Pac-Man Championship Edition DX
Caça fantasmas!
Lidar com Pac-Man é lidar com História dos videojogos. É recuperar a primeiríssima personagem da cena arcade (originalmente apelidado de Puck Man). Foi em 1980 que a Namco lançou nos sistemas operados a moeda uma personagem que em pouco tempo adquiriu um culto especial entre os jogadores. Hoje é mais do que uma memória. Concebido pelo japonês Toru Iwatani, numa altura em que despontavam "shooters" e jogos de corridas de automóveis, Pac-Man foi uma surpresa que rapidamente galgou todas as barreiras, conquistando com mérito, um espaço significativo na era dourada das arcades.
Inspirado numa pizza a que faltaria uma fatia – por isso também apelidaram Pac-Man de Mouth -, com "design" original, o sucesso desta "receita" assentou numa jogabilidade muito simples, directa e escorreita; facilmente destacável. Esta conjugação viciante e vibrante, permitia a qualquer jogador penetrar imediatamente no ritmo do jogo e obter resposta imediata, uma sensação de satisfação. Na verdade e volvidos 30 anos desde o lançamento, poderíamos pensar que qualquer reinvenção da franquia Pac-Man seria igual a trabalhar com velharias, coisas que já não interessam a ninguém perante as coordenadas dos tempos que correm. Só a partir de uma pura distracção se levaria a sério uma afirmação dessas. 30 anos depois, Pac-Man não deixa a magia por mãos alheias. Continua fantástico.
Urge assinalar, porém, que esta recuperação neste formato de Pac-Man não é de agora. A Namco já tinha brincado ao Championship Edition no ano de 2007, numa proposta inovadora e altamente recomendável para as plataformas digitais da nova geração, no exercício de uma nova apresentação gráfica e sonora, ao mesmo tempo que sufragou novos elementos, sobretudo a tão famigerada tabela de rankings que adensou o ritmo competitivo bem típico das partidas desta icónica personagem que foge de fantasmas, come inúmeros pontos para ganhar velocidade e acaba por, num acto de retaliação, aniquilar os seus perseguidores.
Tendo por base Championship Edition, a Namco relançou o trabalho para a versão DX. Estamos então perante um jogo que dita novos conteúdos e modos de jogo que impõem respeito, parcelando e multiplicando a experiência, numa sucessão de objectivos a desbloquear, havendo depois uma miríade de aspectos personalizáveis, desde labirintos, passando pelo aspecto visual, sonoro e até da própria personagem (num revivalismo dos seus 30 anos). Em suma, muito há para fazer nesta versão. Como se não bastasse, os produtores da Namco introduziram novas regras, nuances significativas que em bom rigor tornam a experiência potencialmente mais "friendly" e menos abrupta na derrota sem, contudo, jamais abdicar do fio das tabelas de pontuação numa competição à escala mundial. Na sua finalidade máxima – o "score attack" – Pac-Man CE DX não cede um palmo e, ao contrário, até o incrementa graças a novos multiplicadores que funcionam como trampolim para aumentar a velocidade de jogo.
Quais então as principais inovações e se funcionam de molde a incrementar a experiência. Desde logo há que salientar a existência de fantasmas adormecidos em diferentes secções do labirinto, do lado esquerdo e direito. Não só vagueiam os tradicionais oponentes de Pac-Man como outros acordam do sono assim que a criatura comedora passar por perto, como que despertando-os. Em pouco tempo, a fatia de leão amarela tem atrás de si um exército de fantasmas em alvoraçada perseguição, fantasmas de diferentes cores, preparados para, numa situação de fuga errática, morderem e assacarem um crédito ao nosso protagonista. Até aí tudo normal. Mas assim que for alcançado um "power dot", o caso muda de figura e o protagonista poderá comer os fantasmas azuis, multiplicando assim o contador que por sua vez vai acelerar a velocidade de deslocação. A partir daí a janela de possibilidades de fuga encurta-se e tudo fica menos previsível, como se uma brasa saltasse para as mãos.