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Metroid Prime Trilogy

Triplo luxo.

A mais recente consola da Nintendo, a Wii, não veio dar ao mundo unicamente uma forma inovadora e altamente divertida de interagir com este entretenimento. Com as potencialidades despoletadas pela sua nova consola, a Nintendo ganhou a possibilidade de voltar a oferecer ao mundo algumas das suas propostas e graças aos novos controlos por movimento que o Nunchuck e o Mote nos permitem, alguns jogos ganham quase como que uma nova forma completa de serem jogados. Por outro lado, o mérito da Wii em cativar novos públicos, entre os quais alguns que nunca jogaram um videojogo, faz com que exista espaço para reeditar algumas das maiores preciosidades que o catálogo Gamecube nos deixou, entre elas estão os dois primeiros capítulos da série Metroid Prime.

Lançados no Japão em separado, Metroid Prime e Metroid Prime 2: Echoes fazem parte da nova linha, oportunamente chamada de, New Play Control! que para além de melhorias técnicas, são tal como o nome indica, versões que oferecem uma nova forma de interagir com o jogo. Para o resto do mundo, a Nintendo decidiu reunir ambos num só disco e ainda acrescentar o mais recente capítulo, Metroid Prime 3: Corruption, para assim criar uma colectânea de puro luxo e irresistível. Se tal como eu, perderam a oportunidade de jogar algum, ou todos, destes jogos na altura dos seus lançamentos originais então eis aqui a hipótese de redenção e salvação. Para os que já são donos de cada um destes jogos em separado, o valor do conjunto e a nova jogabilidade nos dois primeiros podem ser factores mais do que suficientes para cativar.

Primeiramente há que salientar algo que simplesmente precisa de ser realçado, cada um destes jogos aquando do seu lançamento original conseguiu ostentar uma qualidade de tal forma impressionante que facilmente conquistaram o seu espaço na lista dos melhores jogos alguma vez criados e esta compilação apenas vem reforçar que sim, estamos perante três dos melhores jogos que alguma vez foram feitos. Depois quero ainda dizer que se há algo que me fascinou e cativou nesta trilogia foi a sua imensa e distinta personalidade. Passar para o jogador a sua essência e personalidade em suporte ao seu ambiente e atmosfera é algo que poucos jogos conseguem mas a trilogia Metroid Prime é um dos que consegue.

A icónica Samus Aran.

Lançado originalmente em 2002 na Gamecube, o Prime original é o ponto óbvio de partida para os que vão pela primeira vez conhecer a trilogia, e provavelmente o mais desejado por todos os fãs que querem jogar os primeiros dois com os novos controlos. Este é um jogo de tal forma sublime e especial que se torna quase impossível escrever sobre ele, correndo o risco de escrever adjectivos e qualidades que mesmo assim não lhe fazem justiça. Jogar agora Metroid Prime, após sete anos, é uma delícia tão satisfatória quanto o foi na altura, e chega a ser quase uma lição sobre como maior poderio técnico nem sempre chega para suplantar o intelecto na hora de criar jogos. Metroid Prime coloca-nos no papel de Samus Aran, uma caçadora de prémios ao serviço da Federação Galáctica que envergando o seu fato Varia se torna na figura bem conhecida de todos os aficionados do mundo Nintendo. A série Prime introduziu a visão na primeira pessoa no mundo Metroid e apresentou-se completamente em 3D, reinventando a série como os seus valores máximos assentes na exploração e nas lutas contra as gigantes criaturas que habitam os planetas nos quais os jogos decorrem.

Nestes jogos de acção e aventura na primeira pessoa, penso que é a forma mais correcta de catalogar a série Prime apesar de muitos preferirem considerar um FPS, Samus de uma forma ou outra, cabe ao leitor descobrir por si o enredo, é levada para um determinado planeta e aí tem um vasto espaço, divido por sectores, para explorar. É logo aqui que a arte e engenho da equipa de desenvolvimento mostra a sua graça pois a forma como o jogo começa e se desenvolve é uma pura arte do bem entreter o jogador.

Momentos Kodak. As lutas contra bosses são puramente fascinantes mantendo a simplicidade como trunfo.

Se no início Samus tem todos os poderes e técnicas que precisa, problemas acabam por impedir o seu funcionamento correcto, ou então acaba mesmo por as perder, e o jogador passa a controlar uma Samus não tão poderosa que vai crescer e recuperar poder ao ritmo da progressão do jogador. O equilíbrio e o passo imposto pelos jogos mostra um espantoso nível de cuidado e tudo tem um propósito e o seu devido tempo de acesso. Fazendo-se valer de um impressionante trabalho de design na criação dos níveis, o uso da técnica back-tracking (que nos leva a percorrer várias vezes os mesmos locais para descobrir novos caminhos ou inimigos) tem aqui um dos raros exemplos de boa utilização.

A momento algum o jogador sente que está a ser “arrastado” em prol de um aumentar virtual da longevidade, uma constante sensação de propósito e consequente desbloquear de novas habilidades incutem no jogador a vontade de utilizar a nova técnica naquele local por onde já passou mas cuja determinada secção ficou na memória por ser inacessível, até então. Com a acção a decorrer no mesmo local, tudo poderia tornar-se monótono rapidamente mas nem mesmo isso acontece. O jogo está constantemente a alterar-se e a apresentar novos desafios, assim como a exigir maior perícia do jogador e a sensação é a de crescimento e progressão, tanto no jogo em si como pelo jogador que aprende a dominar o jogo de forma progressiva.