Superstars V8 Racing
Quem ganha a Gianni Morbidelli?
Por esta altura é capaz de andar no velho baú das vossas memórias a série Screamer desenvolvida pela italiana Milestone, sensivelmente em meados da década de noventa e que deixou resultados bem positivos. Nos tempos mais recentes, porém, a principal atenção verte sobre as duas rodas das categorias Moto GP e das Superbikes (SBK), pelo que é com bastante curiosidade que destapamos, por fim, a manta de Superstars V8 Racing, o jogo de carros de turismo de licença italiana que pega destaque a partir da engenharia V8 escondida debaixo do capôt.
E precisamente a partir dessa engenharia pode-se dizer que, sem grande bródio, a Milestone encontrou um argumento deveras plausível, convincente, bem paradigmático das competições de turismo e mesmo que V8 Racing ofereça muito pouco para creditar a história dos jogos dedicados aos automóveis como conhecemos, o compromisso mínimo para o fiel amante das corridas dos jogos está assegurado. E por dosear bem a força das corridas imediatas e acessíveis, a partir das quais qualquer um pode começar a ganhar, oferece por alternativa um desafio permanente quando se quer olhar de frente e por isso estão lá os parâmetros à espera de afinação, tudo explicado em textos mínimos mas bastante claros, que em pouco tempo servem de guia para afinar o carro de modo a tirar mais uns segundos ao crono, baixando a volta rápida para tempos competitivos.
Sem propaganda a Milestone foi directa às corridas, mesmo para um campeonato que não é de visibilidade mundial. Todavia o essencial e corpo das corridas do italiano Superstars segue bem representado, com pistas, nomes de pilotos, fotografias e vídeos da prova, automóveis e patrocinadores como manda a lei. Com as marcas de automóveis, porém, nem tudo está oficial. Os conhecidos Mercedes C-63 AMG, Chevrolet Lumina, Chrysler e Caddilac apresentam outra inscrição embora a grelha e a silhueta dos veículos não disfarcem as evidências.
Percorrer as opções de jogo faz-se com ligeireza e grande facilidade (os loadings são muito curtos), tendo sempre por fundo a imagem do carro seleccionado na boxe que nos pertence e que vai ficando mais completa em termos de objectos (monitores, computadores, fotografias, tapete para carro) depois de se acumularem êxitos sucessivos. Da vertente para jogador individual até às opção para vários jogadores em rede as opções ganham profundidade no fim de semana desportivo e campeonato. Com a habitual opção das corridas rápidas e treinos para conhecer uma pista (das dez presentes) o melhor é escolher um fim de semana desportivo e arrancar para um campeonato, o périplo que se faz ao longo de sete pistas com sede em Itália, rumando ainda a Valência, Portimão e Kyalami (África do Sul) num travo internacional.
As diferentes condições meteorológicas condicionam o andamento bem como a afinação geral do veículo. Neste caso os jogadores mais hardcore vão sentir-se particularmente interessados em mexer nos diversos sectores de afinação do carro para o ter a gosto durante a prova. Duas sessões de treinos, com meia hora para cada (é possível subtrair porções de tempo para aligeirar a sessão) antecedem a sessão de qualificação que ditará a ordenação da grelha para a corrida. Esta representa o ponto alto do fim de semana, podendo ser escolhido um número variável de voltas. Na verdade este esquema e formato acaba por ser bastante compensador. Quer nos treinos, quer na qualificação, os outros concorrentes partilham da pista para a sua volta rápida, pelo que há aqui toda uma envolvência e representação das provas bastante fiel.
Mas boa parte do mérito de V8 Racing está na possibilidade de modelar a experiência a gosto. Activem as ajudas, afastem o desgaste dos pneus e terão algo mais arcade. Cortem nas assistências, escolham uma caixa manual, pneus degradáveis, com uma dificuldade a tocar o hard e legend e terão de extrair as qualidades de piloto que vos são inatas para ultrapassar os adversários cimeiros e ganhar provas. Basta lembrar que uma má qualificação, que vos pode atirar para o último lugar, é suficiente para ficarem condenados à competição no fundo do pelotão. Nas dificuldades elevadas o ritmo dos adversários é muito alto, a inteligência artificial desempenha um bom papel e abre espaço para aqueles momentos em que os carros seguem durante largas curvas com pouco espaço entre si, sempre no fio da navalha.