Halo: Combat Evolved Anniversary - Análise
Lenda viva!
Esta é uma data de celebração. Para os fãs de fps nas consolas domésticas e para os adeptos de Halo. Há quem diga que o género dos shooters na primeira pessoa acabaria por singrar à mesma nas consolas e tomar uma dimensão similar à do PC mesmo se a Bungie não tivesse dado o contributo há dez anos quando produziu uma das figuras mais icónicas e representativas das últimas gerações. Sim, o mundo podia existir na mesma sem o Master Chief, mas não era a mesma coisa. Os shooters na primeira pessoa foram durante anos e no período dos noventa uma espécie de exclusivo do mundo ligado aos computadores. Quem queria ter uma experiência deste género a valer tinha de comprar um computador e ciclicamente renovar a máquina para a ter conforme as evoluções tecnológicas que todos os anos cobravam uma placa gráfica ou outra coisa.
Não quer isto dizer que a oferta para outras plataformas fosse inexistente, simplesmente não tinha a qualidade necessária para justificar uma decisão. Quem gostava de fps's e queria usufruir de alguma qualidade outra solução não tinha senão ligar-se ao PC. Pois bem, com a entrada da Microsoft no panorama dos sistemas domésticos a perspetiva alterou-se por força de Halo: Combat Evolved. À partida o jogo desenvolvido pelos estúdios da Bungie dava sinais de pouca divergência perante as demais ofertas do mesmo género. Importa salientar que corria o primeiro ano do novo milénio e apesar da evolução tecnológica ainda se via muitas zonas fechadas, os tradicionais corredores que fizeram furor nos anos noventa, mas dos quais era necessário efetuar um corte.
Se essa consideração menos emocional se devia apenas a uma observação superficial do jogo, já depois de o experimentar e sentir o poder do combate, da movimentação dos inimigos, da alteração das armas disponíveis, dos combates em campo aberto, do controlo de veículos de combate e do auxílio das tropas terrestres, era impossível não ficar rendido perante tal magnitude de jogo. No fundo, o que a Bungie selou nesta mesma data em 2001 foi a maioridade dos fps nas consolas. Bem, é certo que a Xbox quando foi lançada contou com muitas equiparações com o PC. Desde o processador gráfico, armazenamento de dados em disco, passando às capacidades de ligação online, a Xbox era como que um PC de trazer por casa ligado ao televisor.
Ora, tendo por base um sistema tão poderoso, Halo encontrou a plataforma indispensável para ganhar uma legião de adeptos. O jogo foi um sucesso imediato que rapidamente galgou barreiras e alcançou uma dimensão superior à maioria da oferta que então estava canalizada no PC. Por fim os adeptos das consolas podiam falar mais alto e tinham já um motivo para autênticos confrontos e batalhas celestiais dentro de uma plataforma doméstica.
Então, de 2001 para cá, a Microsoft foi capaz de criar o "blockbuster" do século XXI, a série que é uma das máquinas de marketing melhor oleadas no mundo e que a cada novo episódio gera um particular abalo na mente dos fãs, sequiosos por novidades sobre uma personagem que em pouco tempo conquistou um espaço no panteão de personagens intocáveis no mundo dos videojogos.
Halo: Combat Evolved provou ser um êxito devido à soma das suas partes. Prosseguindo para lá da boa execução do género fps, Combat Evolved inscreveu uma narrativa madura e profunda como poucos jogos até então tinham alcançado. Numa fantástica ligação ao universo da ficção científica, tendo por substrato uma guerra religiosa, não deixa de ser curioso como o tema estava a escaldar nos noticiários depois dos ataques terroristas perpetrados pela Al Qaida em Nova Iorque. Em Halo o tema é posto sobre a mesa de uma forma dramática e à escala galáctica. A Bungie não quis fazer por menos e para um projecto inicial deu tudo o que tinha. A raça humana haveria de se expandir para lá do planeta terra, viajando à velocidade da luz e conquistando novas galáxias, até que de forma súbita conheceu o ataque derradeiro e inesperado de uma "irmandade" de seres alienígenas dispostos a ativar um mecanismo ancestral em Halo que levaria ao extermínio da Humanidade.
O primeiro ataque ocorreu à poderosa máquina espacial comandada pela UNSC, a Pillar of Autumn e perante uma investida alienígena tão poderosa e devastadora, a solução passou por acordar o único militar a bordo geneticamente modificado, o super soldado Master Chief, o último da linha de guerreiros especiais oriundos da classe Spartan II. No fundo, Halo Combat Evolved começa por nos contar uma história de resistência, de uma personagem mais forte e capaz de liderar e empunhar uma revolta, auxiliado pela última esperança dos humanos. Mas no campo de batalha as diferenças são patentes e enquanto Master Chief é capaz de suportar embates de escala quase atómica e servir-se de escudos protetores que lhe garantem temporariamente alguma invulnerabilidade, o apoio das tropas humanas é sempre residual e limitado.