Guild Wars 2 - Análise
Isto não é Azeroth.
O mercado dos videojogos online tem mantido um crescimento constante nos últimos anos, acompanhando também o aumento de utilizadores de internet um pouco por todo o mundo. Mas se é verdade que todos os géneros têm conseguido encontrar, com mais ou menos esforço, espaço para os seus jogos na rede, os MMORPG's continuam centralizados em termos de "mainstream" e principalmente demasiado conservadores em termos de design.
Do ponto de vista das produtoras, este género tem dois grandes problemas. O primeiro é o facto de custar uma verdadeira fortuna desenvolver um jogo destes, o que para muitos estúdios significa acertar em grande, ou morrer na praia. O segundo problema é que é praticamente impossível um jogador se dedicar a dois MMORPG's ao mesmo tempo e muito menos pagar duas subscrições mensais quando não vão ter sequer tempo para jogar os dois. Assim, o público dos MMO's tende a experimentar tudo que é novidade, mas depois volta para a sua zona de conforto, onde estão todos os seus amigos.
Ora, não posso dizer que a qualidade global de Guild Wars 2 tenha sido uma surpresa para mim, mas é notória a forma como a ArenaNet resolve estes dois problemas, com um modelo de financiamento diferente, e virando do avesso alguns dos conceitos sagrados deste género. É talvez a primeira vez que vejo um MMORPG com potencial para merecer compromisso de grande parte da comunidade de jogadores de MMO e ao mesmo tempo apelar a novos jogadores, que talvez se sentissem intimidados com a forma como estes jogos tradicionalmente funcionam.
Para começar permitam-me tirar já algo do caminho, Guild Wars 2 é um MMORPG diferente do que poderão estar habituados, é diferente de Rift, diferente de SWTOR e sim, diferente de World of Warcraft. A sua estrutura de progressão quase horizontal e o sistema que adequa o poder das personagens à área em que se encontram tem vantagens enormes, mas também tem desvantagens. Se gostam de conquistar poder para depois atropelar outros desgraçados no jogo, ou se gostam do ambiente competitivo de raid onde cada 0.1% conta, então talvez este não seja o MMO para vocês. Digamos que Guild Wars 2 é muito mais acerca da experiência que proporciona, do que da recompensa ao fundo do "túnel".
Já o referi há meses atrás na antevisão, o MMO da ArenaNet traz consigo um dos melhores sistemas de criação de personagem que alguma vez vi num RPG. O avatar num MMO é importantíssimo, é a ligação mais direta entre o jogador e o mundo de jogo e é por isso uma escolha que envolve bastante compromisso tendo em conta que vamos passar meses, por vezes anos por detrás daquela personagem. Para já o jogo conta apenas com cinco raças diferente (Asura, Sylvari, Human, Norn e Charr) e oito profissões (a denominação de Guild Wars 2 para classe) diferentes por onde escolher.
Para aqueles que são obcecados por personalização o sistema oferece imenso detalhe para ajustar os elementos físicos da personagem, mas é o momento seguinte onde definimos a nossa personalidade e background que está particularmente brilhante. São colocadas algumas questões acerca das nossas origens e traços básicos de personalidade e depois somos presenteados com uma cutscene que nos introduz o ponto de partida para o desenvolvimento narrativo do jogo na nossa perspetiva, marca o tom da experiência que se avizinha, e está brutal.
O mundo de Tyria é convidativo logo ao primeiro contacto, é visualmente deslumbrante, e não tanto pela fidelidade das texturas, afinal, estamos a falar de um MMORPG e normalmente os estúdios responsáveis por estes jogos procuram que estes sejam capazes de correr no leque mais alargado de máquinas possível, mas sim pela fantástica estética de fantasia que dá vida aos ambientes de Tyria. Um traço estilizado que torna o mundo distinto, com personalidade e vida próprias.
As capitais por exemplo estão fantásticas, Lion's Arch assume o papel principal neste aspeto, mas a minha preferida é Rata Sum, a capital dos Asura, uma gigantesca pirâmide cujo topo se divide em várias áreas muito bem desenhadas e com excelentes contrastes de luz. Existem portais para praticamente todo o lado nestas cidades, e podemos ainda nos teleportar instantaneamente para qualquer "Waypoint", em troca de uma pequena quantia de moeda.
Outro elemento que tem sido amplamente elogiado é o mapa, elemento fundamental num MMORPG. Inicialmente os diferentes símbolos presentes no mapa das várias áreas poderão ser difíceis de decifrar, mas são extremamente convenientes e tornam os objetivos claros para os jogadores. Completar todos os objetivos de cada mapa é algo muito bem incentivado, e mais importante ainda, bem recompensado com um baú especial assim que atingimos os 100% numa área.
Para quem é novo com o jogo, existem dois caminhos principais, mas basicamente tudo dá experiência em Guild Wars 2, isto não é propriamente inovador, há muito que outros jogos deste género recompensam experiência para lá das "quest", ainda assim, a estrutura do jogo está desenhada para que qualquer jogador possa fazer literalmente o que lhe apeteça, sem que sinta que está a ficar para trás no progresso.