Game Boy
25 anos de tradição portátil.
Tetris é outro jogo que acaba por se associar ao êxito da consola. Uma espécie de cartão de entrada para a lista dos jogos disponíveis para a portátil. O inexcedível apoio dado pela Nintendo, seguido posteriormente pelas “third partys” resultou num fluxo de vendas crescente e nunca visto para uma portátil até então. Ficou ainda comprovado que nem só de grandes gráficos se fazem bons jogos.
Motivada pela dinâmica das consolas caseiras, a Sega optou por discutir uma fracção do mercado das portáteis, cabendo à Game Gear levar por diante a tarefa. O grafismo superior, detalhado e sobretudo colorido parecia dar vantagem à máquina, mas o excessivo consumo das baterias e a falta de jogos cativantes pesaram mais na hora da decisão. Sem concorrente ao mesmo nível, o Game Boy continuava a marcha triunfante.
Pelo meio ainda sobrou tempo para desenvolver alguns acessórios exclusivos e geradores de alguma curiosidade. A máquina fotográfica (de definição bastante limitada) e a impressora que lhe servia de complemento, permitiram alargar o âmbito da consola, gerindo fotografias em interacção com personagens e pontuações máximas, um acervo de memórias para a posteridade, para lá de um mero sistema dedicado à promoção dos jogos.
A preponderância de Gunpey Yokoi
Não sem menos relevo e com directa influência na evolução da indústria está o criador por detrás da Game Boy, um criador de jogos e pioneiro no desenvolvimento das portáteis. Yokoi juntou-se muito cedo à Nintendo, no começo da década de 70, mas o seu principal legado começou a ser edificado a partir dos sistemas electrónicos Game & Watch, que, como o nome indica, permitiam o acesso a um jogo integrado na máquina e a leitura das horas. A popularidade e adesão aos aparelhos foi de tal modo assinalável que foram concebidos bastantes jogos a partir de séries em crescimento como Donkey Kong, Super Mario e Zelda.
Na década de oitenta vulgarizaram-se os aparelhos portáteis com um visor LED e que à custa de uma pilha de relógio asseguravam tempos de jogo infindáveis. Mudava-se a pilha quase de meio em meio ano. A dada altura da década de oitenta, Yokoi apercebeu-se que os japoneses ocupavam o tempo das deslocações de casa para o trabalho a fazer pequenos jogos a partir das máquinas calculadoras.
O processo de evolução, ditaria, assim entendeu, algo mais complexo. Pequenos jogos que pudessem ser transportados e utilizados para esses momentos. Assim nasceu a Game & Watch. Para lá da influência que teve no design da NDS (sobretudo o modelo Lite ou DSi) foi nestas pequenas máquinas de um só jogo que Yokoi desenvolveu o d-pad, um único botão que permite deslocar a personagem para várias direcções. Sem ter chegado a patentear a invenção a verdade é que influenciou a forma como se joga, sendo o mecanismo plenamente solicitado nas consolas da corrente geração.
Mas Yokoi ficou ainda ligado ao desenvolvimento de muitos jogos para o Game Boy. Super Mario Land, Metroid II Return of Samus, Dr Mario, Fire Emblem, entre muitos outros. Saiu da Nintendo em 1996, um ano depois do lançamento da Virtual Boy, a única nódoa de todos os produtos em que esteve associado.
A Virtual Boy prometia a concretização de uma nova forma de jogar em três dimensões. Mas falhou. Na fase de entrada da PlayStation, a máquina era tudo menos ergonómica, cara (200 dólares) e os jogos estavam completamente datados. Não é seguro afirmar que o fracasso do Virtual Boy tenha sido a carta de despedida da Nintendo, até porque nos tempos imediatos ainda permaneceu como consultor, apesar de ter criado a sua própria empresa. Antes de morrer tragicamente num acidente de carro em 1997, o produtor ainda esteve ligado ao desenvolvimento da consola portátil da Bandai, a WonderSwan.