodas à saída das curvas. O deslizar de traseira é quase inexistente e nas poucas situações em que o carro descreve um "oversteering" a animação padece e gera dificuldades para quem segue com a perspetiva de aproximação à traseira, sendo quase inexplicável como uma coisa destas sucede numa sequela.

De um modo geral a sensação que se tem é que o ritmo de velocidade se torna demasiado rápido, sendo que até mesmo as curvas negociadas com base no travão de mão se completam a velocidade espantosa quando o esperado era um controlo mais orgânico dos carros.

Abordar as corridas de forma cautelosa é uma boa forma para evitar danos que possam atrasar a chegada à meta e precipitar os veículos para problemas que afetam a sua eficácia. Tal como sucedia no ano passado, as zonas afetadas ficam assinaladas primeiro a amarelo para os choques mais suaves e a vermelho quando há uma grande afetação dessa secção do carro. À medida que embatem durante as especiais a carroçaria vai acumulando pára-choques quebrados, vidros partidos e outras zonas arranhadas. O motor passará por dificuldades e a caixa de velocidades pode dar sinais de esgotamento.

Nessas circunstâncias, se continuarem a aumentar o ritmo, o mais certo é que o carro entregue a alma ao criador. Então o jogo colocar-vos-á a seguinte questão; se pretendem desistir do rali ou enveredar pela super especial, que permite a continuação na prova com o carro já reparado, mas com um minuto a somar ao tempo do último classificado na especial em que foram forçados a abandonar. Será difícil alcançar os pontos ou voltar aos lugares do pódio se era lá que militavam, já que o mais certo é perderem muitos pontos, mas sempre permanecem em prova e podem aprender as restantes especiais.

Quanto à dificuldade alerto para os mais entusiastas selecionarem a configuração para "expert". Menos que isso e não terão dificuldades em completar as especiais na frente e progredir com grande facilidade dentro do "Road to WRC". É um modo mais exigente em termos de danos e que porá à prova a vossa capacidade para estabelecer um ritmo seguro dentro das especiais. O navegador vai deixando indicações sobre se estão a melhorar os tempos ou se fizeram alguma secção para esquecer.

Gameplay em Berlim

O "Road to WRC" será o modo individual mais requerido. Terão assim de começar uma carreira comprando um carro para participar nalgumas especiais de famosos ralis do mundo. No princípio a estrutura da equipa encontra-se algo limitada, mas depois de obterem alguns objetivos mínimos terão créditos suficientes para adquirir pessoal qualificado, como gestores, mecânicos e engenheiros, "staff" imprescindível para assegurar o desenvolvimento do carro. À medida que vão completando as épocas descobrem novos campeonatos e terão o WRC à mercê. A progressão é lenta e existe uma sensação de "achievement" quando são postos à prova em campeonatos mais evoluídos.

Opções são dadas ao nível da escolha de mecânicos e gestores. O envolvimento destes elementos é essencial para descobrir novos patrocinadores e assegurar o desenvolvimento e pesquisa de novas componentes para o automóvel. Há imensas temporadas para percorrer e algumas poderão ser repetidas recorrendo a outros veículos. Neste modo encontram-se outras categorias como os carros que participaram no rali safari do Quénia como o Lancia Delta "Deltona" ou Toyota Celica e ainda os temíveis veículos grupo-B dos anos oitenta. Contudo e apesar das transformações implementadas, a progressão decorre de forma algo previsível depois de descoberto o mecanismo de transformação, que não passa de uma forma quase automática de saltar por entre várias categorias de evolução

Um ano depois esperava mais ambição num jogo com a chancela WRC, pelo menos ao ponto de se posicionar como uma alternativa de peso diante de outras alternativas para o género dos jogos que abraçam o desporto motorizado. Continua a valer pela forma como representa as características desta modalidade competitiva mundial e nota-se que a Blackbean tentou proporcionar algo mais. Pena que as alterações tenham sido escassas e que as categorias de novos veículos assim como um campeonato reestruturado não sejam suficientes para disfarçar as dificuldades em erigir uma proposta com mais ambição. É um jogo suficiente para satisfazer os adeptos da modalidade, mas ainda há muito trabalho pela frente.

6 / 10

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