PlayStation All Stars Battle Royale - Análise PS3
Uma celebração da história PlayStation.
Ao longo de aproximadamente mais de vinte anos de presença na indústria, a Sony só precisou de uma geração de consolas para criar um modelo de distribuição de hardware e software que em poucos anos chegou ao topo, incluindo uma liderança mundial com a marca PlayStation. Hoje ninguém consegue conceber realmente esta indústria sem a Sony. Está por todo o lado e conquistou essa posição com mérito. Seja-se fã ou simplesmente consumidor esporádico, poderemos pensar que a indústria ainda deve qualquer coisa a esta gigante nipónica e que muita da sua expansão se deve aos méritos da companhia.
Foi a força da marca Playstation que fez nascer mais concorrência e puxar pela evolução de outras produtoras como a Nintendo ou Microsoft. Para chegar ao ponto de sucesso, a Sony beneficiou da sua ampla rede de contactos e estruturas alargadas pelos principais continentes através da sua pujante indústria discográfica. Ganhando confiança das editoras, a Playstation estabeleceu-se como marca de referência e com ela vieram personagens icónicas dentro de propostas jogáveis que marcaram tempos e continuam a marcar o tempo presente de produção. Agora, essas personagens unem-se em torno de década e meia de existência, num jogo que acaba por prestar tributo e servir de homenagem a todos os momentos passados com elas. Playstation All Stars Battle Royale, mais do que um “brawler” pretende ser a derradeira convenção, o convívio de velhos e recentes triunfos e conquistas. Porque foram as personagens presentes neste jogo que contribuíram para o desenvolvimento da marca, enquanto motivos de interesse para os jogadores.
Maioritariamente lutadores afetos a franquias exclusivas das consolas Sony Playstation, a espera ainda foi longa por um jogo deste calibre. Estas personagens ainda vivem dentro das suas aventuras e dos seus enredos, mas acabou-se o tempo de espera, o tempo de amadurecimento. Sem uma história e sem passado, não poderiam existir. Não seriam ícones, muito menos embaixadores. O tempo esculpiu as formas das estrelas de Battle Royale, dá-lhes nostalgia, com os mais antigos, e as mais recentes, oriundas da atual geração como Sackboy ou Nathan Drake, têm mais peso do que memórias. Peso pela experiência entregue à custa das suas aventuras à volta do globo de tecidos e de selvas húmidas. Uma marca só pode ser realmente compreendida quando se projeta no tempo e isso tanto traz de responsabilidade para o futuro, como divertimento no presente.
Quero convencer-me que foi a pensar nisso que a Sony tomou a decisão de fabricar Battle Royale. Um serviço para fãs e consumidores adeptos de um bom “brawler”. Atento o seu género e a afinação pelo mesmo diapasão de Super Smash Bros lançado para a Nintendo 64 no fim do milénio (no Japão o jogo chama-se Nintendo All Stars), temos que, por outro lado, Battle Royale incorre na curta margem de fronteira entre o plágio e a autenticidade. É um assunto mais premente nesta indústria. As editoras procuram o lucro, mas mais do que isso, querem estar onde estão os jogadores. Se é verdade que existem grandes aproximações entre franquias, que acabam por partilhar o mesmo espaço, muitas delas existem por causa de outras, mas por terem conseguido uma extrema identidade e peso maior pelo todo, ofuscaram todo o tipo de ligações. É o todo que sobrevive às influências.
Será assim Battle Royale um jogo capaz de fazer esquecer as influências e emergir como um bloco coeso? Por um lado não se distancia suficientemente ou quanto seria desejável de Smash Bros, mas também consegue estabelecer-se como uma opção segura e bem executada. Não é um jogo que prima pela inovação ou originalidade, nem parte de princípios muito diferentes para nos mostrar que existem mais soluções em “brawl”. Felizmente, o peso das personagens é já de si um bom valor, e a jogabilidade é reduz-se a mecanismos apelativos, cheia de efeitos visuais e complexa quanto baste para aconchegar os veteranos destas lides. Os mais novos terão que se habituar e passar por um treino muito exigente se quiserem irromper pelos servidores a lutar com sucesso pelo ranking.
Mas começando por partes, confesso que esperava uma apresentação do jogo mais vincada. Como está, revela-se generalista e até tremendamente banal, com uma sonoridade que me trouxe de imediato o mais recente Marvel vs Capcom. É certo que injecta as personagens da marca Playstation, sobre um fundo azul, só que não é aquela intro retumbante como já vimos noutros jogos (lembro-me assim de um bom efeito que foi a luta entre Ryu e Ken em Street Fighter IV).
De resto, Battle Royale é um brawler e que por isso abarca muitos elementos dos jogos de luta mais tradicionais (os fighting games), mostrando-nos personagens em 3D e fundos 3D, integrados numa perspetiva 2D. Começa por funcionar como um “fighting game” mas rapidamente se transforma em mais do que isso, numa espécie de batalha campal onde até quatro jogadores em simultâneo podem usar uma variedade abissal de golpes e combinações úteis, ataques através de armas e com outros objetos típicos das suas aventuras, podendo saltar e descer através de algumas plataformas montadas no campo de combate.
Temos assim um palco de batalha onde tudo se desenrola de forma bastante frenética e explosiva. O ritmo intenso e cintilante parece favorecer os jogadores mais habilidosos e os persistentes, habituados a tricotar depressa com botões. Para se ir longe em modos como o ranking on-line é imperativo dominar bem pelo menos uma personagem. Poderá parecer fácil aplicar três golpes de ataque através do quadrado, triângulo e círculo, combiná-los com o botão direcional do d-pad para um prolongamento desses ataques, ou então puxar do stick direito para projetar o adversário. O L1 faculta movimentos defensivos. E isto é ainda é só o básico.
Penetrar a fundo no jogo acaba por ser um processo moroso e exigente, ainda que por vezes fiquemos à beira de uma desorientação, já que tirando os golpes super ficámos algo perdidos sobre quais os movimentos mais eficazes ou quais os que infligem mais danos. É por isso que muitos jogadores poderão sentir-se tentados a premir os botões sem um mínimo de lógica e a seguir o pulso fervoroso do combate. Na verdade é uma estratégia possível para disputas entre novatos, mas quando chegar a hora de enfrentar os jogadores da velha guarda, sabemos como todos os movimentos são postos à prova. Para isso o tutorial geral e individual de cada personagem constituem sólidas ferramentas de aprendizagem e depois, prática.