Sega: ainda é mais forte que tu?
Do fim da Dreamcast à estabilização enquanto editora. Mercado das arcades e Yu Suzuki.
Shenmue, a série por cumprir
Yu Suzuki foi ainda a tempo de fazer o jogo de sempre para a Dreamcast; Shenmue, o projecto mais caro e dispendioso para uma consola da Sega, mas que gerou um entusiasmo e simbolismo especiais junto dos seguidores da consola. Com Shenmue 2 lançado pouco antes de se conhecer o fecho da produção da Dreamcast, jogadores de todo o mundo aguardavam pelo terceiro capítulo que remataria a série.
Mas à medida que o tempo foi passando as esperanças foram perdendo vigor e agora cada vez sobram menos dúvidas que se colocou um ponto final no assunto. Com Yu Suzuki afastado da vertente criativa retomar a continuação da série Shenmue, alargada às fronteiras da nova geração é praticamente uma impossibilidade e até sobre o desenvolvimento de Shenmue Online há muito que não chegam novas informações sobre o desenvolvimento do role-play online, pelo que o projecto corre sérios riscos de entrar em abandono.
Mas será despiciente julgar que Yu Suzuki faleceu enquanto criador de ideias. Para ele há muitos toques que ecoam na sua mente, projectando novas cabinas e soluções originais. Agora numa posição secundária dentro da Sega cercearam-lhe as margens de produção, mesmo quando em tempos anteriores, os custos dos projectos eram o principal óbice ao desenvolvimento. De todo o modo há bastante tempo que Yu Suzuki estava numa espécie de “stand by”, distante dos recentes lançamentos da marca. Se esta subalternização de uma das figuras mais proeminentes da marca permite recuperar alguns custos para enxertar novas séries rentáveis é algo que no imediato a Sega terá equacionado.
À procura de jogos com qualidade
Olhando para a história da Sega, não faltam momentos de recuperação, retoma e reposicionamento de algumas estratégias que ditaram a evolução no mercado das arcades e até dos antigos sistemas caseiros. Por isso é difícil que neste esquema de negócio certas séries possam ser fechadas definitivamente.
Enquanto editora estabilizada em termos mundiais, fortalecendo jogos de diversos géneros para as principais plataformas do mercado o assunto das consolas é um outro campeonato. E com todas as estruturas cada vez mais alargadas exigindo grandes avanços financeiros jamais a Sega voltará a apresentar um novo sistema pelo menos integrado nos moldes que funcionam na presente temporada.
Com o firme desígnio assinado juntamente com a Sammy em batalhar pelo lugar de proveitosa editora mundial na área dos videojogos e mantendo a estrutura de desenvolvimento do mercado das arcades, a Sega pós Dreamcast terá de superar ainda sérias dificuldades como a projecção de um Sonic com patamares de pleno agrado aos fãs, sendo que pela mascote ainda passa muito da imagem da marca.
A complicada situação financeira mundial funciona como outro entrave para o desenvolvimento de novos projectos internos e até dos estúdios sediados no continente. Mesmo assim o apoio mais recente dado a editoras independentes para distribuir House of the Dead Overkill e Madworld provam que a Sega aposta sobretudo no mercado ocidental para as plataformas da nova geração. O tempo das consolas e competição num mercado ultra competitivo integra hoje o palco das memórias e de infindáveis recordações.
Os fãs da Mega Drive, Saturn e Dreamcast ainda podem fazer a festa em casa. Por necessidade e de cara lavada, a Sega está cautelosa, mas com a energia de sempre para surpreender, empenhada no novo modelo de negócios, para quem sabe, fracturar daqui por uns valentes anos (nove de Setembro deste ano volta a ser especial, dez anos depois 09-09-09), é que, por regra, esta empresa anda uns anos à frente do seu tempo.