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WRC

Audácia de campeão!

O mesmo sucede no rali do Japão e da Nova Zelândia, provas disputadas na lama. Em secções mais densas a vegetação envolvente como que se funde com o piso e escurece demasiado o cenário sendo muito difícil reconhecer por onde é a trajectória. Noutras condições onde a luminosidade é abundante, ou seja, nas provas de asfalto ou gravilha, a visibilidade é óptima e oferece as condições ideias para incrementar velocidade.

A ausência das super-especiais (dois carros dentro do mesmo circuito) faz-se sentir. Praticamente todos os ralis inauguram a prova tendo por base uma classificativa espectáculo, que permite ver pilotos em confronto. No rali de Portugal está bem concebido o estádio de Faro Loulé, no entanto desaproveitou-se a possibilidade para fazer uma classificativa mais atractiva. O único aliciante é mesmo começar e acabar no percurso montado dentro estádio, isto em duas especiais.

O desenho das classificativas não é idêntico aos troços reais. O que existe é um preenchimento através de um mínimo comum de casas, pontes e outros pontos de referência retirados das zonas verdadeiras. As características das curvas e tipologia do percurso, mais ou menos acidentada, foram aproveitadas com sucesso, estando assim em oferta ralis bastante distintos. Neste percurso não podemos deixar de apontar o rali de Portugal como sendo um dos mais fantásticos graças ao encadeamento sucessivo de curvas rápidas e de média velocidade, garantias de um deslizar fidedigno e bastante emotivo.

Há um efeito, nem sempre perceptível, de "blur" nas laterais cada vez que imprimem mais velocidade e que acaba por implicar uma sensação de desfoque sobre as margens da pista.

Uma paisagem agradável e tranquila. Todos querem ver a caravana.

As perspectivas sobre o veículo oferecem desde o mais arcade, na forma de perseguição, duas alternativas, adequadas para quem preferir o pad, mais duas perspectivas interiores e outra sobre o capôt. Esta última é a melhor para se usar com um volante. Curiosamente, neste seguimento, não é tão acentuada a sensação de "blur" lateral". Mais que isso o campo de visão sobre a pista é privilegiado, garante outra ambiência em termos sonoros e sobretudo permite inserir o carro em curva de forma mais incisiva.

A jogabilidade é um dos pontos altos deste WRC. A melhor forma de a pôr à prova passa pelos diferentes pisos e condições que afectam os percursos, tendo sempre a particularidade do rali da Suécia disputado sobre neve. É sempre uma ausência de peso a ausência do rali de Monte Carlo pela condução delicada que também exige, mas com 13 provas pela frente os acertos do carro para cada prova constituem uma inevitabilidade.

WRC não é um simulador. Interessa-se por muitas dessas características e é por aí que se posiciona nos lugares da frente, conseguindo um compromisso muito eficaz quando se triparte a condução pela terra, gravilha, asfalto e lama. Nos ralis de terra e gravilha a sensação de condução toca níveis muito amplos de satisfação imediata. Claro que em grande parte depende dos carros escolhidos e sempre oferece esclarecer que as viaturas menos potentes do J-WRC e S-WRC servem para uma introdução à condução já que os bólides do P-WRC e depois as "bestas" do WRC, principalmente estas, quase saltam quando se lhes imprime um pedal a fundo.

Concurso para o salto em comprimento.

Nos ralis de asfalto é mais complexa a aproximação à realidade, mas sente-se a rigidez do automóvel, qualquer que seja a classe, em virtude da suspensão mais apertada, definições que deixam o carro mais fixo na trajectória e, claro sem exageros nas curvas rápidas e controlando com o travão de mão nos ganchos, é implacável no arranque. Nota-se sobretudo o efeito de "colagem" ao asfalto nos carros potentes. Nas categorias inferiores alguns veículos tendem a ficar descontrolados na passagem de uma zona rápida para lenta, quando se corta no acelerador e se principia a travagem. À primeira tentativa para curvar, muitas vezes e de forma inexplicável o carro só para nas imediações, contra uma pedra ou árvore, o que é frustrante. Já as viaturas mais potentes conferem outro valor. Agarram-se e com pedal a fundo não há como abster-se do assobio do turbo cada vez que entra em acção para incrementar a potência extra.

No final há que distinguir os carros do WRC e P-WRC dos restantes. Estes últimos, mais lentos e de comportamento por vezes duvidoso, permitem uma rápida aprendizagem, seja através de pad, seja pelo volante. Os carros do P-WRC são mais agressivos, mas não oferecem tanta tracção, enquanto que as máquinas do WRC exigem um domínio mais prolongado de atingir mas tremendamente recompensador. Esse tempo de aprendizagem é diferente consoante joguem com comando ou volante. O comando é eficaz para depressa bater tempos e não correr tantos riscos, principalmente nos ralis de asfalto (é mais difícil controlar a tracção e manter o carro na trajectória correcta), mas é outra água quando se junta um volante altamente apto para a tarefa.

A activação de algumas assistências como controlo de estabilidade e de travagem em parte limita a experiência, razão que nos leva a tomar como aconselhável desligar essas ajudas e atacar o piso com firmeza, contrabercando inúmeras vezes na terra e gravilha e sendo incisivos no asfalto.