Halo: Combat Evolved Anniversary - Análise
Lenda viva!
Perante uma jogabilidade de 2001 que ainda convive tão bem com o estado das mais recentes evoluções da série, mais cedo ou mais tarde a Microsoft celebraria a chegada de Halo à indústria. É certo que a Bungie já não mais desenvolve para a Microsoft e nesta altura compete à 343 Industries assegurar o presente e futuro da série. O que reservou para a edição Halo: Combat Evolved Anniversary é mais do que um compromisso de reedição de um clássico com todos os elementos que já enumeramos.
A reedição de clássicos está nas "headlines". Todos os dias surgem anúncios de coleções que recuperam clássicos de uma ou duas gerações, acomodados a um grafismo de alta definição. É uma forma de rentabilizar e trazer à memoria outros tempos, encontrando o mais alto do seu significado no interesse dos fãs. Mas se muitas reedições se pautam apenas por um "facelift", esta edição aniversário de Combat Evolved vais mais longe e assenta numa redefinição de um clássico.
Imaginem que têm dois jogos que correm em simultâneo. Iguais mas com motores gráficos distintos e que podem transitar entre um e outro à distancia de um clique no botão "back". Pois bem, é isso que sucede neste jogo. A 343 Industries não só voltou a fazer o clássico como recorreu ao motor gráfico da Saber Interactive para obter uma versão "next gen" do clássico, a correr ao mesmo tempo. Esta é uma peça de engenharia inédita que não só permitiu ao estúdio ganhar contacto e afinidade com a série (para apontar baterias a Halo 4), como põe à disposição dos fãs todo um período de evolução que pode ser tocado nas pontas a qualquer altura.
Com efeito, o resultado final é particularmente encorajador e visualmente impecável, dando novas razões para os veteranos do clássico inspecionarem locais anteriormente visitados mas que acomodam um grafismo compatível com a atual geração. A 343 Industries fez escolhas, teve a sua margem de atuação e decisão e isso é muito percetível na dimensão artística que perpassa pelos locais conhecidos. Dez anos é muito tempo e a partir do momento que se habituarem à versão remasterizada, mais depressa irão sentir-se tentados a colmatar as diferenças.
De um modo geral a evolução no espaço permitido é assertiva. É uma escolha que coabita de perto com as recentes edições da série erigidas pela Bungie, mas que ao mesmo tempo respeita a tradição da série. Não só é mais estimulante visualmente como em termos de "gameplay" há muito pouco que seja merecedor de reparo. O jogo desfruta-se tal e qual há dez anos e esse continua a ser um dos maiores trunfos. Ainda hoje Combat Evolved marca pela dureza e organização estratégica dos combates. É um antro familiar que por força desta remasterização se torna indissociável dos tempos modernos.
A produção desta edição aniversário que se estendeu pelo período de ano e meio permitiu a 343 Industries trabalhar noutros aspetos do jogo, designadamente a possibilidade de jogar a campanha em co-op sempre com o estímulo das caveiras que representam coordenadas e desvios à tradicional jogabilidade. A entrada dos "achievements" é sempre um bom estímulo para os que gostam de completar o jogo, desbloqueando todos os desafios.
Para lá destas modificações quanto à forma como sucede com a integração para o 3D caso tenham um televisor ajustado à tecnologia, a produtora pensou ainda no Kinect como veículo de informação para a biblioteca. Deste modo poderão usar a voz e gestos para percorrer informação respeitante ao inimigo assim como outros elementos. Infelizmente a 343 Industries bloqueou a função aos utilizadores do Kinect, de modo que não detentores do aparelho ficarão excluídos.
Outra novidade diz respeito aos terminais. Trata-se de circuitos de informação que se encontram espalhados pelos diversos capítulos e que transmitem informações sobre a origem do conflito e de alguns segredos que pretendem aguçar o apetite para Halo 4. Nesta altura são revelados alguns pormenores interessantes, mas para isso terão de descobrir os terminais. Depois, a qualquer altura, poderão rever essas informações nos extras.
Para o "pacote" ficar completo a produtora desenvolveu uma estrutura "multiplayer" tendo por base o motor e servidores de Halo: Reach. Como este foi o último jogo lançado pela Microsoft nada melhor que juntar os dois jogos no mesmo ponto. Os seis mapas de multiplayer que são disponibilizados em código com a edição aniversário de Combat Evolved, embora posam ser adquiridos em separado por quem não quiser a edição comemorativa. Os seis mapas contemplam duas versões (clássica e melhorada) de mapas multiplayer remasterizados de Combat Evolved e Halo 2, dos quais se destacam alguns como Cordilheira, Cânion da batalha, Penitência e Solitário.
A componente sonora também foi remasterizada, mantendo toda a essência dos temas que se tornaram em clássicos imediatos para os fãs, mas com pequenos ajustes que conferem uma toada emocional de cada vez que são transportados até momentos decisivos do combate.
Halo Combat Evolved Anniversary é mais do que a comemoração de um clássico e de um símbolo dos sistemas Xbox. Para os fãs e amantes do género FPS, a 343 Industries transformou esta comemoração numa oportunidade para voltar a percorrer, na totalidade, um jogo que prestou um imenso contributo na passagem dos fps para as consolas. A presença de dois jogos justapostos é o resultado de uma técnica inédita nestas edições que refazem clássicos para a alta definição e que põe o jogador num constante exercício entre passado e presente, sem deixar fugir uma experiência gratificante. Para fãs e novatos, o porquê de Halo ter sido marcante.