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007 Goldeneye Reloaded - Análise

Haverá limites para a maquilhagem de um clássico?

Permitam-me começar por dizer, não sou grande fã de FPS´s. Não quero com isto dizer que não gosto deste tipo de jogos, longe disso. Simplesmente julgo que é um dos géneros mais estagnados da indústria, e por isso já há muito tempo que não me dedico seriamente a um FPS. Digamos que deixo de me divertir muito rapidamente, mesmo em modo multijogador. Mas nem sempre foi assim. Em tempos houve um FPS que me custou muitas horas de sono, muitos comandos com analógicos estragados, e muitas discussões com os amigos, falo claro, de 007 Goldeneye para a saudosa N64.

O clássico da Rare é talvez a melhor exceção para a regra que diz que os videojogos inspirados em filmes são maus. Numa altura em que o género era muito raro nas consolas, Goldeneye combinou um modo "singleplayer" excelente com um multijogador terrivelmente viciante, e conquistou o seu lugar na história. Esta versão Reloaded já não é novidade, trata-se de uma conversão da versão da Wii, mas com uma atualização gráfica que tenta tirar partido do poder da PS3 e X360.

Multijogador em ecrã dividido.

Recriar um clássico adaptando-o a conceitos de jogo modernos é uma jogada arriscada. Existe a possibilidade do produto final não apresentar uma ligação suficientemente forte ao original para agradar aos nostálgicos. E ao mesmo tempo corre o risco de desiludir aqueles que estão habituados aos FPS modernos. Julgo que este 007 Goldeneye Reloaded fica a meio destas duas premissas. O jogo faz um bom trabalho em se manter original, ao mesmo tempo que consegue oferecer referências subtis ao clássico de 1997. No entanto, o modo principal está longe do brilhantismo do clássico da N64, e os ambientes estão longe do detalhe e da qualidade de outros FPS no mercado. Mas vamos a uma coisa de cada vez.

A narrativa é como um plágio do script do Goldeneye original. Os factos são os mesmos, mas contados de formas diferentes. O protagonista é Daniel Craig, que vem tirar o lugar a Pierce Brosnan, ator original do filme e protagonista do primeiro jogo. Os produtores decidiram dar um ar moderno a Reloaded, e assim o 007 atual é o herói do jogo. Os eventos continuam a envolver uma missão em conjunto com o nosso colega 006, um salto de uma barragem, um helicóptero roubado, e um super vilão com um "master plan" por trás de tudo isto. Muitos dos ambientes serão imediatamente familiares a quem jogou Goldeneye, incluindo o excelente nível das carruagens de comboio, que inexplicavelmente nesta versão tem só três carruagens. As outras personagens continuam as mesmas, mas com aspeto diferente. Só foi pena a personagem de Boris ("i am invencible!") ter ficado esquecida.

Os controlos são substancialmente diferentes do original, e adaptados à jogabilidade de hoje utilizando os dois analógicos. E sim, era extremamente divertido e inovador com um analógico na altura. O sistema para apontar é semi-automático, permitindo acertar nos inimigos a distâncias ridículas, que fariam inveja ao próprio Lucky Luke. Basta que o cursor esteja perto da área de determinado inimigo, e quando apontamos, a arma enquadra-se automaticamente com o nosso alvo. Temos também um conjunto (limitado) dos clássicos "gadgets", óculos de visão noturna, silenciador, e um smartphone que tem a sua própria utilidade dentro do gameplay, para fotografar determinados objetivos e piratear sistemas informáticos. Enfim, o canivete Suíço moderno, Bond tinha que ter um.

Nível da neve não foi esquecido.

O Ritmo é dos melhores aspetos de 007 Goldeneye Reloaded. O jogo é absolutamente linear, nada a dizer neste aspeto, mas o ritmo da ação mantem-se constante, e variada o suficiente para nos manter interessados. A ação alterna entre grandes confrontos (um homem contra um exército), segmentos em que somos incentivados a jogar de forma "stealth", zonas onde temos que utilizar o smartphone para completar um objetivo, e por último, alguns diálogos que fazem avançar a parte narrativa.