The Legend of Zelda: Skyward Sword - Análise
O herói que desceu do céu.
Sem necessidade de levantar da cadeira, estes golpes executam-se facilmente desde que tenham espaço livre ao redor dos ombros e o tronco erguido. Ideal para se estar num sofá, então. Porém, o mais fascinante é toda a composição estratégica. Através do gatilho do Nunchuck circunscrevem o ataque de Link a um dos inimigos. Estes defendem-se usando espadas e protegendo-se à esquerda, direita ou centro, causando um embate de ferro quando acertarem no ponto defensivo deles. Ataques mais fortes podem ser causados empunhando o escudo. De cada vez que levantam o Nunchuk Link ergue com vigor o escudo e atordoa os inimigos ao embater neles, podendo também fazer contra-choque dos ataques perpetrados pelos adversários. Abre-se assim uma brecha para desferir golpes sucessivos de espada com efeito. Haja de resto atenção ao escudo. No começo terão de usar escudos de madeira que se desgastam na defesa, podendo arder. A alteração para um escudo de ferro é a melhor solução, embora possam melhorar os vossos escudos no bazar em Skyloft onde encontrarão um especialista que a troco de objetos que tenham encontrado na viagem e de algumas rupees vos oferece um escudo mais resistente.
A quantidade de inimigos põe à prova o eficaz sistema de combate. As criaturas gelatinosas são desfeitas em pedaços que oferecem resistência obrigando a uma dose suplementar de cortes. A Deku Baba está mais mortífera do que nunca, mas tendo a boca espinhosa aberta, é dos primeiros adversários a pôr à prova a vossa capacidade de praticar golpes na horizontal e vertical. Os Stalfos e Lizalfos escondem outras particularidades ofensivas, sugerindo uma atuação mais cautelosa através de movimentos evasivos, principalmente dos Lizalfos cuja cauda é uma bola espinhosa que faz a vida negra a Link. Porém, os adversários também beneficiam de escudos defensivos e espadas afiadas que ao mínimo descuido do herói lhe roubam alguns corações de vida .
Em fases mais avançadas do jogo serão revelados inimigos duros e exigentes. Porém, o controlo de Link é tão eficaz e assumido pelo sensor, que sentimos uma firme resposta e imediata dos comandos. Com estratégia e cuidado é possível ganhar autênticos confrontos épicos. Por falar em "bosses" os primeiros ainda se vencem com alguma facilidade. Mais à frente irão proporcionar desafios bem duros, especialmente o vilão Lord Ghirahim, guardião das trevas, o antagonista máximo. Diferente de Ganondorf não deixa de exibir um fascínio e uma caracterização peculiar.
Outra nota inovadora em Skyward Sword é o desgaste a que fica sujeito Link quando entra em esforço. Ao trepar por raízes ou subir encostas em esforço, um círculo de resistência assinala o desgaste Uma vez vindo o círculo de resistência à fadiga, Link ficará temporariamente imobilizado, sujeitando-se a consequências nefastas. No caso em que está suspenso poderá cair no abismo e nas corridas em esforço poderá ficar vulnerável diante dos inimigos, sem grande margem de resposta.
Se o Wii motion plus possibilita claramente um patamar inédito na série em termos de eficácia e profundidade de combate no manuseio da espada, o mesmo sucede com os tradicionais objetos que vão entrando para a lista de equipamento utilizável. De todas as novidades, o mais badalado é o "Beetle" um inseto mecânico que é projetado e teleguiado temporariamente. Este acessório prova a sua utilidade ao permitir a descoberta de percursos e alavancas escondidas, podendo até servir de repelente aos inimigos. No fundo "desalavanca" alguns momentos complicados. O controle é perfeito através do MotionPlus. Mas haverá mais objetos como as já conhecidas bombas que podem ser arremessadas como se fossem bolas de bowling e ainda a fisga e chicote. Até ao final da aventura irão conhecer outros importantes objetos. Contudo, a nota dominante e comum aos objetos é o esforço dado pelos produtores em concretizar uma adaptação perfeita através do MotionPlus, merecedora de reconhecimento.
Arte gráfica fenomenal
"Skyward Sword é único e talvez o mais impressionante em termos artísticos e design."
Como já dissemos atrás, em termos gráficos Skyward Sword é único e talvez o mais impressionante em termos artísticos e design. É sabido que a Nintendo Wii acusa algum desgaste em termos de processamento por comparação com outros sistemas. Para dar a volta aos fundos e cenários que sem tratamento especial se mostrariam algo despidos e vazios (pensamos que seria algo como Twilight Princess), os produtores como que pintaram as paisagens e horizontes, num estilo impressionista que traz à memoria as obras do pintor francês Cézanne. Com este destaque e profundidade atribuído especialmente aos fundos, os artistas imprimiram uma frescura visual que transporta o jogador para um mundo transbordante, como que saído de uma tela, com secções muito coloridas e uma arte que impressiona. Dos templos, passando pelas áreas circundantes, Skyward Sword é um jogo belo e marcante.
O mesmo sucede com os protagonistas e personagens. Bem mais expressivos, contam com uma apresentação mais realista e dinâmica que lhes confere todo o tipo de emoções. Estados de emoção tão díspares como alegria e tristeza são alcançados de forma tocante e exemplar. Depois existem momentos de humor e romance que não passam despercebidos a ninguém, tudo servido por bons diálogos em texto, herança da série.
A música, habitualmente cumpridora de um papel decisivo na formação do jogo, desempenha um papel fulcral no decurso da narrativa. Com melodias dotadas de tocante musicalidade, Koji Kondo põe toda a sua capacidade em criar sons intemporais em Skyward Sword, com destaque para a harpa como instrumento musical essencial. Este jogo assinala a entrada de temas orquestrados que acentuam ainda mais o ritmo, conferindo uma dimensão maior e épica da obra, como sucedera aliás com Mario Galaxy. Num cruzamento de música sintetizada e orquestrada é um passo natural que resultou na perfeição em Skyward Sword.
Quando se podia pensar que há limites que se abeiram do poço criativo da Nintendo, a resposta nunca peca por tardia e The Legend of Zelda Skyward Sword é um produto revelador dessa transposição de fronteiras e imaginação. Sinal inequívoco da Nintendo em congregar o clássico com a inovação, este jogo vem entregar aos fãs tudo aquilo que podiam desejar para uma Nintendo Wii que sempre teve como acento tónico o controlo por movimentos. Skyward Sword combina tudo o que se quer nos videojogos. Suculento em termos interativos, nunca deixa o jogador só. Link conduz o grito de revolta e a espada, a Master Sword, representa o símbolo máximo do seu poder graças a um manuseio da espada levado a limites nunca antes atingidos. Demanda épica, Skyward Sword é um prazer em cada instante. A Nintendo repõe o herói na consola mais vendida da geração e que o justifica.