Killzone 3
Que Stahl se está?
Se existe ponto no qual Killzone 3 cumpre sem qualquer contestação é no seu aparato visual. Simplesmente impressionante com tanto de inacreditável quanto de delicioso. Se Killzone 2 foi na altura uma verdadeira maravilha tecnológica, Killzone 3 consegue ir até onde não se pensaria possível, tornar-se no melhor e mais impressionante jogo a nível visual desta geração. Os ambientes mais diversificados beneficiam de uma qualidade rica em detalhe e impressionante em efeitos. As sequências nas quais lutamos em cenários em que temos a presença de enormes monstros mecânicos ou até em cenas nas quais os céus são preenchidos por uma vasta quantidade de naves gigantes são mais do que muitas e a principal responsável por transportar o jogador para este mundo é mesmo a componente gráfica. Não é de ânimo leve que se pode actualmente dizer que um jogo é melhor em determinada categoria mas quanto ao aspecto gráfico tal pode ser dito de Killzone 3 e sem reservas.
O motor gráfico permite um mundo abundante em detalhe, com personagens mais ricas, e mais do que um adereço visual, o grafismo do jogo ajuda a experiência de jogo ao permitir situações realmente espantosas e não deixei de pensar que a Guerrilla quase que brinca com outros jogos ao fazer em tempo real algo que outros teriam que recorrer a sequências geradas por computador para o fazer. Se tal como eu adoram uns bons gráficos, então podem preparar-se para uma verdadeira delícia em movimento e novamente o estúdio Holandês está de parabéns, pois ao mesmo tempo sobe a parada e estabelece novos padrões.
Um dos elementos que há muito vem beneficiando as versões Portuguesas dos videojogos da Sony é a tradução dos seus jogos tanto a nível de texto como nas vozes. Killzone 3 vai aonde o segundo não foi e oferece não só texto como vozes em Português, algo extremamente bem-vindo mas que pela primeira vez nesta geração me deixou envolto nessa tal sensação mista. Enquanto a presença de Malcolm McDowell no papel de Jorhan Stahl confere aquele toque extra de personalidade e triunfante representação a um trabalho de excelente qualidade no geral, a versão Portuguesa nada mais fez do que deixar-me apreensivo. Isto porque o trabalho efectuado na adaptação para a nossa língua parece retirar a personalidade ao jogo na medida em que parece tornar o produto em algo mais parecido com um desenho animado de Sábado de manhã. Por outro lado as vozes em Português conseguem um resultado estranho com uma acentuada crise de identidade pois por vezes até parece que estamos a jogar Ratchet & Clank ou Resistance 2, o que torna inevitável o aconselhar do uso das vozes originais, que conseguem um trabalho espantoso. De referir que o jogo conta com legendagem e vozes em Português de Portugal assim como Português-BR.
Para reforçar o pacote, a Guerrilla implementou um modo cooperativo como acompanhante da campanha para um jogador. Desta forma podemos jogar toda a campanha de Killzone 3 em modo cooperativo com outro jogador localmente em ecrã dividido. Ao longo da campanha frequentemente ficou aparente que o flanquear e dividir das atenções das tropas inimigas em combinação com o sistema de cobertura era a chave para triunfar. O modo cooperativo atesta isso mesmo e abre todo um novo leque de divertidas possibilidades. No entanto, não deixa de parecer uma introdução pálida face à competição já que não está disponível a possibilidade de jogar de forma cooperativa online. Seria uma funcionalidade que ajudaria em muito o jogo a dar força aos seus argumentos e se por um lado agradecemos a sua introdução, por outro lamentamos ser tão "limitada".
Outra das novidades é a implementação do comando PlayStation Move como opção e aqui o jogo abre portas para toda uma nova forma de jogar. Este esquema requer algum hábito e alguns ajustes na sensibilidade e se quiserem enfrentar estas cerca de 9 horas de confrontos em Helghan, é aconselhado que entrem com alguma paciência. No entanto cumpre com belo efeito aquilo a que se propõe, oferecer um esquema de controlo alternativo tanto válido quanto divertido. Ao longo do tempo que passei com o PlayStation Move a percorrer Helghan senti que algumas situações beneficiam mesmo com a introdução do controlo por movimentos mas também devo referir que é aconselhado o acompanhamento do Navigation Controller pois facilita alguns movimentos face à combinação SIXAXIS/Dualshock 3 e Move.
