Conferências Microsoft, Nintendo e Sony
Em avaliação as três grandes na E3 09
Sony
A Sony voltou a fechar as hostilidades da E3. Nem sempre a tarefa fica mais simples, afinal ainda estão frescos na retina as novidades apresentadas pelas concorrentes, sem que isso, porém, sirva de handicap. Pelo contrário. E numa primeira apreciação diga-se que a Sony voltou a carregar na duração da conferência. Duas horas, longa, mas ao invés das anteriores, mais focada nos jogos – Jack Tratton falou em 364 jogos a caminho, muito objectiva e com bom ritmo.
Recuperando o atraso da praxe, entre 5 a dez minutos e uma voz de senhora, no meio de uma interessante batida “techno”, a pedir que os presentes fossem ocupando os lugares, pois a conferência iria arrancar em momentos. Não podia ter começado melhor. Uncharted 2 é um assomo de animação e cor. Entre explosões, presenças de helicópteros que obstruem passagens, as cores são tão vivas, que ninguém fica indiferente à obra da Naughty Dog.
No ano pasado a Sony tinha em Mag uma das grandes surpresas. Um FPS com mais de 256 jogadores em cena não é obra para qualquer um, mas pela demonstração há margem para surpreender, embora este jogo não colha a simpatia generalizada da plateia. De seguida a divulgação da nova PSP – a PSP GO! representou um dos pontos altos. Afinal a marca não vai desprezar a sua portátil e permanece apostada em alargar as qualidades dos sistemas portáteis já que a GO é menos hardcore que a PSP 3000. Mais pequena, sem entrada para UMD’s e com uma interface resguardável é o centro multimédia que irá gerar um importante conjunto de funções sendo que poderá correr jogos e demonstrações a partir dos descarregamentos digitais (a forma paralela de distribuição assegurada pela Sony). Ainda ficam algumas dúvidas como a duração da bateria e outras especificações, mas o preço de 250 dólares é um apreciável convite à aquisição.
Por fim e há muito desaparecido, Kazunori Yamauchi subiu ao palco. Na mão uma PSP GO com o novo Gran Turismo (voilá!) a correr sem qualquer espartilho, contou. Entre outras novidades o jogo correrá a toda a carga, 60 frames por segundo, 800 carros, 35 pistas, 60 configurações, possibilidade de disputar corridas com mais quatro amigos via rede sem fios, partilha de dados e co-operação. Sem demonstrações ou vídeos “in-game” o trailer pré renderizado causou sensação.
Hideo Kojima não falou de Metal Gear Solid Rising, nem de uma hipotética sequela para MGS4. Antes reforçou a lista de jogos vindouros para a PSP com Metal Gear Solid Peace Maker. Nas palavras de Kojima Peace Maker será a verdadeira sequela de Metal Gear Solid 3. E se há um par de meses se falava na PSP como a consola esquecida, os indicadores nesta fase da concorrência serviam para considerar errada a afirmação. Entre Little Big Planet, Motorstorm Artic e outros, jogos não faltam para a PSP nos próximos tempos.
Na PS3 os anúncios de novos jogos (entre excluivos) interpolavam com outros já conhecidos. InFamous, Uncharted 2 e eis que pelo meio, sem grande ruído e a passar praticamente despercebido, Tretton passou um historial de produção da Rockstar, para anunciar Agent como exclusivo para a PS3. Poucos dados. Apenas que decorrerá no final da década de 70 e que terá ligações perigosas. Numa onda de anúncios muito concisa e segura seguiu-se Assassins Creed II da Ubisoft, bastante aplaudido e com umas sequências de relevo. Embora sem Kitase e Toryama no palco, FF XIII marcou presença – foi divulgada uma nova metragem. Pese embora a falta da exclusividade neste título para a Sony este foi um momento fundamental assegurando que não só vai estar com um conjunto seguro de títulos pujantes como ainda causou perplexidade quando Tretton anunciou que para o próximo ano chegará para a PS3 o FF XIV. Não era engano. Foi uma paradinha, um truque para revelar o novo mmorpg da Square Enix para a PS3 e PC.
Dos mesmos produtores de Eye Toy a Sony não quis perder o comboio do casual gaming nem deixar a Microsoft levar os louros das perspectivas da pessoa enquanto novo comando. Mais comedida, a Sony mostrou o novo comando de movimentos, - motion controller - um pequeno comando com uma esfera na ponta, capaz de gerar diferente luminosidade e responder de forma muito precisa aos movimentos causados pelo jogador. Da quantidade de objectos manipuláveis e situações inverosímeis há uns poucos anos, seria uma questão de tempo até a Sony entrar nas interfaces com sensores de movimento. Sem colocar tanto risco e explicação no modelo como sucedeu com o Project Natal há bastante optimismo quanto à evolução desta tecnologia agora divulgada pela Sony. Não conquistou os presentes com tanta surpresa, mas integrou-se no ritmo objectivo, realista e determinado da conferência que, adiante-se, há alguns anos não se via nas conferências da Sony.
No ano passado Little Big Planet destacou-se não só pela personagem de tremenda empatia como abriu um capítulo fundamental nos jogos de criação, partilha e utilização dos conteúdos erguidos pelos jogadores. Da San Diego Studios Mod Nation Racers palmilha o mesmo rumo, com a paixão das corridas arcade ao bom estilo Mario Kart, mas com uma quantidade impressionante de parâmetros a modificar.
A caminhar para as duas horas de palestra Tretton refere o jogo de Fumito Ueda e que completa a trilogia depois de Ico e Shadow of the Colossus. Ex-Trico, o trailer de The Last Guardian, mais completo e vivo do que o vídeo posto a circular tempos antes, arrebatou a audiência. Um dos momentos altos da conferência. Os aplausos e gritos no final foram genuínos. Por esta altura só faltava God of War 3, mais impressionante e visceral. A Gran Turismo 5 faltou a data de lançamento, mas considerando-se o envolvimento da série com as licenças do WRC e da Nascar torna-se mais perceptível a razão de tanto atraso. Kazunori quer entregar uma bíblia dos automóveis.
A Sony fechou a conferência com jogos e ainda que muitos deles estejam distantes do horizonte, objectividade, pés na terra e realismo foram as principais notas a reter numa apresentação ganhadora. A Sony quer levar o ano a sério, mostrar que ainda há muito trabalho pela frente para a PS3, mas que podem contar com a marca para os grandes momentos. Sem se perder em números, tabelas e outros exageros os jogos foram o prato forte ao longo de duas horas e de todos os formatos. Não deixou escapar uma surpresa como a do Project Natal, mas no resto foram mais fortes.