A tecnologia de The Hunt: Showdown leva o survival horror para um novo nível
Visuais CryEngine de topo criam uma experiência singular.
No seu melhor, a tecnologia de renderização não torna apenas um jogo bonito, tem uma relação íntima com o gameplay e é por isso que vale bem a pena jogar The Hunt: Showdown da Crytek. Neste fascinante survival horror na primeira pessoa para vários jogadores, o CryEngine não é usado apenas para o tornar bonito. Sim, tem bom aspecto e está à altura dos padrões AAA, mas a tecnologia é fundamental para criar os momentos de maior impacto e para estabelecer a sua atmosfera singular.
Mesmo a premissa básica do jogo é diferente, baseado no conceito de até cinco equipas de dois jogadores que enfrentam mortos-vivos, procurando pistas sobre os locais dos bosses para os destruir e escapar - sempre evitando ou enfrentando outras equipas. É brutal em sessões rápidas e cria uma sensação de suspense incrível. O CryEngine renderiza ambientes sombrios à imagem de um pântano em Louisiana no início do século - um local arrepiante onde a atmosfera fica ainda melhor com um áudio perturbador. Muito do gameplay está desenhado em torno da experiência audiovisual, jogar com o que podes ver e ouvir, o que os outros podem ver e ouvir de ti. O som por si só cria tensão de formas que relembram mais um singplayer. O jogo recomenda usar headphones e vale bem a pena.
Mas são as funcionalidades de topo do CryEngine que dão verdadeiro poder à experiência - especialmente como a Crytek usa a iluminação global. O solução de iluminação global usada permite que a luz seja reflectida pelos cenários em tempo real, criando sombras secundárias e iluminando áreas que apenas são iluminadas de forma directa. O impacto é enorme no gameplay: os inimigos encaixam melhor no cenário, o contraste entre zonas iluminadas e não iluminadas cria uma sensação de tensão e dá-te momentos chocantes quando compreendes o quão perto estás de um zombie. Por vezes até é o áudio que te dá a localização precisa de um inimigo.
Além da iluminação global, o jogo faz uso de nevoeiro volumétrico, que se espalha pelas áreas interiores, onde os feixes de luz iluminam o ar - à noite podes atirar um flare e ver o que está à tua frente e ver feixes de luz por entre as árvores. Ter este tipo de experiência num jogo multi-jogador, onde a tecnologia de topo melhora o gameplay de forma atmosférica, é raro e merece elogios. O facto é que este é um jogo multi-jogador e isso significa que todos estes sistemas podem ser explorados pelo jogador - o uso das pistas por áudio revela as posições dos inimigos, mas também revela a tua.
The Hunt está construído em torno do uso avançado do CryEngine e precisamos falar dos requisitos. Os sistemas de iluminação em especial podem ser exigentes na GPU, mas são essenciais para atmosfera e equilíbrio do jogo. A iluminação global avançada é importante para a experiência e desactivá-la tornaria muito mais fácil ver os jogadores escondidos pelas sombras indirectas ou pelos feixes de luz. Remover as funcionalidades não tornaria The Hunt visualmente pior, mataria a experiência. O que isto significa é que The Hunt precisa mesmo de um PC decente.
O resultado final é claro - existem apenas três definições visuais e a única diferença real está na resolução interna e fidelidade dos efeitos. Num sistema equipado com um Ryzen 7 1700X e uma GTX 1070 a 1080p, tive apenas um aumento de 25% na performance ao descer de high para low, e um aumento de 10% ao passar de high para medium. O campo de profundidade pode ser desactivado, mas não ajuda muito na performance, e além disso, ajustar as várias formas de anti-aliasing SMAA e motion blur são apenas vectores para aumentar ainda mais a performance.
Em termos de requisitos GPU, os utilizadores Nvidia precisam de uma GTX 1070 para correr este jogo no máximo, a consistentes 60fps a 1080p e 1440p60 apenas é possível em low. Passando para equipamento mainstream, a popular GTX 1060 apenas consegue correr em low se quiseres 1080p60 fixa. A equivalente RX 580 da AMD porta-se muito melhor com uma performance similar em medium. Poderá estar relacionado com a dependência do shader computacional no renderizador do CryEngine e como a iluminação global também faz uso intenso da GPU. The Hunt é um jogo exigente e ainda está em acesso antecipado por isso poderá ser precisa alguma atenção dos engenheiros da Nvidia para melhorar a performance.
O facto de estar nos primeiros dias abre a porta para mais afinamentos ao invés das três pré-definições que temos. Seria fantástico poder escolher quais os efeitos que são reduzidos. Ser capaz de escolher iluminação global sem comprometer o nível de detalhe seria muito útil.
Algo que favorece The Hunt é o suporte para 30fps, com um ritmo de fotogramas correcto quando a v-sync está activa - muitos jogos PC não apresentam isto, mas os nossos testes demonstram uma sólida consistência. Infelizmente, a Crytek não implementou suporte para comando - o controle com o rato não é muito bom a 30fps no geral e isso acontece aqui.
Mesmo em acesso antecipado, recomendo The Hunt: Showdown. Sou um fanático pelo CryEngine e tenho de admitir que fiquei reticente com a natureza multi-jogador do jogo, mas a experiência Crytek é única e o uso de técnicas avançadas que recompensam directamente em termos de gameplay é um exemplo de como as consolas de nova geração podem fazer uma diferença genuína nos jogos que jogamos. Actualmente, o custo é claro - jogar The Hunt no seu melhor, mesmo a 1080p, é preciso muito poder GPU.