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WRC

Da neve escandinava ao calor da Jordânia.

Para chegar à frente mais depressa do que os outros é imperativo começar por percorrer o ecrã de afinação nos mais diversos parâmetros. Para os menos habituados estão lá a explicações todas com os efeitos que cada alteração provoca. Uma vez em pista o objectivo é concentrar na condução: apertar o acelerador e ser o mais eficaz possível em cada curva. O comportamento e sensação de controlo do veículo encoraja. Sentimos quando temos o carro controlado e a "bailar" por entre as curvas rápidas dos Mil Lagos, serpenteando em ritmos constantes que nos levam a querer chegar ainda mais depressa, sendo que quando exageramos e, tal como na realidade, o desafio mostra-nos de pronto a cara mais feia. É "gostoso" percorrer de lado uma curva aberta longa, mas se não prepararmos o carro e não aceitamos a indicação que o co-piloto nos dá para a curva seguinte, para uma redução, iremos para fora da pista, podendo dar origem a um embate que não perdoa em danos como poderá o carro afastar-se para uma zona repleta de vegetação, sendo mais lento na recuperação até ao trilho de prova.

Se na Finlândia a combinação de curvas se opera geralmente entre alta e média velocidade, no meio de saltos e outros perigos, o rali da Suécia põe como obstáculos os bancos de neve, o gelo e as curvas estreitas. Até a abordagem da condução tem de ser definida para cuidadosa. Um peão por exemplo pode arruinar qualquer chance para um tempo de topo. É que o vosso carro fica atravessado e com pouca margem para marcha-atrás ficam ali retidos durante um bom pedaço até o devolverem à rota ideal.

Em qualquer dos ralis, porém, a sensação de peso e a forma como o carro balança em curva obedece a um compromisso de exigência, sem contudo, ser frustrante ou demasiado veemente. Cada vez que passamos por uma lomba com mais velocidade o carro descreve um salto e aterra com severidade, dando a impressão que a estrutura de suspensão aguenta ainda que sons metálicos de sufoco propaguem nesse instante.

A condução através do interior é emocionante. Só fica mais difícil perceber as reacções do veículo.

Os acidentes são inevitáveis, muitas vezes em proporção daquilo que achámos ser confiança suficiente para atacar o relógio. E à custa dessas saídas de pista surgem os problemas: danos na suspensão, carroçaria amolgada, espelhos e vidros partidos, mudanças que não entram, motor a perder potência, suspensões afectadas, aerodinâmica a menos, enfim, uma série de vicissitudes que pegam destaque e vos atrasam ainda mais na discussão pelos tempos mais rápidos. WRC dá-vos os condimentos necessários para que façam uma condução rápida e entusiasmante, mantendo o carro dentro dos limites. Para já, na versão que acompanhámos, estivemos limitados a dois ralis. No entanto a Blackbean promete entregar um total de 78 pistas divididas por 13 ralis, onde militará o nosso rali disputado na região do Algarve desde que regressou ao mundial – não escondo as saudades de Fafe e Arganil.

Por enquanto e pelo que experimentamos, o novo WRC vai ganhando forma ao mesmo tempo que pretende rivalizar com alguns clássicos do género. Não será objectivo central impor um visual de referência para os jogos de automóveis, ainda que para um entusiasta deste género se perceba que o real valor destes produtos se deposite na condução. WRC ainda não está concluído, faltando perceber, entre outros pontos, qual será o feedback da condução nos famosos ralis de asfalto. De qualquer modo e para já, dá sinais de atacar o relógio com confiança.

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