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Resident Evil: Revelations - Análise

O cruzeiro do mal.

Um regresso às origens, foi a esta a premissa que a Capcom usou para Resident Evil: Revelations. Depois de nos dois últimos jogos esta série com raízes Survival Horror ter escorregado para o género da ação, ainda que o tenham feito de uma boa maneira, a icónica companhia japonesa decidiu ouvir as preces dos fãs e pôs mãos à obra.

Uma nova plataforma e um novo começo, é o que caracteriza Resident Evil: Revelations. O regresso às origens prometido diz apenas respeito à atmosfera do jogo, porque no que toca à estória, alguém com pouco conhecimento dos outros jogos pode facilmente desfrutar de Revelations. O nome Umbrella não é mencionado nem sequer uma vez no decorrer do jogo, e os clássicos zombies foram substituídos por BOWs (Bio-Organic Weapons). O que resta dos primeiros jogos da série em Revelations são apenas as personagens, nomeadamente Chris Redfield e Jill Valentine. O restante elenco é constituído por caras novas.

Revelations continua a ser merecedor do nome Resident Evil que carrega no seu título, mas é na realidade como se fosse um spin-off, e não uma continuação. Colocar um número à frente do nome seria um absurdo. Se encararem Revelations nesta perspetiva, é uma experiência fantástica.

A estória gira em torno de uma cidade auto-sustentável no meio do mar, chamada Terragrigia, que um ano antes dos acontecimentos do jogo foi atacada por terroristas, resultando na sua destruição. Queen Zenobia, o navio onde decorre a grande maioria dos acontecimentos, será uma chave fundamental para descobrir os mistérios por detrás desse ataque.

Os bons velhos tempos regressam em Revelations.

Há partes do Queen Zenobia que se assemelham muito a uma mansão, que remete para o primeiro Resident Evil. Tal como a famosa mansão que deu origem à série, o navio está igualmente cheio de segredos e mistérios. Os seus corredores são hostis e nunca sabemos o que nos reserva a próxima esquina. De facto, Revelations consegue em alguns momentos criar receio, suspense e arrepios, os ingrediente que tanto faziam falta e que recebemos de braços abertos.

Para que não haja um conforto tão grande por parte dos jogadores quando chega a hora de enfrentar os BOWs, de forma a aumentar as sensações mencionadas anteriormente, foram feitas algumas alterações há jogabilidade. Atordoar um inimigo para chegar à beira dele e fazer um ataque corpo-a-corpo não é tão fácil como em Resident Evil 4 e 5, o que complicará as coisas quando houver escassez de munição. Em compensação, foi acrescentado um sistema para evitar os ataques dos inimigos. No momento mesmo antes do ataque acertar, carreguem frente para se esquivarem. Na dificuldade normal, acaba por não ser essencial, mas em "Hell" é uma mais valia.

É debaixo de água, em que nenhum arma funciona, que Revelations consegue criar maior desconforto e receio no jogador. Para além da preocupação com os BOWs que nos rodeiam, há que encontrar um local para respirar, o que poderá ser difícil em algumas partes dado o número de obstáculos de baixo de água.

Embora recupere o lado Survival Horror, Revelations aposta também na ação. Esta segunda faceta foi entregue a Chris e sobretudo às novas personagens, enquanto que Jill fica com faceta Survival Horror. Isto é perfeitamente notável no armamento das personagens. Jill começa sem qualquer arma, nem mesmo a faca, dando logo a sensação de vulnerabilidade, e terá que encontrar armas conforme for explorando o navio. As restantes personagens começam armadas até aos dentes.

Revelations mostra que a Capcom aprendeu com Resident Evil 5, decidindo afastar o modo cooperativo da campanha. Embora por vezes esteja presente uma segunda personagem, não há necessidade de preocupação com esta, pois é invencível. Houve uma tentativa para disfarçar este pormenor, isto é, os BOWs raramente atacam a segunda personagem, e nunca a veremos em apuros. Um pormenor interessante, é que apesar da segunda personagem disparar contra os BOWs, não é causado qualquer dano. Ou seja, só as nossas balas é que podem realmente eliminar os inimigos. Este aspeto poderá dividir opiniões. Por um lado alguns poderão achar que aumenta o sentido de survival horror e torna o jogo mais desafiante, enquanto outros poderão achar irreal e sem sentido ter um parceiro que nada faz.