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WRC 3 - Análise

Efeito Loeb.

Não será tão cedo que o campeonato do mundo de ralis conhecerá outro piloto capaz de superar os recordes obtidos por Sebastian Loeb, este fim-de-semana ampliados com mais um triunfo no mundial. O seu domínio tem sido de tal modo avassalador durante a última década (com nove troféus mundiais e mais de setenta vitórias), que mais nenhum outro piloto que pretenda chegar à mesma fasquia poderá dar-se ao luxo de perder tempo à espera de vitórias. Seja como for, Loeb já tem o seu nome perpetuado a ouro na história do automobilismo desportivo.

Porém e para eventual satisfação dos seus mais diretos rivais, o piloto francês já comunicou a sua intenção à equipa Citroen de cumprir parte de algumas provas do campeonato do mundo do próximo ano. O binómio vencedor Loeb/Citroen vai chegar ao fim, abrindo portas para outros campeões e novas rivalidades, sendo claro que a saída do francês da modalidade é feita pela porta grande.

Do nosso Armindo Araújo, o português que pela primeira vez cumpriu uma temporada completa do WRC da atual geração, não há motivos para tanta satisfação. Preterido por Chris Atkinson antes do rali da Alemanha, foi como uma punhalada no estômago a decisão da Ralliart Itália, equipa que estivera com Armindo Araújo nos dois campeonatos do mundo de produção com a Mitsubishi. Certo é que o piloto de Santo Tirso não mais competirá até ao final do ano e as suas possibilidades para o próximo ano estão agora em estudo.

Para a Milestone, equipa que tem em mãos a licença do WRC, esta terceira edição é também um desafio e uma oportunidade para brilhar num campeonato do mundo virtual que habilita qualquer fã e amante dos carros de rali a percorrer as principais pistas do mundo. Entre terra batida, gravilha, lama, asfalto molhado, seco e com neve, o périplo mundial continua a ser um grande aliciante, sob o alto patrocínio da FIA, entidade organizadora que permite a utilização das marcas, carros e pilotos que integram a caravana que continua a eleger Portugal como ponto de passagem.

Estão assim reunidos elementos para contar com a atenção dos fãs. A última edição do jogo foi algo desconsolada. Quando se esperava que a Milestone pudesse dar um passo em frente após um primeiro jogo razoável, o resultado final deixou um amargo de boca. Consciente da necessidade de melhorar aspetos como grafismo, jogabilidade e modos de jogo, a Milestone conseguiu triunfar em alguns capítulos do jogo, ainda que numa perspetiva geral esteja alguns furos abaixo daquela que deveria ser uma experiência mais orgânica e empolgante.

O ponto de maior transformação é o apartado visual. Para isso a Milestone apostou num motor gráfico que lhe permitiu melhorar a apresentação dos automóveis e do espaço envolvente. O resultado deste esforço permitiu à equipa conseguir um resultado mais próximo do que vemos noutros jogos de automóveis, agora com mais detalhe, criando uma impressão mais realista e desportiva das máquinas.

O Spikengine permitiu à Milestone trabalhar com outro alcance não só nos bólides, como também nas pistas e especialmente nos efeitos de luz, de modo a garantir mais autenticidade e aprumo visual. Esse sempre foi um dos maiores desapontamentos da edição do ano passado. WRC 2 não contava com um visual ao nível da geração. Desta vez, em WRC 3, podemos dizer que os carros já se aproximam do que vemos num Gran Turismo 5, ainda que a animação em pista deixe a desejar quando vemos em replay.

Gameplay Rally Vodafone Portugal

Contudo, não só é louvável e aplaudível o esforço encetado pela Milestone, como também nos dá uma ideia de que o seu jogo de ralis evolui no rumo certo. Porque a Milestone sabe e não pode perder de vista que muitos dos compradores do seu jogo jogaram clássicos como Colin McRae 2 ou até o dificílimo mas apto a simular a experiência Richard Burns Rally. E depois as mais recentes edições da Evolution, também com o nome WRC. WRC 3 ainda não está dentro do nível proporcionado pelos melhores, mas está mais perto de o conseguir.

WRC 3 conta com as principais marcas do mundial. Citroen, Ford e Mini são as marcas que mais carros entregam, mas temos ainda a Wolkswagen com o novo Polo tripulado por Ogier (que muitos apontam como o futuro campeão) e muitos carros de produção e da classe S 2000. Depois há também outros modelos de gerações passadas, especialmente os carros do grupo B dos anos oitenta e os primeiros WRC de finais dos anos noventa como o Subaru de Colin McRae. A oferta é grande e variada. Os WRC são os carros mais velozes e com maior capacidade de tração controlada, embora os antigos do grupo B sejam impressionantes por força das acelerações desmesuradas. Antes da partida temos a oportunidade para ver mais de perto os veículos.

É aí que vemos depressa como os carros estão mais detalhados. A pintura brilha, há reflexo da luz solar, as óticas possuem um aspeto espelhado, os pneus destacam-se das cavidades e exibem os sulcos para as rugosidades em terra enquanto que no asfalto revelam uma textura macia. E em andamento, com a perspetiva em modo perseguição vemos o pneu sobresselente no interior. Na prática os carros estão bonitos e mais detalhados.