Race Pro
Mantendo o ritmo certo!
A primeira tentativa da produtora escandinava Simbin para transpor as fronteiras do PC e almejar a vasta audiência em torno das consolas efectivou-se com Race Pro em forma de exclusivo para a Xbox 360. Longo tempo a trabalhar no desenvolvimento de autênticos simuladores e à volta de alguns dos mais apetecidos campeonatos europeus e mundiais do desporto automóvel, chegou a hora de romper pelo mercado das consolas, mais circunscrito e limitado nos interessados, mas fazendo chegar um jogo que se estende muito para lá do campeonato mundial de turismos da temporada de 2007.
Sem limitar o contacto dos veículos à categoria dos representantes no WTCC, carros abertos como os fórmulas contam com presença assegurada, renovando o pré GP2 conhecido como a Fórmula 3000 e ainda a categoria de ascensão Fórmula BMW. Entre Caterhams, Radicals (S3, S4), Dodge Vipers, Aston Martins e outros, num total reclamado de 350 carros, há uma vasta e apetecível gama de veículos verdadeiramente utilizáveis e suficientemente apetecíveis para assegurar uma desejável rotatividade. Dos criadores de GTR, GTR2 e GTR Evolution outra coisa não seria de esperar para Race Pro senão total empenho na física e sistema de condução dos veículos, com toda a envolvência que lhes é associada. De tal modo que à medida que há um afastamento das pistas e dos carros, para palmilhar a interface e o quadro de opções, concebidos ao mínimo e dentro daquilo que se poderia apelidar de material barato, se conclui que a especial preocupação dos produtores reside na experiência de condução.
Por isso, glamour, pompa e estilo à semelhança dos grandes salões de automóveis não encontram aqui grande paralelo. Posicionando-se numa categoria distinta dos “racers”, Race Pro preocupa-se com a sua audiência principal e enquanto que os jogadores mais preparados para a física exigente sentir-se-ão em casa logo após as primeiras provas, os adeptos provindos de Grid e até Burnout vão encontrar um título acessível, dispondo de um percurso assente sobretudo em três graus de dificuldade, balizados pelo maior ou menor grau de assistências de condução.
Olhando para os quadros de opções e selecção pouco mudou desde que vimos o jogo em Leipzig e se na altura Magnus Ling, produtor, compreendeu a falta de brilho e circunstância pelos quadros de selecção, adiantando que uns vídeos seriam adicionados, o acrescento maior, de lá para cá, acabou por ser mesmo a junção de um conjunto de repetições alusivas às provas do WTCC. Fraca apresentação, porém, não significa mau escalonamento dos modos de jogo e falta de informação em cada escolha. Aí muito pelo contrário, a acessibilidade e gestão das opções faz-se com normalidade, mas enquanto se espera pelo decurso das provas, os habituais e nefastos ecrãs de carregamento prestam aqui todo um trabalho preparatório.
Marchas adequadas para as curvas, dicas para ultrapassar os adversários, pontos nevrálgicos do circuito, a verdade é que não faltarão ocasiões em que vos peçam para pressionar o botão A e vão ignorar pura e simplesmente que o tempo de carregamento já se esgotou há muito tempo. Porque a verdade é esta, Race Pro é um jogo difícil e ultra competitivo quando jogado sob o ponto de vista de um profissional, algo que forçosamente obriga ao abandono dos assistentes de aceleração, viragem, travagem, linhas ideais de trajectória, entre outros, acrescentando o aliciante das mudanças manuais para dar uma maior sensação de domínio do veículo. Por isso cada curva tem de ser feita a uma velocidade específica, com determinada mudança engrenada e qualquer excesso, falta de ambição e medo para atacar o asfalto com facas nos dentes é suficiente para dar uma prova como perdida.
Pisando o asfalto no modo carreira, sempre à procura de contratos junto de equipas de categorias superiores e assim sucessivamente, só os Minis propiciam alguns momentos de descontracção e facilidade, totalmente vocacionados para uma adaptação rápida ao jogo assim como percepção imediata dos diferentes tipos de dificuldade. Joguem como se fossem novatos e à terceira volta até a fazem de olhos fechados. Em pouco tempo acabam por perceber que é uma forma algo batoteira de ganhar o jogo. Aumentem a dificuldade para profissional sem a trajectória ideal e com mudanças manuais e vão perceber, em pouco tempo, como Race Pro se posiciona como o jogo que exibe a física mais apurada e próxima daquilo que é a verdadeira condução dos carros de competição. Na passagem para os Caterham há toda uma diversão. Sente-se a vibração nas curvas prolongadas, instabilidade nos limites e uma reacção impulsiva ao acelerar para além das tendências sobre e subviradoras se chegam tarde a uma curva ou querem desenvencilhar-se dela muito antes do tempo para isso.
Delirante passagem pelas famosas e ensurdecedoras barchettas da Radical a experiência vociferante da simulação prossegue nos interiores dos carros de grande turismo para providenciar todos os detalhes de uma corrida realizada com a máxima atenção, ao ponto dos pretendentes aos lugares cimeiros serem os primeiros a ter que cumprir com rigor as trajectórias ideais e sempre a superar o ritmo. Porque enquanto que noutros jogos do género é fácil por vezes cavar uma diferença para os adversários e ampliá-la até ao final, em Race Pro o adversário mais próximo está sempre perto e atento para atacar num momento de menor rapidez ou trajectória mais alargada. A inteligência artificial é uma mais valia e assegura competição e emoção até à volta final, ainda que por vezes sucedam algumas batidas desnecessárias e empurrões para fora da pista mesmo quando a dianteira está consumada.