Passar para o conteúdo principal

Super Mario 3D World - Análise

A Nintendo tirou gatos da cartola.

Tal como sucedia em Super Mario Bros 3 e mais recentemente New Super Mario Bros, cada mapa é constituído por uma série construções miniatura, representativas do nível que irão percorrer. No começo de cada mapa mundo só um nível está disponível, pelo que até chegarem ao castelo onde se encontra aprisionada a Anafada e vigiada por um dos filhos de Bowser, terão que completar os níveis ao longo de um trajecto com ramificações. A grande novidade é a boa representação em 3D destes mapas. Neles também irão encontrar passagens secretas, blocos para quebrar, ganhar moedas e cogumelos 1 up. E sobre este mapa podem movimentar-se livremente, como se estivessem dentro de um nível.

A transição entre os mapas-mundo faz-se através dos mesmos tubos transparentes que descobriram no princípio e que reaparecem frequentemente noutros níveis, mas se quiserem ir directamente até outro mundo mais distante, podem aceder, em alternativa, ao ecrã do GamePad, tocando no ponto para onde querem ser transferidos. O detalhe e caracterização destes mapas é maior por comparação com New Super Mario Bros U, mas também constatamos que a sua apresentação toca alguns clichés. Ao verde típico dos primeiros cenários, segue-se a areia do deserto e o gelo do norte, passando pelas nuvens do sul e pela fortaleza de Bowser rodeada de lava. Por aqui poderíamos dar por assente de que os níveis disponíveis em cada mundo seriam iguais, à custa do tema ligado a cada um. Mas isso não acontece. Todos os níveis são jogos diferentes uns dos outros. Ainda que num ou noutro nível haja uma correlação temática, a maioria deles são puras invenções, todos diferentes entre si o que promove desde logo uma maior frescura e não a repetição da mesma ideia.

Acção a duplicar.

Mesmo assim, há semelhanças com 3D Land e até com os clássicos da linha Bros. Enquanto que em Super Mario Galaxy cada nível se completa com a recolha de uma estrela, aqui têm de trocar a bandeira Bowser por uma bandeira com o desenho da personagem que chega primeiro, sucedendo a uma rampa de lançamento que exige coordenação de saltos, ao bom estilo dos clássicos. Se acabarem o nível com o Toad ou for ele o primeiro a lá chegar é a bandeira com o seu desenho que fica hasteada. Contudo é desde a partida até à meta que 3D World mais se distingue do resto. Sendo seguramente um sucessor de 3D Land, rapidamente revela uma outra escala, algo perfeitamente natural se levarmos em conta a capacidade da Wii U e como esta plataforma, articulada com o seu comando, permite novas construções.

Uma das inovações mais importantes em 3D World é a possibilidade de quatro jogadores progredirem na mesma campanha. Até aqui isso só era possível nos jogos em 2D, na linha New Super Mario Bros., que começou na Wii. Este é o primeiro Super Mario em 3D a permitir que quatro jogadores possam partilhar a mesma experiência, em conjugação de esforços, de modo a não só vencerem o nível mas também descobrirem todos os segredos e passagens secretas existentes. No ecrã de selecção de personagens podem escolher entre Mario, Luigi, Peach e Toad. Mas as personagens não são todas iguais.

Para lá dos filhos de Bowser há outras criaturas que terão de superar.

À semelhança de Super Mario Bros. 2, cada uma das personagens possui uma diferente habilidade. Mario é a personagem padrão e o mais equilibrado. Sem o duplo e triplo saltos, a diferença opera-se através de movimentos especiais a partir de outras personagens. Com Luigi aos comandos é possível saltar um pouco mais alto, enquanto que Peach permanece algum tempo em suspensão durante o salto, à custa do seu vestido. Toad, o mais pequeno, tem como vantagem a velocidade extra. Ainda no capítulo dos movimentos, há algumas novidades. O rasto de poeira deixado pelas personagens acentuou-se e no momento em que a velocidade dispara surge uma faísca acompanhada por uma pequena sonoridade típica de um disparo que incrementa a corrida. Isto são meros detalhes e pormenores que podem passar despercebidos num olhar rápido, mas é algo de positivo quando se experimenta e que se junta ao que era já bom.

Rapidamente se descobre também uma maior largura e profundidade dos níveis como forma de acomodar até quatro jogadores. Isto não quer dizer que 3D World seja menos adequado a jogar individualmente por se detectar que certos espaços são amplos. Pode ser jogado e completado exclusivamente em single player como outro jogo da série, mas se em Galaxy ficámos com um pequeno dissabor por um segundo jogador poder apenas recolher a poeira das estrelas usando o Wii remote como ponteiro, é outra realidade ter a possibilidade de juntar mais três camaradas à demanda. Não há motivos para que a família não possa jogar. O GamePad é peça-chave, assim como os Wii remotes (com ou sem plus, com ou sem nunchuk), juntamente com o Wii pro, pois qualquer um destes acessórios pode ser usado a todo o instante.

Um Super Mario 3D não pode existir sem os itens transformadores. É através deles que cada personagem consegue atingir um estatuto especial durante um bom pedaço de tempo, contando para isso com poderes especiais. Eu diria que neste capítulo há dois novos itens verdadeiramente fenomenais, mas um deles supera claramente o outro e é até o que vai mais longe em termos de implicação na interactividade, que é o fato gato. O alerta para níveis colossais de fofura fica já dado. Vestindo a fatiota de gato, cada personagem rapidamente se transforma num bicho de quatro patas, desatando a correr e a trepar paredes usando as garras, ao mesmo tempo que desenvolve um tipo de ataque quando se encontra no apex de um salto. Os sons típicos de um gato estão lá, mas é a excelente animação, numa captura perfeita dos movimentos do felídeo e a sua interactividade, que tornam a utilização do item uma verdadeira especialidade e um exemplo de como a Nintendo concretiza tão bem os elementos mais inovadores.

Nível inteiro com sombras.

As capacidades que ficam disponíveis com o fato são maiores. Desde ataques, até à chance de escalar paredes, é um trunfo que permite alcançar plataformas que de outra forma seriam inacessíveis. Depois, os gatos apresentam diferentes cores. Por exemplo, Peach veste um fato rosa, enquanto que Toad se transforma num gato azul. Não há só uma doçura que daqui emerge mas também um humor evidente a partir da transformação, especialmente a partir do momento em que todas as personagens se transformam. Aliás, também existem Goombas gatos.

Por falar em humor, que dizer do Double Mario, conseguido a partir das cerejas. Assim que colhem o item, um Mario clonado fica disponível, fazendo parelha com o outro e emitindo os dois, ao mesmo tempo, um som de confirmação ao bom estilo dos Dupont et Dupont, do Tintin. Podem juntar um terceiro e quarto clones, que o controlo de um serve para os restantes. A cena é uma gargalhada e mais se acentua a partir do momento que ao controlarmos apenas um deles, todos os outros seguem na mesma trajectória e emitem os mesmos sons de salto, ecoando multiplicados, embora outros possam ficar presos em obstáculos quando a secção estreita. De resto, torna-se desafiante atingir plataformas distantes e atravessar secções arriscadas neste estado, embora seja uma mais-valia e uma protecção nos ataques contra exércitos de inimigos.