Le Tour de France 2012: The Official Video Game - Análise
Um Tour com falta de pedalada.
O Tour de France é, de longe, a mais prestigiada prova de ciclismo do mundo. Basta começar por ter em conta o prémio final para o vencedor à geral individual na ordem dos 450 mil euros, isto sem contar com os valores atribuídos aos vencedores da etapa. Mas ainda mais importante, o Tour é uma competição sem paralelo, na qual só os ciclistas mais fortes e completos, capazes de lutar contra o crono e escalar a alta montanha com sucesso, podem pensar em atingir a classificação geral individual na frente.
A presente edição de 2012 está a ser uma das mais concorridas dos últimos anos. A incerteza sobre os vencedores e candidatos aumentou significativamente depois de se saber que alguns dos potenciais vencedores não iriam marcar presença. Depois de Lance Armstrong ter protagonizado um domínio avassalador na entrada do milénio 2.0, outros ciclistas sucederam-lhe e assumiram a liderança como Alberto Contador que por algumas edições vestiu a camisola amarela na chegada a Paris, aos campos Elísios. Mas é na alta montanha e na passagem pelos Alpes e Pirenéus que muito se decide sobre a volta. Por aí e pelo contra-relógio derradeiro.
Ciente do estatuto de prestigiada prova como é o Tour de France, os estúdios da Cyanide SA (os mesmos que fazem Pro Cycling Manager, simulador puro e duro da modalidade) estão de volta à estrada para entregar a presente edição oficial da prova, com as suas 21 etapas. Etapas que se revelam demolidoras não só devido à sua extensão, mas por levarem os ciclistas a grandes e constantes passagens pela alta montanha. A ideia da Cyanide, ao apostar em mais uma edição vídeo jogável do Tour, passa por entregar aos potenciais interessados um jogo que envolve uma participação direta e ativa através do comando de ciclistas de uma equipa, assim como uma gestão relativamente desenvolvida de aspetos relacionados com a formação da equipa ao longo das etapas.
Este jogo não é nenhum "cycling manager". As opções de gestão não são tão profundas e o papel ativo entregue ao jogador na tentativa de acrescentar mais algum realismo acaba por ficar condicionado pelo sistema de comandos um tanto ou quanto arcaico. Além disso, o grafismo limitado condiciona o apelo, especialmente quando se está diante de uma audiência de consola doméstica, sempre habituada a festins visuais. Esses são os maiores desapontamento que encontramos no jogo. O sistema de comando dos ciclistas revela-se desajustado, especialmente quando temos de comandar os ciclistas por longos períodos de tempo. Por outro lado e apesar de melhorado o grafismo, a caracterização dos ciclistas, animações e cenários é quase toda muito pobre.
Contudo, Le Tour de France 2012 também encerra alguns aspetos positivos. Elementos esses que poderão ser suficientes para seduzir pelo menos os fãs da prova. Desde logo porque ao possuir a licença do Tour de France, isso significa que a descrição das etapas é exatamente a mesma que os ciclistas estão a cumprir por estes dias (nesta altura o Tour está a passar o meio da prova, com passagem pelos Alpes). Ou seja, 21 etapas, com a extensão completa (ainda que o jogador apenas tenha o comando do ciclista - se quiser - em 3 segmentos por etapa) que ligam desde o prólogo até à chegada a Paris.
O pelotão, com quase duas centenas de ciclistas, não está totalmente oficial, mas anda lá perto. Por questões de direitos a Cyanide não conseguiu a licença de algumas formações, pelo que teve de forçar desvios nos nomes de ciclistas sonantes como os da equipa Radioshak. No entanto o editor de equipas permite corrigir as "gralhas", permitindo-nos colocar os nomes das equipas e ciclistas nos termos corretos. Os restantes elementos como as características dos ciclistas estão próximos do que é conhecido, destacando-se as vocações dominantes de cada elemento da equipa, com indicação para os montanhistas, os sprinters e aqueles que servem de reboque. Infelizmente a colocação dos dados não é de todo eficaz, com muitos dados quase sobrepostos e reduzidos a acrónimos que tornam mais demorada a leitura das informações.
Sendo este jogo um híbrido de ação e gestão de dados, significa que por cada etapa terão que comandar individualmente um ciclista ao longo de três pontos específicos da etapa, podendo a partir daí solicitar diretamente ao manager determinadas ordens - típicas de um chefe de fila - ou então dar operações, via rádio, aos restantes colegas de equipa.
O comando do ciclista, como já referimos, padece de significativas deficiências. Desde logo porque para dar velocidade ao ciclista é necessário pressionar consecutivamente o botão X e depois, para a manter, com maior ou menor esforço, temos de manter pressionado o mesmo botão. É claro que ao retirarmos a pressão do botão, aliviamos o esforço do ciclista, mas se deixarmos de pressionar de vez o botão, ele pára. O que quer dizer que durante todo o período de comando do ciclista temos de estar sempre a segurar no botão ao mesmo tempo que para as opções de gestão temos de usar outros botões.