Passar para o conteúdo principal

Forza Motorsport 3

Divertimento para lá do volante!

Logo que abrem o jogo a estreita introdução leva-vos para onde está precisamente Forza Motorsport 3, entre a atenção ao mais ínfimo pormenor, belos automóveis como fonte de emoções, condução impiedosa e acesa competição. Os instantes iniciais do trailer de inauguração captam, sob alguns ângulos fechados, o vermelho flamejante do Audi R8 V10. É tentador o aspecto polido e brilhante da carroçaria. A abordagem serena e contínua em redor do carro impõe respeito, mas por instantes prende-se o olhar no interior, numa prospecção imediata do grau de luxo e abundante negro distinto. Não seria ainda um desportivo extremo sem a turbulência e ferocidade provocada por um V10 tecnologicamente avançado, a última imagem antes de sair para o sinuoso, pintado a borracha e algo desgastado, asfalto da montanha de Montserrat.

Um pelotão de carros danados desce com valentia, coeso. Cada um desafia a posição imediata. Com o Audi R8 em destaque, eis que este cede com volúpia a posição ao veterano Audi R10 tdi, num parto tecnológico extremo, engrenando uma quarta velocidade numa notável sonoridade, para tomar a dianteira já na mítica adrenalina de La Sarthe, onde cada curva e recta se cumpre com o peso de quase um século de história. Está lançado o perfeito “rolling start”. A realização segue a voracidade dos LMP1 em Le Mans e abranda num regresso a Monserrat, entre drifts e rails amolgados pelas incidências ousadas, num périplo imediato por competições desportivas preponderantes no continente asiático, australiano e norte-americano.

É uma entrada bastante concisa, acolhedora do sentido transversal de FM3, um jogo que congrega elementos e liberta doses de opções para agradar aos vários sectores dentro dos jogos de carros e também mercados. Da primeira iteração que a apresentação e carácter da série obedece a um manto de elegância e consistência no alinhamento e concretização das corridas. Não há grande show off – o vasto público sabe disso, Forza é tudo sobre carros, pura beleza e como estes podem provocar experiências excitantes e sobretudo credíveis, num desafio à realidade.

Fujimi Kaido põe mais pressão sobre os pneus. Constantes rampas e descidas apertadas motivam os drifts.

Os menus têm uma apresentação mais limpa, minimal, sóbria, mas sobretudo o esquema de opções é mais funcional e organizado, enquanto na selecção inicial terão sempre o carro que tenham utilizado na última prova numa espécie de “showcase”. Depois de pressionarem o botão A, têm 3 grandes opções: Forza Motorsport 3, jogo livre e mercado virtual, onde poderão descarregar conteúdos adicionais que deverão ser disponibilizados muito em breve. A segunda opção funciona como o antigo modo arcade e permite realizar uma volta rápida ou uma corrida ad-hoc e também partilha de ecrã para uma corrida entre dois jogadores, numa pista à escolha e na posse de um qualquer automóvel. Esta é a secção mais livre, descomprometida e global.

O grande naco, onde derreterão grande parte do tempo, está no modo carreira, renovado, com um sentido de progressão mais eficaz através do critério de selecção de provas e integração numa ordem de temporadas que desde logo promove a realização de provas mais diversificadas, apelando a estilos de condução distintos. Contudo, antes de rubricarem um contrato de longa duração há um teste orientador da vossa familiaridade ou não com jogos de desportos motorizados. Se sentirem mais ou menos habilitados irão dispor de um menor ou maior indicador de assistência nos momentos decisivos da corrida e uma actuação dos adversários em pista mais tolerante.

V8 Supercars sempre em grande aceleração.

Para o caso de terem treinado na demonstração disponível desde o final do mês passado ou mesmo terem vencido os desafios propostos pelos títulos anteriores, os produtores do jogo entenderam que o Audi R8 V10 é a máquina adequada para pôr à prova as vossas capacidades, dentro da dificuldade mais séria. Na prática e mesmo com as assistências reduzidas a um mínimo, terão em imediata linha de conta a particular eficácia do Audi, não apenas equilibrado, mas um ponto intermédio entre carros de fácil adaptação (veículos menos potentes) e as grandes cilindradas de competição mundial que reportam de forma por vezes cruel, mas necessariamente plausível, qualquer aceleração menos ponderada ou negociação das curva mais tardia.

Isto para dizer que a jogabilidade, rotulada por mérito de experiências anteriores como uma das mais legítimas, continua aditiva e gratificante, ao mesmo tempo que se compatibiliza com diferentes graus de dificuldade numa tentativa de acomodar até a clientela menos conhecedora deste firme posto de condução. Contudo, é na forma mais crua, exigente e despida de assistências que Forza 3 pulsa puro empenho. Percorre todas as categorias presentes de veículos, deixando em cada uma um traço orientador. Nos carros menos potentes há mais tempo para controlar a aproximação à curva, entrar na trajectória, dominar o apex e encaminhar potência quando as rodas já estão alinhadas com o rumo de saída. Através do novo sistema de dinâmica, até o peso sobre as rodas tem efeito na negociação das curvas, afectando o balanço e aderência do carro.