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Donkey Kong Country: Tropical Freeze - Análise

Planeta dos macacos.

As batalhas contra os chefes no fim de cada mundo constituem momentos de particular desafio. O primeira luta é relativamente simples. Contra um leão marinho num "half-pipe" que lhe permite escorregar e operar uma série de mortais durante o salto, descobrimos que estes combates dividem-se por três segmentos de ataques, todos com operações diferentes, e que a passagem de um segmento para o outro está dependente da actuação decisiva de Donkey Kong, que deverá atingir o oponente por três vezes. A escalada de dificuldade vai sendo maior à medida que são colocados diferentes obstáculos e tudo se torna mais periclitante. Uma das minhas lutas favoritas decorre no final do quinto mundo. Punch Bowl é um urso polar que está a descansar tranquilamente sob uma plataforma de gelo flutuante, quando a entrada destrambelhada de Donkey Kong no seu reduto causa uma erupção que projecta para a água o delicioso gelado com que se entretinha. É uma batalha particularmente exigente e muitas vidas serão queimadas, com alguns game over pelo meio, até se memorizar a sequência de ataques deste animal feroz e possante, mas que põe à prova quase tudo o que aprendemos a realizar em termos de movimentos até esse momento.

Blocos gelatinosos.

Juntamente com os níveis mais clássicos de plataformas, voltam a ter lugar as sequências de velocidade por intermédio de certos veículos, uma imagem de marca da série. A mais conhecida é o vagão que permite a Donkey Kong rolar sobre carris, desta vez com mais algumas viragens que brincam com o efeito tridimensional, mas o mecanismo de jogabilidade ainda é o mesmo. Depois há o tronco flutuante, com o qual o símio atravessar os canais e ainda o pipo foguete, mais difícil de controlar mas talvez o mais divertido dos três por ser um meio de transporte totalmente manobrável. E não nos podemos esquecer do rinoceronte Rambi, parceiro de longa data e capaz de levar tudo à sua frente, perfurando rochas e outras secções de maior densidade. Montado no seu dorso, Donkey Kong adquire confiança redobrada e o comando, embora não muito diferente desde o tempo da Rare, proporciona sempre aquela sensação de assumir as rédeas do jogo. Contudo, a gestão destas mecânicas não é muito diferente do que vimos em DKCR, pelo que há quase uma repetição e um sentido de continuidade. Nesta parte a Retro Studios podia ter ido mais além e oferecido ainda mais alternativas, ainda que na hipótese do vagão haja segmentos que oferecem mais desafios ao permitir o salto entre diferentes linhas num plano horizontal com obstáculos.

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A produção musical trouxe novas melodias às mais conhecidas e composições que penetram bem no design e conceito gráfico dos níveis, com uma variedade muito significativa e aprazível. Os trechos musicais estão bem organizados e sintonizam-se com as acções, especialmente nas batalhas finais. Visualmente é um jogo muito limpo e rico visualmente. Há bons efeitos e uma evolução bem patente perante o quadro gráfico de DKCR. A renderização tridimensional dos fundos contribui para um aumento do realismo, com um forte impacto em termos de animação muito à custa dos 60 fps que são garantia de um quadro visual muito completo e marcante.

Como tradicional jogo de plataformas em duas dimensões, Donkey Kong Country Tropical Freeze oferece uma experiência bastante desafiante e "old school". É o típico jogo que quer proporcionar prazer imediato, sem grandes delongas. Tudo aquilo que há de tão bom neste tipo de jogos, como a jogabilidade e a sensação de física, foi refinado, juntamente com uma expressão visual mais realista e apurada. No entanto, a Retro Studios optou por uma linha de continuidade face a DKCR, o que explica o afastamento relativamente às funcionalidades do GamePad (não obstante proporcionar visionamento do jogo pelo ecrã do comando), a abstinência de um modo online e a não inclusão de quatro jogadores na mesma partida. Porém, Tropical Freeze proporciona momentos desafiantes e de grande satisfação. Descobrir todas as saídas alternativas, apanhar todas as letras, peças do puzzle, entre outros desbloqueáveis, é algo que só se consegue com o domínio seguro dos movimentos do nosso protagonista. E sob uns seguros 60 frames, o quadro visual que desfila diante dos nossos olhos é do mais entusiasmante, algo que pode ser testemunhado individualmente ou com um segundo jogador, para que não sobrem dúvidas sobre a riqueza deste planeta dos macacos.

8 / 10

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