Tales of Symphonia: Chronicles - Análise
Um clássico de culto.
Tales of Symphonia: Chronicles é um pacote que reúne num só um clássico de culto dos JRPGs e a sua sequela. Tales of Symphonia HD e Tales of Symphonia: Dawn of the New World estão aqui presentes neste pacote e assim sendo, esta é desde logo a melhor conversão para alta definição que esta anterior geração teve a oportunidade de me oferecer. Permite aceder a um jogo verdadeiramente raro que apenas existe em quantidade muito limitada na Nintendo GameCube, e exclusivo Japonês para a PlayStation 2, e à sua sequela sem qualquer custo adicional porque vamos ser sinceros, dar €40 para jogarmos Tales of Symphonia HD já por si só valeria a pena. Para os compradores PSN o jogo fica por €20.
O original GameCube é aclamado como um dos melhores exemplares que o Japão deu ao género e não é de admirar que a Bandai Namco tenha recuperado o jogo para a PlayStation 3 em alta definição. No entanto, a minha postura ingénua pré-lançamento fez-me acreditar que o produto seria da mais alta qualidade pois não haveria como falhar e o surpreendente é que Chronicles não é, injustamente, o produto que deveria ser, apenas um pequeno esforço que demonstra mais preguiça que empenho.
Chronicles apresenta o original na sua versão PlayStation 2 e não na superior versão lançada originalmente na consola da Nintendo, isto desde logo prejudica a qualidade do jogo. Para compensar temos vozes em Japonês e outros pequenos toques como varias introduções mas tal servem como tímidos mimos que de forma alguma vão compensar uma falha enorme no planeamento desta versão. Não contava de forma alguma que o jogo pudesse ser afetado negativamente por questões técnicas mas perante a qualidade do produto em si, tal é mitigado.
Tales of Symphonia transporta o jogador para o fascinante mundo e mitologia de Sylverant. Aqui existe um conflito entre raças que imprime regras específicas no comportamento das diferentes sociedades. Os habitantes deste mundo partilham a sua realidade com os Desians, raça superior com planos misteriosos e uma vontade de subjugar tudo e todos, o que nos coloca numa cenário de conflito social e ideológico. Loyd Irving, Collete, Genis e a sua irmã Raine vivem numa pequena aldeia chamada Isalia e quando a sua jovem inocência interfere com as duras realidades da vida, a sua coragem será testada.
Collete é a escolhida para regenerar o mundo e restabelecer o equilibro entre todas as criaturas vivas. A anterior escolhida não conseguiu cumprir a sua missão em pleno e agora a mana parece querer tirar a pouca estabilidade no mundo. Terá que embarcar numa jornada para salvar o mundo e a sua aventura cruza-se com a dos seus amigos quando o comportamento e atitude rebeldes e imaturos de Loyd mergulha Isalia na destruição. A partir daqui temos uma jornada magnífica que nos transporta para um mundo de pura fantasia que nos lembra um desenho animado.
Quando a equipa decide criar um novo jogo na série, começa com um conceito em mente, uma ideia que será central a todo ele. Tales of Symphonia foi criado como um "RPG que nos pudesse emocionar" e o mais importante que o jogo consegue é mesmo fazer com que o jogador crie simpatia com os personagens e se afeiçoe ao seu desenvolver ao longo do jogo. Isto é vital num jogo como estes e de engraçados desconhecidos, estes aventureiros vão-se tornar nos nossos melhores amigos cuja causa será a nossa. Traições esperadas e reviravoltas previsíveis, Symphonia tem uma boa trama central mas infelizmente poderá tornar-se um pouco aborrecida. Especialmente tendo em conta como inconsequentes alguns supostos momentos dramática os são.
"Tales of Symphonia foi criado como um "RPG que nos pudesse emocionar" e o mais importante que o jogo consegue é mesmo fazer com que o jogador crie simpatia com os personagens e se afeiçoe ao seu desenvolver ao longo do jogo."
Ainda assim, este é o fio condutor que liga toda uma gameplay que irá fascinar, mesmo 11 anos depois. Qualquer um que tenha jogado Abyss, Vesperia, Graces, ou Xillia conhece na perfeição a estrutura da série, o esquema de chegar a uma cidade, entrar em contacto com a sua realidade para descobrir onde está a próxima masmorra a passar e assim sucessivamente. A história tende a ficar para segundo plano, muito devido a sua qualidade mediana ou personagens com os quais não nós relacionamos, mas muito devido em grande parte ao espantoso sistema de combates que nos diverte tanto que esquecemos o resto.
Symphonia é, de certa forma, a origem desta estrutura e o perfeito exemplo de como regressar às origens nos mostra como tudo evoluiu. Apesar da estrutura de vai aqui para ir ali para depois acabar por regressar aonde já estivemos puder cansar a longo prazo, ou o facto que acabamos por querer saber mais do desenvolvimento dos personagens e não tanto da história principal, os combates e os visuais enriquecem de tal forma a gameplay que tudo se encaixa e os erros são perdoados e jogadores são conquistados.
Qualquer pessoa que tenha jogado qualquer um dos Tales of para a atual geração certamente encontrou sistemas de combate altamente convincentes. Fáceis de aprender, energéticos e dotados de alto ritmo, todos eles (uns mais, outros menos) presenteiam os jogadores com uma faceta do jogo verdadeiramente competente. Todos eles são versões evoluídas e melhoradas do sistema que nasceu aqui em 2003 e que dá pelo nome de Multi-Line Linear Motion Battle System. Podem acreditar que se na altura foi singular, hoje ainda é um autêntico mimo.