Zombie Army Trilogy - Análise
Hitler tem um trunfo na manga e não é o seu bigode.
Os acontecimentos da Segunda Guerra Mundial já foram retratados nas mais variadas formas, em muitos casos dando um toque de ficção, contando a história numa outra vertente. Zombie Army não tenta sequer ser sério ou credível neste aspeto, é tão simples quanto "Hitler lança a sua última cartada para tentar vencer a guerra ativando o plano Z". Como é óbvio, o Z é a forma Zombie, colocando todo o exército Nazi em movimentos lentos, desprovidos de pensamento, tendo como único objetivo a aniquilação da raça (exército) humano.
Aqui pouco importa a história, ou o que nos leva a percorrer até mais um checkpoint. Aqui importa é sobreviver, e neste aspeto Zombie Army funciona de forma brilhante. Desenvolvido nos estúdios da Rebellion, Zombie Army Trilogy traz a primeira expansão Sniper Elite: Nazi Zombie Army e a sua sequela Sniper Elite: Nazi Zombie Army 2, num só pacote, agora para a nova geração e com o acrescento do terceiro capitulo. Esta expansão a solo tem como base o Sniper Elite V2, lançado em 2013, por isso poderão esperar muitas semelhanças em termos de gameplay.
"Apesar de serem mortos vivos, não se iludam com a sua lentidão, pois irão aparecer zombies terrivelmente rápidos, com armas, e duros de roer."
Apesar de ser um shooter, aqui temos a visão na terceira pessoa, dando uma maior sensação de vulnerabilidade, pois vemos o nosso soldado em apuros. Se quisermos comparar com outro jogo, Left 4 Dead é o mais próximo a nível de estrutura. Somos quatro soldados (temos a opção de escolher entre 8 personagens, 4 homens e 4 mulheres) cujo objetivo primário é deter o ataque Zombie Nazi, recolhendo as relíquias que supostamente estão a dar-lhes vida. Pelo caminho Hitler fará de tudo para vencer a guerra.
A estrutura do jogo divide-se em três capítulos, com diversas missões cada um. Não temos muito por onde personalizar, nem as nossas armas. Apenas temos acesso a um menu de loadout, podendo aqui escolher o armamento para cada categoria. As personagens estão pré-personalizadas e as armas são o que são, sem possibilidade de qualquer melhoria. No início de cada missão podemos escolher a nossa arma primária, sempre ligada ao Sniper, e a secundária que poderá ser uma caçadeira ou uma espingarda automática. Por último temos acesso a uma arma mais pequena, revolver de diversos tipos, e diversas minas e granadas, gastando neste caso unidades, pois podemos levar cinco apenas.
Pessoalmente não senti nenhuma diferença entre cada arma dentro da sua categoria, nem mesmo nos tempos de carregamento ou disparo. Por outro lado, é extremamente vital o bom uso de cada arma. A sobrevivência está ligada diretamente à estratégia usada para cada checkpoint. Cada missão é constituída por diversas zonas/arenas, que iremos alcançar quase em linha reta. Em quase todas as missões teremos diversos tipos de desafio. Alguns são mais fáceis, como limpar casas ou estradas. Mas algumas demorarão muito mais tempo, e a dificuldade aumenta substancialmente, pois são um tipo de arenas onde temos que aguentar as diversas vagas de zombies.
Apesar de serem mortos vivos, não se iludam com a sua lentidão, pois irão aparecer zombies terrivelmente rápidos, com armas, e duros de roer. Por outro lado, este é um dos casos em que um grupo unido faz a diferença, isto para ambos os lados. Os Zombies atacam em grupo e se os primeiros são carne para canhão, a enorme multidão de zombies fará com que comecemos a ficar sem munições, elevando ainda mais a dificuldade. Do lado dos soldados, a comunicação entre o grupo é importante para podermos vencer as vagas. Ao entrar em algumas arenas é quase certo que iremos morrer na primeira vez. Não conhecemos o terreno, não sabemos como os zombies vão atacar e assim não sabemos que estratégia usar.
Apesar de podermos jogar a solo todas as missões dos três capítulos, o que não deixa de ser um enorme desafio, mesmo na dificuldade normal, Zombie Army Trilogy ganha a sua magia no modo cooperativo de quatro jogadores. Podemos entrar em salas de forma aleatória, caindo a meio do jogo em determinada sala, ou podemos formar uma aliança com os nossos amigos e partir para a aventura na Segunda Guerra Mundial, versão Zombie.
A versão testada foi a PlayStation 4, onde temos acesso a uma particularidade interessante, que é a coluna de som embebida no nosso comando. Nesta coluna iremos ouvir os sons aterradores dos Zombies, principalmente se estiverem bem perto de nós. É quase como que um radar zombie, fornecendo uma maior imersão e proximidade com a ação.
Sendo uma versão zombie de Sniper Elite, e como os zombies têm morte imediata se acertarmos na cabeça, é mais que normal que usemos de forma constante a Sniper. Em zonas mais "calmas" dei por mim a tentar obter as X-Ray Kill-cam, onde consegui, num só tiro, limpar três zombies. O motor de jogo está interessante, mas muitas coisas "más" são escondidas pelos diversos filtros que o jogo tem. Temos missões a preto e branco, e outras extremamente coloridas. Não é nenhum portento gráfico, mas cumpre com o objetivo e tem pormenores deliciosos, como quando uma porta abre na escuridão de um túnel, onde saem imensos zombies com um enorme foco de luz por detrás deles.
Um dos maiores problemas de Zombie Army Trilogy poderá ser a rotina das missões. Não iremos variar muito no que fazer. No fundo é matar e matar zombies, aguentando vagas e mais vagas durante largos minutos. Isto em si não é mau, mas quando acabamos uma missão dificilmente iremos repetir, pois a forma como os zombies se comportam é sempre igual, por isso já estamos à espera de X força, em Y lugar e tempo certo. Peca também pela falta de diversidade em termos de jogabilidade. Não podemos usar qualquer tipo de sistema de proteção, não podemos saltar (mas podemos saltar por cima de muros carregando num botão), tornando o jogo demasiado horizontal.
Zombie Army Trilogy é divertido, principalmente se jogarmos com amigos. É um jogo que levará algum tempo para podermos concluir, com uma dificuldade aceitável nos modos normais. O valor de repetição não é muito elevado para este gênero de jogo, pois quando descobrirmos as mecânicas de cada checkpoint facilmente podemos finalizar. A ausência de um modelo de personalização e progresso das personagens poderá afastar alguns, principalmente aqueles que olham para a repetição como meio de valorizar a personagem. Os bosses, e o tempo para os derrotar, é onde está a maior dificuldade. Mas se são pessoas com o dedo quente e gostam de ação non-stop com amigos (mesmo com amigos desconhecidos online), este jogo é para vocês. Se esperam um jogo com elementos mais personalizáveis, um jogo mais táctico, então levem em conta a simplicidade de todo o processo de jogabilidade.