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Xeodrifter - Análise

À conquista do espaço.

Não é tão profundo como um Metroid, nem revela melhorias, mas resulta numa experiência satisfatória de plataformas.

Constituída por um punhado de programadores indefectíveis, a Renegade Kid (Texas), fundada por Jools Watsham e Greg Hargrove, tem encontrado nas portáteis da Nintendo (primeiro a DS e agora a 3DS) o espaço perfeito para dar a conhecer as suas produções. Porém, o último jogo do pequeno estúdio independente que ainda nos atravessa a memória, Mutant Mudds, acabou por se tornar num título multiplataformas (PC, PS3 e Vita), embora as suas características em matéria de 3D e profundidade devido à alternância entre plataformas, tenham contribuído para um relevo especial da portátil da Nintendo.

Três anos depois e findo um período de escassa produção, os texanos regressam à portátil 3DS, com Xeodrifter, um título fortemente inspirado na série Metroid, combinando elementos com Castlevania, figurando por isso como mais um no quadro do género metroidvania, mas desta feita com um design típico, ou melhor, próximo das produções retro de 8 bit. Embora com pormenores minimalistas, atenta a pouca produção da personagem principal, não deixa de ser um jogo trabalhado e bastante agradável à vista.

Perspectiva dos dois ecrãs.

Para começar, controlamos a nossa nave no espaço, tendo quatro planetas como possíveis destinos. Ali chegados é possível gravar o jogo e passar directamente à exploração. Na tela inferior da 3DS temos quatro ecrãs onde figuram os quatro mapas dos planetas. Embora com algumas diferenças face à série Metroid, este modelo é muito mais próximo da estrutura clássica de Mega Man, pois em Xeodrifter começamos o jogo sem dispor de equipamento que nos permite explorar outros problemas. Por exemplo, enquanto não derrotarmos o primeiro boss, não podemos mergulhar na água. Só depois da aquisição do equipamento correcto podemos avançar mais um pouco noutro ponto do planeta.

A ausência de linearidade torna a experiência agradável e mais desafiante. Com novas armas e melhor equipamento não só descobrimos novas áreas e contornamos mais obstáculos como ainda podemos enfrentar criaturas mais complicadas em batalhas que tendem a ser favoráveis assim que descobrimos o padrão de ataque do nosso oponente. Ao princípio revelou-se algo inusual o salto do protagonista, demasiado amplo e solto. Colisões com inimigos em movimento ou quedas sucessivas de plataformas podem ser inevitáveis enquanto não estamos devidamente adaptados. De resto a técnica de disparo acaba por facilitar quando queremos abrir caminho mais rapidamente para evitarmos embates desnecessários.

A barra de saúde não é muito grande, pelo que com pouco cuidado somos facilmente eliminados numa área. Porém, abundam os "checkpoints", principalmente em pontos decisivos do mapa (muitas vezes antecedendo uma batalha crucial), o que nos permite continuar a aventura sem limite de vidas. Com a instalação de melhores upgrades que podemos gerir através do ecrã inferior, os indicadores de saúde tendem a aumentar. A gestão dos poderes e melhoria do equipamento é realizada através do ecrã inferior por via de uma interface simples e eficaz, ainda que o tamanho dos botões e opções seja diminuto. Mas diante de uma concentração tão grande de opções não restava outra alternativa, a não ser através da utilização de menus.

Xeodrifter oferece uma óptima reinvenção dos clássicos. Sendo que Metroid é o jogo que mais nos acompanha nesta jornada que não é muito longa, mas também não cai em exageros agudos de "backtracking", parece no entanto faltar-lhe um design mais marcante, tendo ainda em conta a pouca extensão do jogo. Os bosses, por exemplo, são criaturas relativamente banais, sem grandes sprites. Ao contrario, em Super Metroid a batalha final é épica e dificilmente se apaga da memória de quem completou o jogo, o mesmo sucedendo com Metroid e Metroid II. Em Xeodrifter esses encontros não atingem metade da dimensão épica. Talvez o estreito período de produção justifique o resultado menos marcante.

Não obstante, é uma experiência razoável, um jogo indicado até para estes dias, oriundo de um estúdio que por diversas ocasiões demonstrou ser capaz de tocar nos jogadores mais veteranos e que encontram em muitas produções retro, marcadamente 8 bits, uma recondução a alguns clássicos.

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