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Final Fantasy XIII

Fantasia final cinematográfica.

Ao aceder ao “Crystalium”, o jogador tem a possibilidade de adquirir melhorias ou técnicas novas com os pontos CP obtidos nos combates. Tendo um cristal como origem, temos uma linha que vai avançado consoante os pontos gastos e que nos deixam obter a melhoria desejada. Alcançado determinado nível e quantidade de cristais adquiridos, o jogador ganha alguma liberdade para escolher quais os atributos que quer melhorar, mas contrariamente ao sistema “Sphere Grid” de Final Fantasy X, aqui não temos uma disposição por personagem como um todo, pois cada personagem tem uma “árvore” de cristais diferente para cada classe. Melhorias relacionadas com o HP e força dos ataques físicos e mágicos são atribuídas à personagem e amealhadas como um todo. Mas as habilidades específicas da classe só podem ser acedidas depois de adquiridas na respectiva árvore e acedendo a essa classe durante o combate.

É mais uma componente a conferir tons tácticos ao sistema, pois o jogador tem total responsabilidade no evoluir dos seus personagens e más escolhas poderão forçar a treinos intensos para ultrapassar determinada área, isto se essa gestão não for feita a pensar na diversificação de talentos à disposição. Caso tudo isto não seja suficiente para combater as muitas ameaças que irão ter pela frente, vamos ter ainda o apoio das tradicionais e míticas figuras poderosas que marcam presença em todos os jogos da série. Chamados geralmente de “Summons”, estas criaturas mágicas, invocadas pelo jogador, são aqui chamadas de Eidolons. Ao contrário do que é tradicional, aqui cada personagem apenas tem direito a um Eidolon, e terá que conquistar o direito a o invocar, vencendo um combate contra ele. Estas criaturas mecânicas dão um aspecto peculiar a figuras bem conhecidas dos fãs, pois para além de uma forma mais próxima da que conhecemos, podem transformar-se numa outra que evidencia fortemente a sua natureza mecânica.

O sistema Crystalium permite que o jogador evolua os personagens a seu gosto.

Quando invocado, o Eidolon surge e as outras duas personagens saem de cena, ficando a somente a personagem do jogador e a inteligência artificial a controlar o Eidolon. Assim que preenchida a sua barra de especial, via dano aplicado ou recebido, podemos entrar no modo “Gestalt” que é quando a transformação se dá e ambas as personagens se juntam para combate. No caso de Lightning, o seu Eidolon é Odin que se transforma num cavalo. Lightning monta este cavalo mecânico e envergando duas espadas poderão efectuar cinco ataques diferentes, que o jogador ordena seguindo a lista no ecrã. Caso queiram, poderão ainda invocar um especial que também ele relembra os golpes mais épicos da série com que estas personagens nos brindaram.

Durante as sequências de introdução e na aplicação do seu golpe mais poderoso, somos brindados com mais um atestado de qualidade, o visual do jogo. Desde cedo a Square Enix prometeu que o jogador seria brindado com um motor de jogo espantoso e de grande qualidade, e Final Fantasy XIII espanta a cada passo dado. Com uma grande atenção e foco dado à escala dos cenários, os momentos de tom épico são mais do que muitos. Ambientes variados repletos de cor e pormenor, dão vida a um mundo que verdadeiramente dá significado à palavra fantasia. O esquema linear quase que consegue ser esquecido, pois o jogador é convidado a ficar perdido na admiração deste mundo por explorar, que consegue estar a par do que de melhor se viu nesta geração. As personagens também elas são apresentadas em modelos com grande detalhe, desde as roupas e acessórios, às suas faces e movimentos repletos de expressividade.

Na sua componente técnica e artística, Final Fantasy XIII é tão forte quanto o seu próprio nome deixa sugerir e alguns momentos são simplesmente brilhantes de presenciar. Claro que a componente sonora também ela é alvo de grandes exigências e mais uma vez, tudo parece ser tão bom quanto se poderia esperar. Se frequentemente os fãs se queixam dos trabalhos efectuados pelos actores na conversão para a língua Inglesa, Final Fantasy XIII não é um desses casos e pode até ser a excepção à regra. Desde Lightning a Snow, Sazh ou Fang, todas elas conseguem apresentar-se com um belo desempenho e só mesmo Vanille permanece ainda naquele lugar estranho frequentemente visto. Claro que o material original não seria recusado, mas a qualidade atenua altamente esse desejo e ajuda a contribuir para os contornos cinematográficos desta fantasia. O trabalho de Masashi Hamauzu na banda sonora de Final Fantasy XIII é um dos pontos de referência a nível pessoal e tornou-se num dos melhores trabalhos, se não mesmo o melhor. Algumas sonoridades fogem ao tradicional e para uma direcção bem-vinda e graciosa. Temas como “Defiers of Fate” já são bem conhecidos dos fãs, dos trailers e dos sites oficiais, e toda a banda sonora revela uma qualidade soberba que me conquistou sem quaisquer hesitações.

Os Eidolons fornecem grandes momentos visuais.

Esta aventura empolgante e arrebatadora faz-se com sumptuosidade nos ouvidos e mestria no visual durante uma longevidade que não se afasta dos moldes da série. Para terminar a aventura principal irão ser precisas cerca de 60 horas, com personagens num patamar aceitável e com várias missões secundárias cumpridas, mas para completar todos os desafios, conquistar todos os Troféus/Conquistas de jogador, vão ser necessárias bem mais de 100 horas. Obter todos os itens, conquistar todas as classes, cumprir todas as missões secundárias e explorar todos os cantos deste mundo é algo nas linhas daquilo a que todos estão habituados.

Na sua essência, Final Fantasy XIII permanece fiel à série mas a nova direcção deixa-o susceptível a críticas face ao distanciamento de moldes tradicionais. A relação de qualidade nesta série sempre esteve intimamente ligada às experiências pessoais de cada um e tal será preponderante aqui. Enquanto que para uns será um produto restritivo, linear e desmotivador, para outros será uma empolgante viagem na qual somos guiados por um mundo que continua ainda fortemente assente no que de melhor a série alguma vez nos ofereceu.

Final Fantasy XIII volta a fazer aquilo que faz melhor, estabelece uma nova referência e volta a reinventar-se, oferecendo uma experiência diferente de todas as que vieram antes. Os altos valores de produção permitem uma experiência cinematográfica como nunca antes vista no género e a linearidade é uma servente deste elemento de elevado destaque. No entanto é uma componente de grande relevância que ao contrário do pretendido não vai agradar a todos.

9 / 10

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