Marvel vs. Capcom 3: Fate of Two Worlds
Nova Ordem Mundial.
A cerca de sensivelmente dois meses do lançamento mundial de Marvel vs Capcom 3, a Capcom permitiu-nos "dar uma volta" na mais recente versão do seu próximo jogo de luta e assim conhecer mais detalhadamente o que está a ser preparado. Vindo de uma casa com tanta tradição no género não é de estranhar que o jogo esteja a fazer tanto furor e nós não estamos isentos. Ficamos simplesmente deliciados com esta oportunidade e o certo é que já não queremos mais nada para esta passagem de ano. Marvel vs Capcom 3 mais do que recuperar a fórmula de sucesso da série aposta em introduzir novas mecânicas e todo um novo dinamismo que só o pode beneficiar e por muitas que fossem as nossas expectativas não contávamos ficar tão eufóricos. Acima de tudo, a ideia que fica é a de um produto que é tanto um terceiro capítulo na série Marvel vs Capcom como provavelmente seria mais adequadamente descrito como o segundo jogo de Ryota Niitsuma na série Vs da Capcom. O primeiro foi Tatsunoko vs Capcom. Isto porque a filosofia do novo senhor da Capcom está bem patente e oferece revigorada irreverência e dinamismo à série.
Talvez a forma mais correcta de pensar seja que as ideias de Niitsuma com a loucura da série Marvel vs Capcom simplesmente funcionam bem demais quando conjugadas. Toda a estranha selecção de personagens que parece conciliar qualidade e quantidade sempre com vista a reforçar toda uma profundidade a nível de jogabilidade, e toda uma espantosa inteligência e sentido de oportunidade nos cenários é algo que apenas se pode elogiar sem compromissos. Em cima disto temos ainda que elogiar a forma como os personagens foram adaptados cumprindo com enorme fidelidade e respeito para com o que faziam e representavam nas suas séries originais. Chris Redfield usa as suas armas de Resident Evil 5, Crimson Viper usa o Guard Break do seu Street Fighter IV assim como todos os seus familiares movimentos, Dante usa as armas e algumas magias da série Devil May Cry, Amaterasu usa os seus poderes divinos, e isto apenas para referir alguns exemplos.
Tal como no anterior jogo de Niitsuma, também aqui podemos escolher um modo simplificado no qual os golpes são executados de forma mais fácil e até quase automática. É uma forma de permitir a quem tem um primeiro contacto com o jogo de saber o que pode fazer mas que nada vai dizer aos puristas pois nenhuma satisfação oferece. A sensação é mesmo a de total efeito aleatório sem sentido. Escolhemos então o modo Normal de jogar, o tradicional, e estamos então livres para seleccionar os personagens e tal como no anterior, temos os personagens dispostos numa espécie de grelha com os lutadores da Capcom à esquerda e os personagens da Marvel à direita. Cada personagem tem quatro fatos disponíveis, melhor dizendo esquemas de cores, sendo de realçar que alguns para personagens Marvel conseguem oferecer mais do que um simples cores alternativas e dão-nos quase fatos completamente novos. No entanto não vamos comentar sobre isto pois alguns são agradáveis surpresas.
Preparados então para o combate e podemos constatar que novamente Niitsuma volta a abordar o género com a mesma filosofia que teve para com Tatsunoko vs Capcom, a de simplificar o género mantendo-se sempre atractivo e desafiante. Segundo a própria Capcom a ideia é mesmo a de "derrubar a barreira de combinações complicadas e abrir o campo de lutas estratégicas a todos". Assim sendo, estamos perante um jogo que pode ser descrito como um caos organizado. Com um ritmo de velocidade alucinante, tal como no segundo e superior a Tatsunoko vs Capcom, cuja acção parece decorrer demasiadamente rápido para permitir que o jogador faça alguma coisa mas o certo é que é ele próprio que está a fazer as maravilhas acontecerem.
Este sistema de luta permite, como os fãs certamente sabem, escolher três personagens entre as quais podemos alternar a qualquer momento em tempo real durante o combate. Para dar total esplendor às suas intenções temos um esquema simplificado de apenas três botões para ataques leves, médios e fortes. Existe agora um quarto botão chamado Exchange com o qual enviamos o jogador para o ar e que quando seguido fica aberto a todo o tipo de golpes e novas combinações. Esta é uma das novas mecânicas mas interessantes na série que na mão de jogadores dedicados vai certamente marcar esta experiência e resultar em momentos "Youtube". Toda a premissa inicial é extremamente simples e a conciliação da fantástica velocidade com a simplicidade de execução causam a atracção fatal que o jogo tanto precisa na sua amostra inicial.
Para ajudar nesta festa temos um leque de 30 jogadores que conseguem um quase inacreditável trabalho de conciliarem loucura, parvoíce, profundidade e um alto nível de equilíbrio. Ao início foi mesmo difícil acreditar que conseguiria tirar algo do jogo que não o simples, e até por vezes prático, martelar aleatório de botões, mas após largo tempo passado em redor do jogo a preparar combinações diferentes e a explorar novas abordagens ao encadear de movimentos, comecei a ver que tinha total controlo dos personagens e da acção e que a contagem de hits começava a subir em correspondência aos meus movimentos. É esta curva de aprendizagem patrocinada pelo espírito de recompensa que o jogo imprime em quem mais se dedicar que vai ditar a experiência e assim que passarem a barreira do impacto inicial, podem então escolher os personagens que mais gostam e começar a por em prática as características singulares da jogabilidade e as suas tonalidades.