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Yakuza Ishin fora da Europa: Teimosia da SEGA ou a dura realidade?

Será que teremos Yakuza Zero na Europa?

Yakuza: Ishin (Restoration) está disponível desde 22 de Fevereiro no Japão, onde acompanhou o lançamento da PlayStation 4 no seu país de origem, mas até ao momento parece destinado a juntar-se a Yakuza: Kenzan! e, infelizmente, a Yakuza 5 como exclusivos desse território. Existem vários rumores que indicam que Yakuza 5 poderá ser localizado pela Atlus e não pela SEGA, mas a sensação é mesmo que o jogo lançado originalmente em Dezembro de 2012 para a PlayStation 3 continuará a escapar das mãos dos Europeus. Será que nem a PS4 vai impedir que Ishin sofra o mesmo destino? Com Yakuza Zero em desenvolvimento e sendo de uma enorme importância para qualquer fã devoto que se emocionou e apaixonou com o primeiro Yakuza na PlayStation 2, é um limbo amargo no qual nos encontramos quando pensamos nesta nossa adorada série.

O jogo pode ser adquirido usando uma conta PlayStation Network Japonesa, ou de Hong Kong se preferirem, onde custa perto de €41, mas por muito esforço que invistam para aceder a traduções (e por muitas indicações que o jogo ofereça para prosseguir) não é a mesma coisa do que termos nas mãos um produto que conseguimos absorver em toda a sua plenitude. Ficamos encantados com o cenário, com o ambiente, com as músicas, com as cutscenes, com o gameplay e com os personagens mas não conseguimos compreender tudo. Toda a mensagem que o jogo nos tenta apresentar, toda a essência da reprodução da cultura Japonesa não nos é transmitida na sua totalidade e ficamos sempre a pensar que estamos a perder muito. Ainda assim é uma boa alternativa para saciar os mais devotos fãs que não arriscam ficar sem o jogo.

Mas a questão é óbvia: porque é que a SEGA decidiu não lançar o jogo no Ocidente quando já lançou cinco jogos? Além de Yakuza e Yakuza 2 na PlayStation 2, tivemos Yakuza 3, Yakuza 4 e Dead Souls na Europa, portanto ficamos a pensar sobre o que se terá passado para a SEGA ter mudado de postura. Que estamos perante uma série de nichos todos nós sabemos mas apesar de todos os prémios de excelência que a série já conquistou ao longo dos anos, também no Japão o jogo não é propriamente um título que venda consolas e que trepe pelas tabelas de vendas. Recentemente, soubemos que as coisas podem não estar muito boas para a SEGA em termos financeiros portanto será de esperar que exista maior cautela nas decisões.

Podem descarregar esta demo da PSN Japonesa e terem uma amostra de Ishin.

Não nos podemos esquecer de Black Panther: Like a Dragon New Chapter e Black Panther: Like a Dragon Ashura Chapter para a PSP que ficaram exclusivos do Japão. Aqui poderemos sempre pensar que, tal como disse ainda esta semana a Square Enix, as companhias Japonesas acreditaram que existia um declínio na popularidade da portátil no Ocidente e não consideraram viável financeiramente o seu lançamento fora do Japão. Na verdade, até no Japão venderam muito abaixo do que é habitual na série. Mas e quanto à PlayStation 3 e PlayStation 4, a primeira recebeu três jogos da série e na segunda estava uma oportunidade de ouro para lançar um exclusivo cujo número é ainda relativamente baixo. O que será que está a motivar a SEGA a considerar que os produtos não serão viáveis fora do Japão? Será que não está mais disposta a ceder às pressões de uma minoria e foca-se de vez no Japão ou será que é apenas um infeliz resultado da sua fragilizada situação económica?

Em Maio, em entrevista com o Gamingbolt, a SEGA declarou que Ishin foi lançado em duas plataformas para que um maior número de pessoas pudessem ter acesso ao jogo mas que não tinha quaisquer planos para o lançar no Ocidente. Foi ainda revelado que em cerca de dois meses o jogo vendeu 390,000 unidades no Japão, mais que as totais 360,000 de Ryu ga Gotoku: Kenzan logo temos um jogo que é um dos poucos exclusivos de uma consola que acabou de nascer e que gera por si só interesse, especialmente numa época menos movimentada, a vender mais do que um jogo numa plataforma já com bons alicerces na altura do seu lançamento. Logo fica a questão porque é que a SEGA não procurou capitalizar com a situação, será que não quis ou não podia?

A dura ideia que fica é que a SEGA não pode mesmo dar-se ao luxo de lançar Yakuza fora do Japão. Precisa que outras séries no seu reportório lhe dêem dinheiro para se poder aventurar, o caso de Dead Souls por exemplo. As vendas da série no Japão têm sido consistentemente superiores à Europa e América do Norte juntas, perto de alcançar um milhão de unidades vendidas mundialmente (no caso de Yakuza 3 excedeu) mas Yakuza 5 vendeu menos que todos os outros jogos numerados na série no Japão. Isto poderá ajudar a perceber os receios da companhia. Apesar de receber 40/40 na Famitsu e de ter um público fixo, a SEGA poderá ter sentido a necessidade de não arriscar e a cruel decisão de deixar o jogo pelo Japão foi a que mais sentido fez para a própria.

Para os poucos milhares de jogadores que ficam sem acesso ao jogo, a questão também poderá ser porque é que não existe uma versão que inclua pelo menos a língua Inglesa para motivar a importação, ajudando a SEGA a matar dois coelhos de uma vez só: permitia que o jogo chegasse aos fãs de todo o mundo e escusava de investir mais dinheiro na promoção e lançamento do jogo em vários novos territórios. Infelizmente, Ryu ga Gotoku é lançado apenas em Japonês e como um produto que se foca tanto para representar a cultura Japonesa, é forte na sua história e no seu diálogo logo temos que perceber o que lemos para desfrutar em pleno.

O que isto abona para o futuro é algo que não é muito bom para os Europeus. A série arranca na nova geração pronta para emular os passos na saída da anterior, exclusividade Japonesa e uma completa chapada nos fãs que a seguiram durante quase 7 anos. Yakuza 5 foi considerado como o mais ambicioso na série, utilizou um novo motor de jogo, teve um período de desenvolvimento mais longo e teve um dos mais ricos enredos em toda a série, nem isto motivou a SEGA a procurar colmatar despesas com possíveis ganhos no Ocidente. Logo, o futuro fica altamente incerto quando pensamos que perdemos Yakuza 5 e Ishin para perder Yakuza 0, as coisas ficam ainda mais dramáticas.

Yakuza 0 é um prólogo que deverá ser lançado em 2015 no Japão e tendo em conta que tradicionalmente os jogos demoraram perto de um ano a chegar à Europa (Yakuza 2 demorou dois anos e chegou com uma nova geração já em pleno funcionamento) ficamos praticamente sem esperanças mas ainda assim ela existe. Poderá ser um lançamento exclusivamente digital e com o apoio de outra editora mas é quase fulcral que a série termine bem na anterior geração para arrancar nesta nova. Yakuza 5 e 0 são altamente importantes para os fãs, muito mais do que Ishin, e seria fenomenal que fossem lançados por estes lados.

Resta agora saber se o pico registado com o terceiro jogo e as vendas similares de Yakuza 4 não foram por terra abaixo quando Dead Souls mostrou a série no seu pior. Agora a questão é: acham que a SEGA está a ser razoável ou prática ao virar a cara aos fãs e que não lhe iria dar assim tanto lucro quanto isso, especialmente tendo em conta a sua situação financeira, ou estamos apenas perante estratégias confusas e má gestão?

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