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Sega: ainda é mais forte que tu?

Do fim da Dreamcast à estabilização enquanto editora. Mercado das arcades e Yu Suzuki.

Para a Sega Sammy, o fecho de 100 espaços de arcades, na sequência de um número idêntico no ano passado (110) deixará a companhia a funcionar apenas sobre um sexto dos 1231 salões que detinha em 1993, aquele que é visto como período dourado dos salões. Como consequência do fecho dos espaços dedicados a Sega Sammy dispensou 560 trabalhadores no fim do mês de Março. Apesar do corte a Sega Sammy mantém a intenção de continuar a criar software original para as cabines.

Com o encerramento desses salões a empresa espera afectar para a produção parte do orçamento destinado à manutenção, qualquer coisa estimada em 20%. Num mercado condenado ao encerramento, a Sega permanece, apesar disso, apostada em manter-se no mesmo até à última gota de viabilidade e sobretudo proveitos.

Yuji Naka continua, Yu Suzuki perde influência

A versão para as consolas da next-gen ainda parece distante.

O “staff” ou grupo de criativos já não é constituído por uma equipa tão vasta de programadores com currículo no exterior, visibilidade e pendor na imediata transformação como sucedeu há uns anos. Yuji Naka permanece na Sega como um dos representantes dessa geração, pelas mais de duas décadas que dedicou atenção à sua empresa favorita. Responsável por um dos ícones e mascotes mais representativos da indústria – Sonic – continua a talhar e envolver-se em novos projectos ambiciosos, mesmo quando as recentes iterações da mascote Sonic não acolham a unanimidade entre os fãs.

Na perspectiva de uma presença mais activa dentro da Sega o mesmo já não se poderá dizer sobre Yu Suzuki, o produtor que permanecerá para sempre ligado ao desenvolvimento e ascenção das arcades da Sega durante a década de oitenta. Na semana passada, numa nota à imprensa da Sega Sammy, ficou-se a saber que Yu Suzuki retirou-se do papel principal de desenvolvimento que detinha dentro da Digitalrex, ocupando agora um cargo de menor relevo, distante dos lugares aptos para a produção de novos títulos.

É um produtor que recolhe uma especial simpatia diante dos fãs e conhecedores da marca. Na verdade ele é um perfeccionista das arcades, mais que isso, um interessado em criar uma boa cabina de jogos. Para ele a forma também interessa, como alguém que adquire um veículo ou uma casa e observa as linhas e arquitectura da obra.

Desde Super Hang-On, OutRun, até às séries Virtua Cop e Virtua Fighter e Shenmue, Yu Suzuki é um livro da história das arcades.

E o mais directo resultado dessa perspectiva perpetuou-se nas linhas da cabina de OutRun e até mesmo de Hang-On, o jogo dedicado à condução das motas de 500 cc que possibilitou um êxito rompante em plena rivalização com o Pole Position da Namco. Hang-On não só tinha um assento e toda uma estrutura similar à de uma mota de grande capacidade como oscilava para a direita e esquerda, favorecendo a interacção na negociação das curvas. Foi todo um êxito. Depois veio OutRun em 1986, a cabina que deixava os jogadores conduzirem um Ferrari Testarossa com uma beldade loura ao lado com opção para seleccionar as músicas da rádio.

Uma verdadeira surpresa: era assim que se conotava cada cabina que a Sega transportava para as arcades durante a década de oitenta e noventa. Yu Suzuki ganhava um espaço amplo de reconhecida produção, proporcionando altos lucros à empresa. Séries e cabinas como F355 Challenge, Virtua Cop, After Burner, G-Loc, etc, constituem um acervo de memórias, integrado naquele período dourado das arcades.