Onde os jogadores podem enveredar pelo online e assim prolongar ainda mais a experiência em torno de Killzone 3 é no modo competitivo que regressa do elogiado trabalho feito em Killzone 2. Com três modos principais, vindos directamente do anterior, Killzone 3 tenta reforçar o seu espaço perante a comunidade PlayStation 3 e se no modo campanha os controlos mais rápidos e de sensação mais arcade funcionaram com efeitos mistos, aqui no modo online revelaram ser altamente satisfatórios. A resposta mais rápida faz com que ganhe realmente maior dinamismo e aqui a escolha da Guerrilla sai incontestável. O movimento do personagem e da mira tem melhores tempos de resposta e a latência era praticamente inexistente. É um principais argumentos para Killzone 3 se vir a tornar numa das possíveis referências do género na plataforma Sony.
Quando Killzone 2 seguiu os padrões implementados pela série Call of Duty, conseguiu criar um sistema de evolução de classes que oferecia imensas possibilidades ao campo de batalha. As diferentes classes com respectivos bónus e características ajudava a diversificar o online e o espírito de trabalho de equipa saiu reforçado. Killzone 3 investe ainda mais nesses valores e ainda oferece ao jogador a possibilidade de jogar offline contra bots para aprender a jogar melhor, a conhecer os mapas e a explorar tácticas de abordagem. Quando confiante pode iniciar o seu progresso no modo online que foi um dos principais motivos que me levou a apaixonar por Killzone 2. O ritmo rápido é já um padrão da indústria no género mas a possibilidade de no mesmo mapa percorrer vários tipos de jogo, como todos contra todos equipas ou conquista de objectivos, em sequência, continua tão divertido como nunca. Onde a Guerrilla implementou diversas melhorias foi na forma como personalizamos o nosso personagem e o evoluímos. A selecção de melhorias e atributos não só beneficia de um esquema muito mais intuitivo como é muito mais livre e acessível
Killzone 3 foi um jogo que por diversas vezes me deixou a pensar, "se isto está tão bom, porque não consigo deixar de sentir que algo não bate certo?" Os seus mais diversos aspectos mostram qualidades interessantes e agradáveis mas nunca o conseguem fazer por inteiro e fica a cabo de cada um decidir o peso na balança. A jogabilidade foi alterada para ir mais ao encontro do que as massas aclamam em séries de referência o que significa que a jogabilidade característica de Killzone 2 se perdeu mas ganhou agora maior familiaridade dentro do género. Os gráficos são provavelmente o mais espantoso que esta geração de consolas viu até à data mas à excepção de um ou dois momentos a história nunca conseguiu interessar. A própria música mostra-se competente mas sem os tons épicos do anterior e arrebatadores do anterior. No final de contas a ideia que fica é mesmo que Killzone 3 não consegue esse tão almejado tom épico do anterior e talvez tenha sido isso mesmo que a Guerrilla pretendeu, evitar esforçar-se tanto para se provar e simplesmente deixar-se ir e optar por algo mais descomprometido e mais leve, mesmo que por vezes não faça sentido.
killzone 3 é sem dúvida alguma um jogo aconselhável aos fãs do género que procurem uma alternativa aos cenários mais comuns e esse é ainda um grande trunfo da série da Guerrilla Games, o seu cenário futurista. No entanto muita da sua nova personalidade parece não ser muito consistente e frequentemente falha em tornar-se interessante. Mas se procuram um jogo divertido e espantoso a nível visual sem quaisquer presunções de grandiosidade com vista para a inovação, então não tenham quaisquer reservas, comprem Killzone 3. Se procuram o próximo grande épico da PlayStation 3, o mais provável é terem que esperar mais alguns meses.