The Amazing Spider-Man 2 - Análise
Potencial desperdiçado.
Todos sabemos por experiência, que juntar um videojogo com uma licença de um filme não costuma dar bom resultado, e também todos sabemos, que raramente os jogos de heróis ou super-heróis têm a qualidade expectável. Não é por isso que deixamos de esperar o melhor quando um dos nossos heróis preferidos salta e invade o nosso media, e no caso do aranhiço, atá existiram bons exemplos no passado.
Não sou de saudosismos, e apesar de ser grande fã de Homem-Aranha, compreendo que cultura popular evolui com os povos e as sociedades, e por isso sou obrigado a aturar coisas como a transformação de Peter Parker num skater, Harry Osborn no duende verde “principal” ou o Electro num pirilampo.
A razão por que disse que existiram bons exemplos vem da minha experiência com Spider-Man 2: The Video Game, o da Treyarch. Nem me recordo bem dos eventos do jogo, nem sobre se seguiam fielmente o filme, o que sei, é que navegar de teia em teia pela cidade era excelente, foi o mais próximo que tive até hoje de cumprir uma das principais fantasias de infância.
Sim, fui ver o filme, e apesar de isto ter pouco a ver com o jogo, o filme é mau, mas pelo menos mostraram respeito pelo Homem-Aranha, com efeitos de topo e o tom de humor que nunca deveria ter abandonado o alter-ego de Peter Parker. Era basicamente o que esperava para o jogo, que fosse medíocre, mas espectacular de uma forma que nos fizesse sentir realmente na pele do Spidey.
O jogo é mal escrito e mal interpretado, nada de novo aqui. O problema é que também não foi nem um pouco polido, existem alguns problemas com o sistema de física, e a progressão é ligeira na melhor das hipóteses. Podia acabar aqui a análise e finalizar o dia, mas isso seria o meu carinho pelo super-herói a fazer birra. Claro que existem alguns elementos de interesse, nomeadamente o facto de oferecer muitos vilões característicos da banda-desenhada.
"Existem alguns elementos de interesse, nomeadamente o facto de oferecer muitos vilões característicos da banda-desenhada."
A apresentação tem a vantagem de se afastar do filme que está em exibição no cinema, a vantagem de começar com Peter Parker, e a desvantagem de se focar, mais uma vez, na história do assassinato do Tio Ben. Como se essa obsessão por dar contexto não fosse suficiente, o suposto assassino passa de um assaltante comum (como era suposto se manter), para um mega criminoso que o nosso herói tem dificuldade em encontrar. Foi mesmo essa a melhor forma que encontraram para nos introduzir à vida de Homem-Aranha?
Depois desse “tutorial”, a cidade de Nova Iorque abre-se num espaço aberto, e é mais uma vez aí, que nos sentimos mais próximos do aranhiço. O controlo do “swing” com as teias requer alguma habituação, já que temos um gatilho dedicado para cada lançador, e depois a lei da física garante que somos puxados na direcção respectiva.
Já não é possível colar teias em todo o lado, mas por alguma fórmula mágica podemos efectuar um “dash” repetidamente para a frente, mesmo que não haja grande coisa onde manter a teia presa. Estranho, mas essencial para ultrapassar o central park. Existem alguns momentos em que o corpo do herói se confunde com as estruturas em que embate, mas no geral, navegar é do mais divertido que fazemos no jogo.
O mais confuso no que respeita a estes momentos, são mesmo as animações que o Homem-Aranha faz depois de um “swing”. Digo confuso, porque o exagero de movimentos, que também usam no filme, umas vezes parece uma espécie de show-off (que me parece ser o objectivo), outras uma bailarina idiota, e outras um boneco de trapos ao sabor do vento. Digamos que cai no “uncanny valley” dos movimentos com demasiada frequência.