Infinite Undiscovery
Descoberta mágica mas limitada.
Imaginar que uma sequência de agradável valor dramático e narrativo é subitamente quebrada por um desnecessário momento de humor mal dirigido é algo pouco recomendado. É realmente algo estranho de falar, Infinite Undiscovery enverga uma direcção bastante competente mas quase sempre fica um sabor a pouco, ou pelo menos a sensação de que poderia ser ainda melhor.
Para dar vida a esta fábula temos um leque de personagens agradável com alguns elementos muito carismáticos. No entanto é inexplicavelmente extenso, um total de 18, e sem as implicações a que obrigam em termos de jogabilidade, para alguns deles não deixamos de ponderar o porquê de estarem presentes e qual o seu papel no meio disto tudo. Para alguns fica impressão de que cá estão apenas para fazer número, sem real valor narrativo e sem qualquer peso na jogabilidade, é uma das mais estranhas decisões. Aquele que pode ser considerado o núcleo principal da história é composto pelos personagens mais completos e mais cativantes, sendo facilmente estes que vão atrair os jogadores.
De salientar que são fruto da imaginação e talento de uma companhia como esta que já nos habituou a grandes criações e o seu design é bem concebido e uma das principais razões pela qual vão conseguir criar laços com as personagens. Isto se conseguírem.
Outro dos problemas impostos por este elevado número de personagens está relacionado com a própria jogabilidade do jogo. Isto porque apesar de não ser difícil, o jogo obriga-nos a comprar novos equipamentos e armas para todas estas personagens. Mesmo sendo simpático na hora de nos recompensar monetariamente, será preciso algum esforço para conseguir gerir a compra de novos itens. Evitando ainda maiores dissabores, as personagens que não estão a ser utilizadas na equipa, também sobem de nível, o que ajuda bastante. Isto porque por vezes vão ter que dividir os personagens por equipas e em algumas ocasiões, são-nos impostos os personagens que podemos utilizar.
Também devem ter em conta que algumas personagens conseguem realizar actividades extra, tais como cozinhar, criar itens ou criar armas e armaduras. Isto é algo importante pois ter presente na equipa uma personagem capaz de realizar uma destas tarefas pode tornar tudo mais fácil. Podem ainda usar algumas técnicas especiais ao usar a opção "connect" com um qualquer membro da vossa equipa, podendo assim fazer uso de duas das suas habilidades específicas.
Numa fábula, um dos maiores prazeres é imaginar o mundo descrito naquelas palavras. O trunfo está na capacidade de transportar a nossa mente para um outro lugar e associar ao que nos é descrito, um lugar belo e admirável. Tal também se passa numa fábula videojogável, mas ao invés de a imaginar, o prazer está em saborear o mundo apresentado e na sua capacidade de nos cativar.
Infinite Undiscovery dá-nos um mundo belo e facilmente cativante aos desejos existentes na nossa mente de viajar por terras de aventuras. Perante um mundo de belos detalhes, repleto de magia e cor, as expectativas poderão eventualmente sair defraudadas pelos limites que nos são impostos. Isto porque as cidades que visitamos no jogo são muito pequenas, pequenas demais até. A maioria é apenas composta por uma rua e pouco nos dão para fazer sendo apenas pontos de passagem rápida. Ao contrário do que o nome pode sugerir, a descoberta é rápida e na sua maioria ingrata pois não conseguimos deixar de pensar que poderiam ser maiores e oferecer mais.
Mas como já é do conhecimento do público adepto destas fábulas da era moderna, não é somente do visual e do impacto que nos causa que um RPG consegue triunfar. Um dos aspectos que mais marca um jogo é a sua jogabilidade e a forma como nos conseguimos aderir a ela. Num RPG, o sistema de combate é um dos seus elementos mais importantes e perante este RPG de acção da Tri-Ace, já bastante habituados nestas lides, a companhia não desilude e consegue algo bastante cativante.