Demon's Souls
Cruz para herói carregar!
Há bastante tempo que os jogadores asiáticos e norte-americanos desfrutam deste RPG de acção da From Software, um exclusivo Sony PS3 que tem sido alvo de recepções mistas, sobretudo se o perspectivarmos pela exigência e entrega que assaca do jogador. Ausente do território europeu, pensava-se que não haveria editora interessada em pegar nos seus direitos. Eis, porém, que a Namco-Bandai decidiu partir para a tarefa e não fez por menos para agradar aos possíveis fãs europeus (embora por esta altura muita gente o tenha importado), lançando o jogo ao preço habitualmente praticado, combinando uma cópia, banda sonora e um muito útil manual de estratégia, numa edição denominada “Black Phantom Edition” toda para VIP’s a preço regular. É altura por isso de os europeus desembrulharem o pacote e observarem muito bem como funciona este role-play de características altamente incomuns para um género que pedala a bicicleta com as mesmas mudanças faz tempo.
À partida e nos primeiros avanços por Boletaria, a terra mítica, muitos elementos compatibilizam-se com o mais tradicional que há em rpg’s; escolha de personagem, desenvolvimento de respectivos atributos e capacidades, recolha de objectos e equipamento útil, armamento adequado, compra e venda do mesmo, reparação e muita acção em confronto directo contra inimigos de dificuldade variável. A determinação do tipo de personagem, diante de um grupo de dez classes disponíveis, não é tão estanque como se vê noutros jogos do género. Aprendendo a desenvolver magias e outros truques, o lutador ficará suficientemente desenvolvido mesmo que esteja em causa um cavaleiro ou um bárbaro.
É também dentro desses instantes iniciais que se dá o processo de adaptação e conhecimento das regras de combate. Uma fase assistida com todo o tipo de explicações indispensáveis para ao fim de pouco tempo avançarem por conta própria e risco. Durante o “tutorial” os inimigos são afastados com ligeireza e parece que o jogo se desloca por uma aparente facilidade estranha, até que contornados uns pontos são esmagados pelo primeiro “boss” e enviados para uma zona central, uma espécie de “lobbie” chamada Nexus que vos permite entrar nos vários mundos e interagir com mercadores e outros NPC dotados de particulares elementos como magias e ferramentas de combate que podem ser obtidos mediante a entrega de avultadas somas de almas acumuladas, um pecúlio que juntam a partir do momento que retiram a vida dos inimigos e sobretudo das criaturas de fim de nível.
Porém, ao perderem a vida nos instantes iniciais, dão logo conta do primeiro aspecto que torna este RPG único num género ancorado largos anos sob os mesmos princípios. É que não só são atirados para o começo da área por onde começaram a avançar como ainda ficam sujeitos à forma de alma e com isso perdem aproximadamente metade do indicador de vida e de resistência física, atributos que deixam a personagem fragilizada mas não impossibilitada de prosseguir a demanda e recuperar o que perdeu. Ou seja, não só têm de começar outra vez tudo de novo como ainda perdem aquilo que acumularam, nomeadamente objectos e almas retiradas dos inimigos. No caso de terem ficado sem alguns objectos valiosos, nada fica perdido, pois na investida imediata, se chegarem perto do ponto onde morreram anteriormente ainda podem recuperar os bens que transportavam, bastando para isso pisar um indicador com uma tonalidade própria, as “bloodstains”. Isto é, podem recuperar sempre mas a gravação atende apenas aos bens que levavam da última vez, pelo que acontece sistematicamente perderem irremediavelmente almas, o que torna o processo particularmente moroso se precisarem de um bom monte delas para fazer um “upgrade” ao equipamento e às vossas características.
Para agudizar a tarefa não poderão gravar a progressão senão a partir do último ponto que permite a ligação ao nexus, podendo estes pontos ser encontrados em diferentes localizações de cada mundo, embora muito distantes entre si. Por outro lado uma pausa no jogo para alterar equipamento de combate ou mexer em objectos aplicados para certas funções, não impede que a acção decorra e o vosso personagem seja atingido por inimigos que o tenham descoberto. Com segurança e para evitar surpresas desagradáveis deverão mexer no quadro de opções quando estiverem livres de potenciais adversários por perto.
Nada está perdido e aos poucos conseguem recuperar da aparente dificuldade desmesurada quando vencem uma criatura de fim-de-nível ou adquirem uma pedra rara, duas formas para recuperarem a forma humana e necessariamente a plenitude dos indicadores de vida. A má consequência dessa recuperação é que o protagonista faz mais barulho ao movimentar-se e pode atrair invasões dos Black Phantom.
Ao circularem pelo Nexus acederão às portas das 5 diferentes áreas por que se divide Boletaria. Enquanto não derrotarem o Boss da primeira área não poderão escolher outras áreas. Uma vez ganho esse confronto poderão progredir pelas restantes áreas de forma gradual o que acaba por ser tolerante se encontrarem dificuldades na progressão de alguma zona, pelo menos é mais confortável ter mais opções para progredir.